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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

ASTRONOMIA AMAZÔNICA

ANO 16***25/02/2022***EDIÇÃO 2034 Mais uma vez este blogue se tinta de luto: faleceu ontem minha prima-irmã Enilda Junges Lopes. Muitas evocações se tecem desde ontem, especialmente dos meus dois primeiros anos de Porto Alegre (1958 e 1959), quando morei na casa dos queridos tia Rosinha e Tio Arnaldo, pais da Enilda. Choro saudades. Um dos mais usuais fazeres de docentes envolvidos na pós-graduação é a participação em bancas. Estas são presente tanto na formação de mestres quanto de doutores, em dois momentos muito díspares: uma é a banca de qualificação (que sempre destaco como a atividade que tem o nome mais bem posto: pois é o momento que mestrando/ doutorando traz a banca uma proposta, que os membros da banca buscam qualificar). Há ainda neste fazer acadêmico duas outras situações: a defesa é de uma tese ou dissertação de é de orientando de quem somos orientador. Levarmos um orientando à defesa não é tão fácil, pois o orientador convalida a produção de seu orientando. Há ainda uma outra que somos convidados para um dos avaliadores. Temos que avaliar uma dissertação ou tese de mestrando ou doutorando, que estudou dois ou quatro anos um tema específico e temos duas ou três semanas para avaliarmos. Esta manhã participei de uma avaliação da Dissertação de Mestrado de Gleyson Miranda de Souza apresentada ao Programa de Pós-Graduação em ensino de Física, no Curso de Mestrado Nacional Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Em se tratando de um mestrado profissional o mestrando deve apresentar um produto. Na dissertação em tela narra-se a produção e aplicação de livro paradidático para o ensino de Astronomia Cultural: “Uma aventura pelos céus da Amazônia” A dissertação e o produto foram orientados pela Profa. Dra. Camila Maria Sitko Meira dos Santos. Estiveram comigo na banca os professores doutores da Unifesspa Cláudio Emídio e Maria Liduina. O trabalho apresenta reflexões que envolvem o ensino de Astronomia na Educação Básica, mais especificamente, a Astronomia Cultural. Há proposta de uma sequência didática e de um livro paradidático no contexto da Amazônia, que se refere às constelações indígenas. A temática do multiculturalismo faz parte dos Temas Contemporâneos Transversais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), assim como contempla a habilidade EF09CI15: “relacionar diferentes leituras do céu e explicações sobre a origem da Terra, do Sol ou do Sistema Solar às necessidades de distintas culturas (agricultura, caça, mito, orientação espacial e temporal etc.)”. Este trabalho apresenta atividades práticas de Astronomia, as quais consideram as diferentes formas de se interpretar o céu. O produto educacional foi aplicado a partir de uma sequência didática e o público-alvo foram 20 alunos do 9º ano do ensino fundamental da escola Tia Erica Strasser, localizada no município de Moju-PA. A sequência didática contou com a elaboração de 4 atividades práticas, incluindo a leitura do livro paradidático >“Uma Aventura pelos Céus da Amazônia”, aulas expositivas, uso do software Stellarium e atividades observacionais do céu a olho nu. Verificou-se que atividades como esta despertam a curiosidade dos alunos e contribuem para o processo de alfabetização científica, no entanto, ainda existem muitas barreiras a serem superadas, tais como a falta de recursos didáticos/paradidáticos apropriados, salas adequadas, ausência de computadores nas escolas, falta de formação adequada para os professores, entre outros fatores. Espera-se que o material aqui construído possa ser utilizado em outros contextos, por outros docentes, a fim de se explorar a área da Astronomia cultural na Educação Básica.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

CHORANDO POR PETRÓPOLIS

ANO 16***18/02/2022*** EDIÇÃO 2033 Já narrei aqui várias vezes: tão logo posto a edição semanal do blogue, de vez em vez, me assalta buscas acerca do que escrever na sexta-feira seguinte. Lembro sempre de uma pergunta recorrente de minha mãe: o que vou cozinhar amanhã (para dar de comer ao casal mais sete-filhos). O assunto desta semana é bi-catalisado pelo meu colega e querido amigo Messeder -- ou para ser mais reverente -- Prof. Dr. Jorge Messeder, coordenador do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências (PROPEC) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro IFRJ do Campus de Nilópolis. Eu estive apenas uma vez em Petrópolis, a cidade imperial que nos faz chorar mais de centena de mortos. Vivi, então, o privilégio de ter como cicerone o Messeder. Foram dois dias magníficos, nos quais a visitação do Museu Imperial foi a pérola da coroa. Outra dimensão do Messeder neste blogar: Estar escrevendo um texto, por sua solicitação, acerca dos diferentes momentos na História do Brasil da educação química. Depois de discorrer sobre a educação no Brasil colônia, no vice-reino do Brasil [Elevação do Brasil a Vice-Reino e término do Governo-Geral, com a mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763). A 27 de janeiro de 1763 foi à cidade do Rio de Janeiro é elevada a categoria de capital do Brasil], da vinda da família imperial, o destaque é o império com seus dois imperadores. Nesta parte do texto discorro acerca da Educação nos 67 anos de Império do Brasil: 07/SET/1822 -- 15/NOV/1889. Neste tempo temos: 1o Império (1822--1831) / as Regências (Período regencial é o decênio de 1831 a 1840 na História do Brasil, compreendido entre a abdicação de D. Pedro I e a "Declaração da Maioridade", quando seu filho D. Pedro II teve a maioridade proclamada.) / 2o Império (1840--1889). Antes de falar acerca da Educação nos 67 anos de Império, vale apresentar algo destes dois protagonistas. Dom Pedro 1o no Brasil (Dom Pedro 4o, em Portugal) (Queluz, 12/OUT/1798 – Queluz, 24/SET/1834), foi o primeiro Imperador do Brasil como Pedro 1o de 1822 até sua abdicação em 1831. Era o quarto filho do rei João VI de Portugal e sua esposa a rainha Carlota Joaquina da Espanha. Pedro viveu seus primeiros anos de vida em Portugal até que as tropas francesas invadiram o país em 1807, forçando a transferência da família real para o Brasil. Com a volta de João VI para Portugal, ficando Pedro no Brasil, como seu regente. Ele precisou se envolver com ameaças de tropas portuguesas revolucionárias e insubordinadas, com todas no final sendo subjugadas. Desde a chegada da família real portuguesa em 1808, o Brasil tinha gozado de grande autonomia política, porém a ameaça do governo português de revogar essas liberdades criou grande descontentamento na colônia. Pedro ficou do lado dos brasileiros e declarou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Foi aclamado como seu imperador no dia 12 de outubro de 1822. Dom Pedro 2o (Rio de Janeiro 02/DEZ/1825 – Paris, 05/DEZ/1891) foi o segundo e último monarca do Império do Brasil. Foi imperador durante 58 anos. Nascido no Palácio imperial de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, foi o filho mais novo do imperador Pedro e da imperatriz consorte Maria Leopoldina de Áustria. A abrupta abdicação do pai e sua partida para Portugal, tornaram Pedro o imperador com apenas cinco anos. Obrigado a passar a maior parte do seu tempo forte senso de dever e devoção ao seu país e seu povo. Por outro lado, ressentiu-se cada vez mais de seu papel como monarca. Teve a maioridade decretada para assumir o governo, fazendo do Império do Brasil potência emergente na arena internacional. A nação distinguiu-se de seus vizinhos hispano-americanos devido à sua estabilidade política e especialmente por sua forma de governo: uma funcional monarquia parlamentar constitucional. O Brasil também foi vitorioso em três conflitos internacionais (a Guerra do Prata, a Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai) sob seu império, assim como prevaleceu em outras disputas internacionais e tensões domésticas. Um erudito, o imperador estabeleceu uma reputação como um vigoroso patrocinador do conhecimento, da cultura e das ciências. Ele ganhou o respeito e admiração de estudiosos como Graham Bell, Charles Darwin, Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, e foi amigo de Richard Wagner, Louis Pasteur e Henry Wadsworth Longfellow, dentre outros. Dom Pedro II não permitiu nenhuma medida contra sua remoção e não apoiou qualquer tentativa de restauração da monarquia. O imperador deposto passou os seus últimos dois anos de vida no exílio na Europa, vivendo só. Algumas décadas após sua morte, sua reputação foi restaurada e seus restos mortais foram trazidos de volta ao Brasil em meio a amplas celebrações. Encerro este blogar que também chora com Petrópolis. Petrópolis significa a cidade de Pedro e a cidade é a de Pedro 2II. O sufixo polis, presente em dezenas de topônimos no Brasil, significa a polis grega ou a cidade. Assim temos por exemplo Teresópolis = cidade de Teresa; Florianópolis = cidade de Floriano (sabemos, com razões, a muito essa homenagem desagrada, e por tal a cidade carinhosamente de Floripa); Nilópolis = Cidade de Nilo Peçanha; O sufixo polis não é associado apenas em cidades: Higienópolis são nomes de dois bairros nobres de São Paulo e de Porto Alegre e os ditos bairros se dizem cidades da Higiene.Uma situação mais exótica é Ilópolis nome um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul, produtor de erva-mate. O nome deriva de Ilex paraguariensis (nome científico da erva-mate).

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O AGRO AGORA É PESTICIDA

ANO 16 ***11/02/2022 *** EDIÇÃO 2032 Nesta quarta-feira, 09 de fevereiro 2022, foi facilitada e ampliada possibilidades para termos venenos ou pesticidas na mesa dos brasileiros. A Câmara dos Deputados aprovou então um projeto de lei que flexibiliza o controle e a aprovação de agrotóxicos no país. Foram 301 votos a favor e 150 contrários, além de duas abstenções. O texto já tinha sido aprovado pelo Senado, mas voltará à análise dos senadores porque foi alterado pela Câmara. A votação do projeto não estava prevista para esta quarta-feira. A programação do plenário previa apenas a votação da urgência ao texto -- que foi aprovada por ampla maioria, por 327 votos a 71. O mérito da matéria foi colocado para debate em seguida, o que surpreendeu integrantes da bancada ambientalista. Assim, estava na pauta a urgência e não o mérito. “É preciso dizer que foi uma surpresa muito ruim", >manifestou-se a Frente Parlamentar Ambientalista. Até então, por exemplo, a decisão acerca do uso de agrotóxicos no país era decisão do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura e da Anvisa. Agora a decisão é apenas do todo poderoso Ministério da Agricultura. Outro detalhe, aparentemente irrelevante: os agrotóxicos passarão a ser nominados como pesticidas. O propósito é não macular a palavra agro, que mais recentemente se tornou um ícone salvífico do mundo dos negócios do (quase) DEUS Mercado. Agrotóxicos, defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas, biocidas, agroquímicos, produtos fitofarmacêuticos ou produtos fitossanitários são designações genéricas para os vários produtos químicos usados na agricultura. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define pesticida ou praguicida como toda substância capaz de controlar uma praga que possa oferecer risco ou incômodo às populações e ao meio ambiente. Podem, ainda, ser definidos como substâncias ou misturas de substâncias destinadas a impedir a ação ou matar diretamente insetos (inseticidas), ácaros (acaricidas), moluscos (moluscicidas), roedores (rodenticidas), fungos (fungicidas), ervas daninhas (herbicidas), bactérias (antibióticos e bactericidas) e outras formas de vida animal ou vegetal prejudiciais à saúde pública e à agricultura. Ajudemos a mudar as possibilidades de o Senado dificultar termos venenos ou pesticidas nas nossas mesas.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

PRÁ QUE(M) É ÚTIL O ENSINO?

PRÁ QUEM É ÚTIL O ENSINO? ANO 16 ****** EDIÇÃO 2031 edição provisória Este já é o primeiro blogar de fevereiro22. A primeira semana foi marcada pelo meu retorno às lives neste 2022. Estas são três. No dia 01, terça-feira, falei para professores de escolas de Guaratinguetá SP acerca de alfabetização científica: um direito universal. No dia 03/02, quinta-feira, na Universidade Federal de Viçosa MG, no Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas e Formação de Profissionais da Educação (GEPPFOR} a fala foi catalisada pelo livro Para que(m) é útil o ensino? e na noite desta sexta-feira falo na UNIFESP, em Diadema SP, acerca de Alfabetização científica: um direito universal. Hoje parece mais atual a afirmação que coloquei na portada do sexto capítulo do Para que(m) é útil o ensino?: Se a educação que os ricos inventaram ajudasse o povo de verdade, os ricos não dariam dessa educação pra gente (Frase que recolhi afixada em um cartaz, na Fundep/DER, em Braga, RS nos anos 1980). Dentre estes três eventos, destaco aquele da UFV, no qual a Profa. Dra. Rita Márcia Vaz de Mello foi a mediadora. Ela trouxe, entre significativas contribuições, uma entrevista, em 20016, a Eduardo Rosa para a ABEU/Associação Brasileira das Editoras Universitárias [www.abeu.org.br/]. Parece relevante recordar tempos pré-pandêmicos, quando nossos (a)fazeres eram tão díspares do agora, trazer a terceira das três questões destacadas na releitura da Rita, na noite desta quinta-feira. [Eduardo Rosa] Por fim, gostaríamos de saber o que ainda o impele a ser um professor tão atuante até hoje, mesmo com mais de 50 anos lecionando e com presença em diversas instituições de ensino. [achassot] Vou tentar trazer respostas a esta pergunta –- que tem sido muito recorrente ao professor que em 2018 se fará octogenário –- em duas dimensões. Numa sou o receptor das ações e em outra sou o doador. Tenho dito (e ainda escrevi recentemente no blogue que há ações –- como estar a quase cada semana em estado diferente do Brasil dando palestras –- que tonificam ou revitalizam meu ser professor. Metaforicamente é a dopamina que preciso para potencializar necessidades a um pleno funcionamento de meu cérebro. Envolvo-me há mais de cinco anos na REAMEC (Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática) em um (ex)(in)tenso voluntariado que inclui ministração de seminários nos estados amazônicos, presença em atividades docentes e orientação de teses doutorais. As semanas que não tenho viagem sinto uma abstinência ‘dessa dopamina’. A segunda dimensão à resposta desta pergunta está referida ao contexto onde está inserta esta entrevista: Associação Brasileira das Editoras Universitárias. Tenho brincado que se um dos critérios para um bom lugar no paraíso (que parafraseando Gaston Bachelard, deve ser uma imensa biblioteca) for o número de livros transportados, eu só perco para livreiros. Tenho orgulho de eu já ter disseminado livros em cada uma das 28 unidades da federação. Sinto-me um mascate levando sempre uma mala de livros. Posso dizer que para centenas de jovens brasileiros eu oportunizei ter um primeiro livro autografado. Não é sem a minha contribuição física que A Ciência é masculina? É, sim senhora! (Editora Unisinos) chegou a 8ª edição em 2017 ou que Alfabetização científica: questões e desafios para educação (Editora Unijuí) terá seu relançamento em Belém em junho de 2018. Devo dizer que de todos os livros que escrevi este é o meu preferido. Talvez porque desde a primeira edição, em 2000 os direitos autorais de todas edições são destinados ao Departamento de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Estas são as duas dimensões: numa sou o receptor porque o meu ser professor é revitalizado pelas minhas ações e na outra sou o doador, pois com o semear livros ensejo que meus leitores se envolvam na construção de um mundo mais justo.