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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

30.- Ecos soteropolitanos

Ano 6

SALVADOR

Edição 1884

Hoje esta edição estreia com mais uma cidade de postagem deste blogue. É a primeira vez que posto desde Salvador, Quando estive nesta cidade a última vez (2004) ainda não era bloguista. Vale referir que já houve edições baianas desde Jequié.

Dois preliminares importantes: quando encero aqui minha sétima viagem setembrina, primeiro vibro com uma gostosa oportunidade. A Gelsa chegou ontem à noite. Ela tem esta manhã uma banca no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e Historia das Ciências, da Universidade Federal da Bahia, onde a tarde também profere um seminário. Assim um de nós é convidado da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e outra da UFBA. Registre-se que esta gostosa (desejada, mas rara) coincidência ocorre sem qualquer conhecimento prévio de nossos anfitriões.

Segundo, um detalhe acerca do gentílico que está na chamada da edição: os habitantes de Salvador são ‘soteropolitanos’. Soterópoli[s], topônimo [nome helenizado da cidade de Salvador] + -ense) Assim, o adjetivo ‘soteropolitano significa> 1)‘Relativo a Salvador, capital do estado da Baía, no Brasil’ & . 2) ‘Natural ou habitante de Salvador’.

Dado a lume a esta soteropolitana abertura, esta edição que se constrói, como ontem, em de viagem, há respingos ainda da noite de quarta-feira em Curitiba. O primeiro uma correção: Rosane Rudnick escreveu: Querido prof. Atico Gostaria, novamente, agradecer sua “fala”... foi muito proveitoso, apesar do tempo que passou depressa demais. Espero que possamos ter outra oportunidade para ouvi-lo novamente. Para depois fazer uma significativa correção: Lendo o seu blog, percebi que se refere a mim, Rosane Rudnick dos Santos (coordenadora de Geografia), porém na foto quem aparece é a professora Rosana Capello, coordenadora de História. Errei, mesmo que tenha sido alertado da existência de dois quase homônimos. Rosane, só posso fazer uma promessa: no meu desejado retorno ao Bom Jesus, tiraremos uma foto juntos para uma edição do blogue. Rosane & Rosana, desculpas a uma e outra;

Não posso deixar de registrar pelo menos duas outras mensagens acerca da noite de quarta-feira feira – mesmo que isto possa significar pecar ela vaidade.

O coordenador do Ensino Religioso escreveu: Boa tarde, Sr. Attico, também memorável agradeço-lhe, em nome de todos os professores a sua generosidade em estar conosco e nos ilustrando com a discussão de vários aspectos relacionados as suas pesquisas e estudos. Ficamos muito contentes e hoje pela manhã os elogios e comentários eram de todos os professores que eu encontrei. Parabéns por sua história de vida dedicada aos estudos e às pesquisas, especialmente sobre a ciência. Caso lhe seja possível, gostaria de estar recebendo por e-mail o arquivo com os slides que esteve ontem partilhando conosco. Imensamente grato, Frei Claudino Gilz.

Do Coordenador de Filosofia 5º Ano - 8ª Série manifestou-se: Olá Professor Chassot! Sua palestra foi Maravilhosa. Não paramos de comentar sobre suas brilhantes indagações. Parabéns! Abraços, Isaias Silva.

Meus agradecimentos muito comovido a cada uma e cada um dos colegas do Bom Jesus. Tomara possamos continuar esta tão frutuosa parceria,

Retorno aos ecos soteropolitano. Cheguei. Às 10h30min à mí(s)tica Salvador com quase meia hora de antecedência. Isto teve quase uma consequência desagradável. O motorista da UNEB que devia me aguardar, não me esperava. Já tinha pago um taxi, quando encontro Carlos Duarte, em um canto, com um papel dobrado, onde diviso meu nome. Pude estornar o valor pago e levamos uma hora para chegar ao hotel. Este tempo foi curto para ouvir as histórias tórridas (mas também preocupadas) de Carlos, o recém-noivo.

No hotel, do qual agora na madrugada quando redijo está edição, diviso o Farol da Barra, era esperado pelo Prof. Rodnei de Souza da UNEB. O Rodnei, sempre me evoca um telefonema de minha filha Ana Lúcia, de quase há 10 anos: “Pai, tu estás no Orkut [que recém começava]?” “Claro que não, filha. Imagina!” “Estou vendo aqui!” Pois realmente havia/há no Orkut uma comunidade de Historia da Ciência Attico Chassot criada pelo Rodnei.

Minutos após a chegada, fomos a um restaurante típico perto da UNEB. Almoçamos e logo fomos a UNEB para uma muito frutuosa tarde onde fiz duas palestras promovidas pelo curso de Licenciatura em Química. Das 15h às 17h: Das disciplinas à indisciplina” das 17h30min às 19h: A Ciência é masculina? É, sim senhora! Mais uma vez recebi manifestações de carinho, alguns expressando satisfação pelo reencontro ao vivo com a bibliografia há muito estudada. Houve sessões de fotos e vários autógrafos.

Depois um retorno de cerca de uma hora ao hotel, amavelmente trazido pelo Rodnei. E, então, mais uma hora de espera pela sonhada chegada da Gelsa.

Esta manhã tenho a fala plenária do Salão de Iniciação Científica da UNEB. Vou falar de experiências com licenciaturas no Centro Universitário Metodista< do IPA com a pesquisa de saberes primevos e deles fazer saberes escolares.

Que este dia 30 de setembro – dia da bíblia para algumas denominações cristãs, por ser tia de São Jeronimo, que em A ciência através dos tempos apresento como proto-Gutenberg, por ter produzido a vulgata no século quarto – seja de uma feliz clausura deste setembro tão movimentado.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

29.- Da noite de ontem rede Bom Jesus, em Curitiba

Ano 6

CURITIBA

Edição 1883

Estou escrevendo esta edição quando a quarta-feira se transmuta em quinta-feira. Já houve muitas postagens de Curitiba, Algumas memoráveis. Além das estadas acadêmicas, ligo-me afetivamente a esta bela cidade, pois aqui mora minha querida irmã Tile (ora na França), meu cunhado Otelo e sobrinhos e sobrinhas e sobrinhos-netos. Mesmo sendo a segunda-vez aqui neste setembro, não sobrou tempo (pelo número reduzido de horas) para vê-los. Semana que vem passo aqui na quarta e quinta-feira, mas pelos horários será pouco provável alguma curtida familiar.

Redijo dentro da perspectiva de às 5 horas,, deixar o hotel para voar Curitiba/Guarulhos/Salvador. Não faz muito cheguei ao hotel. Onde passara, por cerca de meia hora, recém-chegado de Porto Alegre e a palestra no Colégio Bom Jesus.

É verdade que houve outra passagem traumática pelo hotel. Realmente a vida não é monótona. Fui esperado no aeroporto em São Jose dos Pinhais pela Professora Bárbara Ribeiro, consultora pedagógica da Moderna no Paraná.

A Bárbara levou-me à escola. Participei inicialmente de uma confraternização que ocorre nas últimas quartas-feiras de casa mês. A pedida setembrina eram saborosas panquecas. Terminado o ágape, algumas fotos.

Em uma estou com o Frei Claudino Gilz, um franciscano muito atencioso, que coordena o ensino religioso na Rede Bom Jesus, que tem uma forte marca da Mantenedora franciscana, Bárbara, da Moderna que patrocinou minha presença na escola e a Professora Rosane Maria Rudnick dos Santos, coordenadora da área de História. Na outra, Professor Isaias Silva, coordenador da área da Filosofia, quando ele eu estamos junto a uma tabela periódica no restaurante da escola.

Agora o momento mais trágico da noite. Quando subíamos ao auditório, dou-me conta que estava sem a pen-drive. Pânico. As sugestões: ‘da assim mesmo!’. Não as ouvi. A Bárbara me levou ao Hotel na hora do rush. Trinta preciosos ministros cortados de minha fala. Comprovei, como em Manaus, na última sexta-feira, que minha sabedoria está numa pen-drive.

A palestra Historia e Filosofia da Ciência catalisando propostas interdisciplinares correu bem, menos os minutos iniciais, onde estava muito tenso, pela minha trapalhada. Depois cerca de 40 professores, que já tinham lido o A ciência através dos tempos, numa parceria com Editora Moderna, aderiram a minha fala. Ao final as professoras Liziane e Ariadne ainda participaram de conversa para encerrar uma de minhas falas mais tensas, e, portanto, menos atrativas.

A Barbara e eu fomos celebrar a palestra e especialmente a maratona no trânsito curitibana com uma sopa, numa note com jeito de inverno. Encero, pedindo a cada uma e cada um de meus leitores se hoje, uma vez, mais este blogue se fez um diário de viagem. Ainda na noite de terça-feira, discutia com alunas e alunos que preciso contar nossas histórias. Se não fizermos, outros o farão. E contarão a sua maneira, Fiz a minha parte, contei de alguém que não soube falar sem ter uma muleta: uma pen-drive. Isto não precisava em minha história, mas...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

28.- Como ascender a um curso superior

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1882

Hoje esta edição se faz de Porto Alegre e amanhã mais uma vez de Curitiba. Já as quatro seguintes (quinta-feira a domingo) serão editadas de Salvador. Mesmo que já tenha postado mais de uma vez da Bahia – mais pontualmente de Jequié – a última vez que fiquei na capital foi em 2004, quando ainda não era bloguista.

Hoje à noite dou uma palestra a docentes da rede Bom Jesus em Curitiba, sob auspicio da Editora Moderna. Vou falar do quanto a História e a Filosofia da Ciência pode favorecer ações transdisciplinares (e porque não: Indisciplinares?).

Esta postagem é a primeira com meu notebook pós pane há uma semana em Manaus. O disco rígido perdeu-se e com ele todos os dados. Salva-me (não 100%) o backup. Controlo-me para não sofrer!

Mais de uma vez, ainda no dia 5, deste mês de setembro, bradei aqui contra a transformação da Educação em mercadoria. Trouxe, então, uma matéria: Uma mercadoria que engorda o capital: Ensino que corroborava a minha/nossa (ou pelo menos de alguns) indignação. Nos moldes de sites como Peixe Urbano e Clickon, que oferecem descontos em depilação ou jantares, empresas têm lançado páginas na internet em que o universitário consegue abatimento de até 80% na mensalidade.

Hoje trago de matéria ‘quase’ na mesma direção, assinada por Elvira Lobato e Antônio Gois e publicada na capa do “Cotidiano’ da Folha de S. Paulo.

Surgiu uma nova figura no meio universitário: o intermediário entre as faculdades privadas e os jovens trabalhadores de menor renda que se tornaram o principal público-alvo de algumas instituições.
Associações de moradores, líderes comunitários, ONGs e igrejas fazem parte da malha de captação de alunos. O fenômeno foi constatado pela Folha em bairros da periferia da Grande São Paulo.
As entidades intermediárias são remuneradas de duas formas: pelos alunos -que pagam uma taxa semestral ou anual para ter o nome incluído no cadastro para bolsas de estudo - e pelas faculdades, que chegam a pagar R$ 100 por matriculado.
As faculdades justificam a contratação da rede de intermediários dizendo que isso é mais eficiente e barato do que gastar com publicidade nas mídias convencionais.
Instituições de São Paulo como Uniban -recentemente adquirida pelo grupo Anhanguera-, Universidade de Guarulhos, UniRadial -ligada ao grupo Estácio de Sá-, Faculdade Sumaré e UniSant'Anna são algumas das que aderiram à prática.
Não há um padrão na contratação dos intermediários.
As faculdades mais agressivas recorrem a associações de moradores de comunidades carentes, contando que o futuro aluno poderá financiar 100% de seu estudo pelo Fies, do governo federal, ou por outras fontes de financiamento do governo de São Paulo ou privadas.
A Uniesp, por exemplo, contatou José Cecílio dos Santos, 43, presidente da associação de moradores do Jardim Boa Vista, na região administrativa do Butantã (zona oeste).
Neste ano, ele já encaminhou 200 candidatos para a faculdade, que remunerou a associação em R$ 100 por aluno matriculado. Além disso, a faculdade promete um notebook ao aluno que for aprovado no Fies.
Santos, que havia concluído o supletivo do ensino médio em 1998, matriculou-se em pedagogia e passou a divulgar a faculdade em outros bairros, como Freguesia do Ó, Vila Carrão e Itaquera. Hoje se apresenta como consultor de faculdades.
Outra liderança comunitária cooptada pela Uniesp foi Edna Loureiro, 54, do Jaraguá (zona norte). Auxiliar de enfermagem licenciada, hoje ela cursa pedagogia.
Edna indicou 160 alunos no ano passado, e mais 250 neste ano, mas diz que não recebeu pagamento por isso.

IGREJAS Igrejas evangélicas e ONGs católicas também tornaram-se captadoras de alunos. O Instituto Evangélico Pró-Educação anuncia convênios com quatro faculdades na capital: Sumaré, Mozarteum, Campos Elíseos e FMU.
Entre as ONGs, uma das pioneiras é a Educar para Vida, da Associação dos Trabalhadores Sem Terra, vinculada à Pastoral da Moradia e fundada pelo deputado estadual Marcos Zerbini (PSDB).
Ela é parceira de 18 faculdades, mas diz não ser remunerada por elas, apenas pelos alunos que encaminha para obtenção de bolsas de estudo, que lhe pagam uma taxa mensal de R$ 7.
Desempregada, a dona de casa Lindinalva Alves Araújo procurava emprego na creche em Morro Doce (bairro onde vive, zona norte de SP), quando a associação de moradores local lhe sugeriu entrar para a faculdade.
Ela se inscreveu no curso de pedagogia da Uniesp, no centro de São Paulo, contando que pagaria a faculdade com o financiamento do Fies.
A mensalidade é de R$ 632 e o valor do financiamento previsto para todo o curso, pelo crédito estudantil, chega a quase R$ 40 mil.
O aluno começa a pagar o crédito educativo um ano e meio após a conclusão do curso. No caso de Lindinalva, significará uma mensalidade de R$ 296 por 15 anos.
Um receio comum dos alunos ouvidos pela reportagem é não conseguir quitar o crédito educativo. A dívida é o que mais os assusta.
A reportagem encontrou alunos que declaram ter dificuldade até para pagar a passagem de ônibus. Alguns estudantes relataram ter faltado uma semana de aula por não poder pagar o ônibus, e sugeriram que o governo custeie as passagens.

AUTOESTIMA Marília Rangel, mãe de dois filhos, moradora de Cidade Tiradentes (na zona leste, a cerca de 35 km do centro de SP), passou roupa para terceiros, em casa, para conseguir o dinheiro da passagem.
Mesmo assim, ela se mostra orgulhosa de estar na faculdade. A melhora da autoestima e a da capacidade de expressão são apontadas entre os benefícios imediatos de estar na faculdade.
Valdecir Batista, vendedor em um supermercado do grupo Pão de Açúcar, também cursa pedagogia e diz ter sido estimulado a entrar para a faculdade pelo empregador.
A Folha constatou que a escolha do curso, na maioria dos casos, é feita em razão da oportunidade, e não por vocação. Andressa Dias dos Santos, 28, parou os estudos após ficar grávida, em 2000.
Como auxiliar de licitações em uma empresa de distribuição de medicamentos, descobriu que não tinha vocação para trabalhar em escritório, mas não sabia o que fazer.
Estimulada pela associação de moradores de Bom Jardim (região do Butantã, zona oeste de SP), fez o teste para o curso de educação física e espera se qualificar para prestar um concurso público.
A amiga Luíza Campelo, 39, desempregada, se inscreveu no curso de enfermagem e também sonha em ser funcionária do Estado ou da Prefeitura de São Paulo.
O pai, Manoelito Santos, 58, mestre de obras, decidiu cursar música ou matemática, contando também com o acesso ao crédito educativo.
Eleitor de Lula, ele atribui ao ex-presidente o ingresso da população de baixa renda nas faculdades.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

27.- Uma farsa na Câmara dos deputados


Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1881

Foi uma segunda-feira onde muito provavelmente tivemos um pico de visitas (quase duzentas visitas sendo cerca de 10% do exterior, destas a metade de Portugal). Certamente a manchete da chamada: Uma nova concepção para ensinar Ciências exatas, determinou atratividade nos buscadores.

Em mais de cinco anos como editor deste blogue diário, a edição de ontem ofereceu algo inédito: mais um mistério do blogger. Ontem pelas 19h pré-postei a blogada da segunda-feira. Primeiro ela saiu com data de 18 de setembro (daí o comentário do Jair, que respondi pensando que ele estava se referindo aquela edição acerca do desenho no ensino de ciências). Quando tentei corrigir a emenda saiu pior que o soneto. Ela assumiu a data de segunda-feira, mesmo que fosse 20 horas de domingo, com o horário 00:03, que elegera. Isto ocorre quando estou no exterior e me esqueço do fuso. Talvez seja por estar usando um notebook emergencial, no qual a pré-postagem esteja desregulada. Sejam estes nossos mistérios insolúveis.

Já que falei em mistério eis algo insólito, que teve repercussão em várias mídias e que merece espaço aqui, num relato de Josias de Souza, da sucursal de Brasília, da Folha de S. Paulo e publicado no último domingo:

Com dois deputados, comissão aprova 118 projetos na Câmara O portal oficial da Câmara na internet levou ao ar uma ata mentirosa. O documento falseia a lista de presença em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça.
Anota-se no texto que a comissão reuniu-se às 11h53 de quinta-feira "com a presença" de 34 deputados.
Falso. Havia em plenário duas almas: César Colnago (PSDB-ES) e Luiz Couto (PT-PB). Os outros 32 tinham apenas rubricado a lista.
O regimento da Casa exige o mínimo de 31 deputados para que a CCJ possa deliberar.
Os dois presentes tomaram os seus lugares. O tucano Colnago, na presidência; o petista Couto, no plenário.
Conforme noticiou "O Globo", foram aprovados 118 projetos em três minutos.
A ata, porém, omite a duração da sessão. Limita-se a registrar um resumo do que foi "deliberado".
As proposições foram reunidas em quatro blocos.
Em um, passaram 38 novas concessões para a exploração de emissoras de rádio. Em outro, foram renovadas 65 concessões.
Num terceiro, foram aprovados nove projetos de lei. No derradeiro, referendaram-se acordos internacionais.
Cada bloco correspondeu a uma encenação. Dirigindo-se ao ermo de um plenário reduzido à presença de Couto, Colnago dizia: "Os deputados que forem pela aprovação, a favor da votação, permaneçam como se encontram".
Na primeira fileira, Couto mantinha-se inerte.
E Colnago: "Não havendo quem queira discutir, em votação. Aprovado".
Após três minutos, ele encerrou a sessão. Voltando-se para Couto, que além de deputado é padre, Colnago, que fora auxiliar de sacristia quando menino, fez troça: "Um coroinha com um padre, podia dar o quê?".
Ouvido sobre o teatro, Colnago disse que as matérias eram de consenso e que o regimento da Casa prevê votação simbólica.

Depois de vermos, mais uma vez, como a Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado da República) oferecem repetidos episódios àqueles que defendem a inutilidade do poder legislativo, trago um convite muito especial, enviado por meu colega e amigo Éder Silveira, Doutor em História (UFRGS) e Professor da UFCSPA que esta abaixo. A ele se adita meus votos de uma muito boa terça-feira.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

26.- Uma nova concepção para ensinar Ciências exatas

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1880

É mais uma vez segunda-feira. O esplendoroso domingo de ontem, mitigou os seis dias passados em viagens, palestras e bancas. Agora é recomeças aqui. Hoje. aulas na Universidade do Adulto Maior – uma de meus mais desejados fazeres acadêmicos -- , que o feriadão sequestrou na semana e também o retorno; amanhã. Retorno, depois de duas semanas, às aulas de Conhecimento, Linguagem e Ação Educativa.

É a semana para despedir setembro e concluir as jornadas setembrinas com palestra na noite de quarta-feira em Curitiba e na quinta e sexta-feira voltar, depois de um tempo à Salvador.

Para iniciar a semana trago um texto que está na p. A3 da Folha de S. Paulo de ontem. Comecei a ler o texto, eivado preconceitos. Terminei aderindo à proposta do engenheiro paulista Paulo Blikstein, professor doutor da Escola de Educação e da Escola de Engenharia da Universidade de Stanford, com mestrado pelo MIT e doutorado pela Northwestern University (Chicago). Nome de referência na área, o dirige o Transformative Learning Technologies Lab de Stanford e presta consultoria em projetos educacionais nos Estados Unidos e em diferentes países em desenvolvimento, a começar pelo Brasil. Ele defende que “o erro é acreditar que a ciência e a matemática são pré-requisitos para a invenção; na verdade, são simultâneas a ela”.

Ao convite para a leitura de “Uma nova concepção para ensinar ciências exatas” adito votos de uma muito boa segunda-feira.

Nos Estados Unidos, dos 3,7 milhões que entraram na primeira série em 1984, só 20% declararam interesse em carreiras em ciências exatas na sétima série, e 4,5% se formaram nessa área. Agora, o governo americano percebeu o óbvio e tenta remediá-lo: a escola afasta os jovens das carreiras científicas.

O ensino de ciências exatas nos EUA, como no Brasil, é uma longa preparação para a graduação nessas áreas, ignorando que só 5% vão cursá-las. Fazemos dele uma aborrecida sequência de tópicos sem utilidade ou função cognitiva.

Os alunos nunca fazem ciência ou engenharia de verdade, nunca se aventuram em descobrir algo novo ou resolver um problema real; aprendem só o "básico", que, em grande parte, ignora os avanços científicos dos últimos 50 anos. O resultado é que 80% não se identificam com as ciências exatas já na sétima série - época em que se forma a identidade intelectual da criança.

Um novo tipo de currículo ao mesmo tempo beneficiaria os que não serão engenheiros, já que terão uma experiência positiva com as exatas e não serão adultos com medo de matemática, e aumentaria o número de crianças interessadas em carreiras nos campos da ciência e da engenharia.

O erro é achar que a ciência e a matemática são pré-requisitos para a invenção; na verdade, histórica e cognitivamente, essas disciplinas são simultâneas à invenção. A história da ciência mostra que ela não avança no vácuo, mas sim para resolver problemas reais. É esse o motor cognitivo e motivacional que move o inventor, o cientista e, é claro, o aluno.

Além disso, mesmo um "mau" aluno em matemática pode ser um ótimo engenheiro. A engenharia está cada vez mais próxima do design e mais longe do modelo calculista. Os computadores fazem a "matemática" da engenharia, deixando para o profissional o trabalho criativo. Os currículos mais avançados do mundo estão substituindo habilidades aritméticas e memorização por modelagem matemática e resolução de problemas complexos.

Nossas escolas têm quadras para as aulas de educação física e bibliotecas para estimular a leitura, mas não instituímos um lugar para ensinar invenção, tecnologia e criatividade. É preciso um espaço apropriado para tanto.
Em Stanford, criei o projeto FabLab@School: são laboratórios de invenção nas escolas, espaços permanentes, com professores especialmente treinados e materiais didáticos especializados.

Esses laboratórios contam com equipamentos de última geração, com a ajuda dos quais alunos criam projetos de engenharia e teorias científicas, colaborando com colegas espalhados pelo planeta. São lugares projetados para atrair todos os alunos, não exclusivamente os que já nutrem um pendor pelas ciências exatas.

O que escolhemos ensinar nas escolas é só uma parte do conhecimento existente. Teoricamente, ensina-se o que a sociedade acha mais importante, mas o que de fato sobrevive no currículo é o que é fácil de ser medido com provas e o que funciona com aula expositiva.

As vítimas são a ciência e a tecnologia, que só são devidamente aprendidas quando os alunos trabalham em projetos, fora da aula tradicional.
Se não percebermos que o que precisamos ensinar no século 21 não se encaixa nesse modelo, ficaremos prisioneiros dos conteúdos que são ensináveis dentro dos limites dele - como algoritmos de aritmética hoje tão úteis como saber ler um relógio de sol.

Sem um lugar e alguns cursos especiais para a invenção e a criatividade, não se desenvolve o entusiasmo pela engenharia. E sem ele, há pouca esperança de que tenhamos mais engenheiros no século 21.

domingo, 25 de setembro de 2011

25.- No primeiro domingo de primavera

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1879

Esta é uma blogada dominical com uma destas deve ser: Cumprir agenda e nada de muito texto. Penso que pelo menos para aquela que, talvez seja minha única leitora de Maravilha – a maravilhosa cidade do Oeste catarinense –, esta leitura é usual antes de se dirigir o culto, A propósito, se até Deus descansou no sétimo dia, descansemos também aqui neste espaço.

Este domingo é de celebração da uma primavera recém-iniciada. Dia muito bom para curtir a Morada dos Afagos, especialmente o espraiamento da parreira neste entre viagens.

Na recordação de viagens Manaus ainda aflora muito forte especialmente pelas provas de acarinhamentos amealhadas. Recebi mensagens de duas colegas que nos quatro dias manauaras foram muito próximos. As professoras doutoras Irecê Barbosa e a Josefina Barrera Kalhil. Aquela preocupada que deixei o evento sem almoçar; Irecê sai alimentado pelo carinho de tantas pessoas que posso ser faquir por uns dias. Esta que não nos despedimos, antes de eu viajar; Josefina, levei tua fala do final do evento (e tu recordas o que destaquei na análise que fizeste) como despedida.

Ainda de Manaus algo que me alegrou. Encanta-me quando vejo os menos aquinhoados deixando de pertencer ao MS@ (Movimento dos Sem Arroba = os que não têm correio eletrônico). Quando tomava o último café no hotel, vi a senhora que preparava as omeletes, em um momento de folga, lendo maravilhada para um colega, em seu telefone celular, um correio eletrônico (aquele que muitos recebemos acerca da coincidência deste ano na data de 11/11/11 e que se pode dai inferir o ano de nascimento, com determinadas operações aritméticas). Esta cada vez maior inclusão digital é sinal de novos tempos.

Ainda um registro de meu sábado

um tanto ressacoso. Foi muito gratificante falar

numa tarde cinzenta de sábado – que convidava mais para uma sesta do que para palestra -- para cerca de 200 educadores que participavam III Jornada Pedagógica de Matemática do Vale do Paranhana no lindo campus das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat). Sou muito grato a Professor Zenar Pedro Schein pelo convite e também pala fidalguia com que me recebeu. As duas fotos recordam a palestra. Foi também frutuoso dar uma entrevista para a Simone acerca da presença de mulheres na história da Matemática.

Acerca da estada na Faccat impera que registre algo de minha viagem de ida e volta levado de uma maneira confortável e segura pelo Juliano Soares de Lima. Uma instituição que tem um Relações Públicas como o multifuncional Juliano é privilegiada. Ele fala com segurança sobre a história e as metas da Faccat que termina por nos envolver.

Que o domingo primaveril seja curtido. Aceno de lermos aqui quando for, uma vez mais, segunda-feira.

sábado, 24 de setembro de 2011

24.- De novo em Porto Alegre.

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1877

Retornado à Morada dos Afagos. Esta foi uma viagem extensa. Parti na segunda-feira e cheguei quando o sábado já iniciava. Prefiro as jornadas menores.

Na viagem de retorno acredito ter amealhado um novo recorde pessoal: em nove horas estive em seis capitais brasileiras e fiz nesse período cinco decolagens e cinco pousos: Manaus / 65 min / Porto Velho / 90 min / Cuiabá / 30 min / Campo Grande / 65 min / Curitiba / 55 min / Porto Alegre. É fácil inferir quantos copos de suco e pacotinhos de bolachinhas consumi. Nestes micro-trechos também se tem poucas oportunidade de dormir. Li partes muito boas do último livro do Richard Dawkins “O maior espetáculo da terra” (resenha prometida para um futuro sábado) e na parte final tive uma interessante conversa com um empresário que já esteve envolvido na produção de 35 mil pares de sapatos por dia e que a concorrência chinesa transformou em produtor de 50 mil sacas de soja anuais no Mato Grosso do Sul.

Mas o setembro de peregrinar prossegue. Esta tarde tenho a quinta das sete viagens setembrina. Hoje, vou e volto (em uma vigem rápida de 2 x 70 km, oposto do que a que recém encerrada) à Taquara para fazer a palestra de encerramento da III Jornada Pedagógica de Matemática do Vale do Paranhana que iniciou em 22, no campus das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat). O tema do encontro deste ano é “A Modelagem Matemática como Recurso Metodológico na Formação de Educadores e Educandos”. Na minha fala “A ciência é masculina? É, sim senhora!” destacarei Hipácia, a matemática neo-platônica, estrela feminina solitária no universo masculino da Ciência.

O encerramento de minha extensa jornada manauara merece um registro: Às 7h30min já deixei o hotel Da Vinci, onde 4 dias nos faz familiar com os funcionário. Já estava bo carro da Universidade Estadual do Amazonas, mais uma vez conduzido pelo atencioso João, quando veio um funcionário despedir-se.

A manhã foi na Reitoria da UEA destinada ao encerramento do I Simpósio de Ensino de Ciência da Amazônia. Primeiro houve uma mesa-redonda: Os espaços não formais e a divulgação científica como subsidio para a educação em ciências” minha substituição da apresentação de “Os blogues como artefatos culturais pós-modernos para fazer alfabetização científica”, que perdi com a pane de meu computador na quarta-feira, por “Como transformar saberes primevos em saberes escolares” foi festejada por alguns participantes, pois este assunto dizia acerca de suas pesquisas em dissertações de mestrado. Mais três colegas participaram desta mesa coordenada pela professora Irecê Barbosa.

Em um segundo momento o professor Roberto Nardi (UNESP – Bauru) apresentou pesquisas acerca de pesquisas sobre História e Filosofia da Ciência. Uma atividade musical encerrou o encontro.

Ao final, antes de quase na corrida partir para o aeroporto, recebi muitas manifestações de reconhecimento e carinho. Esta manhã, leio na abertura da página da UEA, entre outros comentários acerca de minhas falas: “Segundo a professora e aluna do curso de mestrado, Marlucia Ferreira de Melo, 43, a Literatura de Chassot é obra obrigatória dentro das salas de aula. “Todos os alunos conhecem pelo menos uma obra dele. Suas obras respaldam os embasamentos teóricos. E é importante termos uma personalidade como Chassot viva e compartilhando conhecimento.”

Ainda no aeroporto o Osimar – um biólogo que foi meu muito competente livreiro – enquanto me ajudava com o transporte dos peixes, manifestava quanto meus livros são significativos em seus estudos de mestrado.

Como tenho ainda que ver assuntos de minha fala da tarde e ainda não estou familiarizado com o computador que a Clarissa e o Carlos me deixaram para cumprir mais uma emergência, vou pular hoje a resenha sabática. Um muito bom sábado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

23.- Um tchau (ou, um até breve) à Amazônia

ANO 6 ***SEXTA-FEIRA*** M A N A U S ***23/SET/2011** 1877
Este é meu dia de despedir Manaus. Parto no começo da tarde, para ~~ queiram os deuses ~~ estar na borda do sábado em Porto Alegre. Antes de contar acerca da fruída quinta-feira, uma prévia do que deve ocorrer com uma apresentação que tenho na abertura da manhã de hoje.
Estou, com mais cinco colegas na mesa-redonda: “Os espaços não formais e a divulgação científica como subsidio para a educação em ciências” preparara para meu segmento uma bem elaborada apresentação “Os blogues como artefatos culturais pós-modernos para fazer alfabetização científica”. Ocorre que com a pane sofrida pelo meu notebook na pretérita quarta-feira, não sei se esta apresentação ainda existe.
Assim, vou me reportar a dois momentos de minha fala da abertura: O primeiro a defesa da indisciplina, e, mais uma vez, não vou cumprir o script. O segundo, disse, e isto pareceu jocoso ao auditório, que a minha sabedoria esta garantida por uma pen-drive; tentei recuperar a fala, mas não tinha nem um indez para começá-la. Também, não tive tempo para uma nova produção. Assim, esmo que possa ser considerado um trânsfuga, pareceu-me válido trazer, uma parte da fala que fiz no último sábado em Uberlândia: “Saberes primevos fazendo-se saberes escolares”. Mesmo que os blogues estejam mais dentro do assunto, certamente a apresentação que encontrei numa pen-drive, será “mais útil”. Antecipadamente, espero absolvição.
Minha quinta-feira começou cedo. Fui, com o Eduardo, a um mercado, comprar peixes para levar. Adquiri um tambaqui de bom tamanho, cerca de 4 kg de pirarucu e três tranchãs.
Cheguei a tempo de assistir a palestra do Prof. Dr. Olival Freire Junior (UFBA e do MCT), “A Ciência na transição do século: conceitos, práticas e historicidade” que aproveitei muito.
Antes da mesa-redonda tirei dezenas de fotos numa saborosa tietagem e autografei os últimos dos 65 livros que trouxe [agradeço reconhecido a dois mestrandos que se envolveram nas vendas: Osimar e Aldalúcia (esta já tem uma lista de encomendas de vários títulos que faltaram)].
A mesa redonda “Por um Currículo para a educação cientifica: possibilidades e limites” que teve como expositores os professores doutores: Olival Freire Junior (UFBA), Yuri Exposito Nicotti (UFAM), Amarildo Menezes Gonzaga (UEA/IFAM) e Josefina Kalil (UEA) foi muito proveitosa. Nos debates usei da palavra para trazer duas contestações.
Após almoçar com um grupo de colegas atendi a convite da Dra. Maria de Fátima Vieira Novak, conduzido pelas professoras Ana Claudia e Irlane, visitei o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
O IMPA (criado em 1952 e implementado em 1954) ao longo de cinco décadas, vem assumindo responsabilidade crescente na tarefa de produzir conhecimento, estabelecendo um compromisso com o desenvolvimento sustentável, a defesa do meio ambiente e de seus ecossistemas, expandindo os estudos sobre a biodiversidade, a sociodiversidade, os recursos florestais e hídricos. Atualmente, o INPA é referência mundial em Biologia Tropical.
Órgão da Administração Direta do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia / INPA - foi criado com a finalidade de realizar o estudo científico do meio físico e das condições de vida da região amazônica, tendo em vista o bem estar humano e os reclamos da cultura, da economia e da segurança nacional. Sua missão é gerar e disseminar conhecimentos e tecnologia, e capacitar recursos humanos para o desenvolvimento da Amazônia. A Dra. Maria de Fátima coordena o Projeto de Formação e Capacitação Continuada do Programa Ciência na Escola. Fui convidado a participar do projeto como consultor, que implica em visitar inclusive o interior do Amazonas. Valeu muito conhecer um pouco o INPA e saber um pouco mais dos amazônidas.
Assim, nesta quarta e última edição de Manaus ~~ que como a de ontem tem limitações pela falta de meu notebook (até reusar mouse exige aprendizados ou impossibilidade de editar fotos) ~~ expresso o meu agradecimento a dezenas de pessoas que me acarinharam nestes dias. Personalizo no Eduardo Segura, meu anjo da guarda manauara, a minha gratidão a cada uma e a cada um.
Amanhã nos lemos de Porto Alegre, provavelmente com a dica sabática de leitura. Até então.

22.- Vencendo frustracoes

ANO 6 ***** M A N A U S **** 1876



Minha quarta-feira amazônica não foi trivial. Fui a Universidade Estadual do Amazonas para assistir a primeira atividade da manhã: a palestra do Prof. Dr. Alfred Sholl-Franco, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho / UFRJ. Aprendi bastante. Ainda no café, no hotel tive com Alfred um excelente papo acerca de nossas convergências na fala que fizera véspera.

Não fiquei para a mesa-redonda que se seguiu, pois queria dar retoques finais nos textos que preparava para as duas bancas da tarde. Chegando ao hotel encontrei o meu colega Prof. Dr. Olival Freire Jr. Do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e Historia das Ciências. Conversamos um pouco; não nos víamos há anos. Chegara o momento desejado de concluir os pareceres e... o notebook, talvez não resistindo as maratonas que seu dono o submete, resolve não operar. Primeiro, pensei que tudo não passaria de mais um dos muitos sustos que transformam a frase “Plug and play”em “Plug and pray”, mas o susto se transformou em (quase) desespero. Volto a UEA.. A profa. Dra Josefina Khalil convidou ao Olival e mim para comermos pirarucu, acompanhados de dois de seus orientandos Jorge e Ataiane. O peixe estava excelente, mas minha esperança era o CPD da UEA.
Começa a primeira das bancas (fico sabendo que o CPD não tem solução para meu computador). O professor David Xavier da Silva faz a apresentação do seu projeto de dissertação orientado pelo prof. Dr. Augusto Fachin Teran: Processo de educação cientifica a a partir de atividades de conservação de quelônios amazônicos em comunidades ribeirinhas do Baixo Amazonas. Sou o primeiro a avaliar. Meu parecer jaz sepultado em um HD que me dizem queimado. Se tivesse salvo em uma pen-drive. (Quase) dói conta do recado. A profa. Dra. Evelyn Lauria Noronha, endossa minha fala.


No intervalo entre as duas sessões o Eduardo Segura, meu anjo da guarda aqui, me oferece um notebook até sexta-feira e a Clarissa me garante um ao chegar em Porto Alegre.


Começo a segunda banca mais tranqüilo. O professor João Marinho a Rocha, também orientando do Prof. Fachin apresenta sua proposta: Programa manejo de quelônios amazônicos “pé-de-pincha”: articulando a educação científica em comunidades rurais do baixo Amazonas. Aprendo que quelônios das duas propostas são tracajás ou “animais de casco” e pincha é tampinha de garrafa e são chamados pé de pincha, porque deixam no solo marcas com de tampinhas de garrafa. Mais uma vez tenho a primeira intervenção Segue-se a avaliação da Profa. Dra. Irece Barbosa. Ambos os mestrandos recebem da banca sinalizações para prosseguirem dissertações.


Não sem dificuldades operacionais redigi este blogue, como se pode ver nesta edicão. O teclado do computador do Eduardo e estou sem os meus textos de auto-correção. Uma sequência 1874 edições não se interrompe tão fácil. Amanhã tem mais. Que a quinta-feira seja a melhor.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

21.- Ensinando e aprendendo na Amazômia

ANO 6 ***** M A N A U S **** EDICÃO 1875


Vivi ontem o meu primeiro dia desta jornada amazônida. Esta imensa porção do Brasil, em anos mais próximos, tem sido um lócus privilegiado de minhas aprendizagens. Depois daquele mês em Porto Velho em 1975, quer referi ontem, mais recentemente estive no Pará, Rondônia, Roraima e agora mais uma em Manaus. Há uma clara sensação que mais aprendo aqui que ensino.


Pela manhã, já no café aprendi sobre frutas e iguarias desconhecidas: comi biriba e acerola, caju e carambola, que não pertencem ao meu cotidiano; deleitei-me com mungunzá, mingau de banana e batata doce. No almoço apreciei filé de pirarucu grelhado e feijão preto com farofa.


Ontem visitei, mais uma vez, graças a atenciosa fidalguia do Eduardo Segura o muito lindo Teatro Amazonas. Meus amigos belenenses exigem que eu recorde que é também o segundo maior da região da Amazônia, superado apenas pelo Teatro da Paz, em Belém do Pará. E que eles não me leiam, que não tem a riqueza nem a beleza deste manauara.



Eis o que me escreveu esta noite o professor Guy: Manaus também é a capital operística do Brasil. Apresenta todos os anos uma qualificada temporada operística, com grandes montagens de renomados diretores e cantores de alto gabarito. Tudo isto no Teatro Amazonas, um dos melhores do mundo.



Eis um pouco do muito que aprendi num tour guiado de cerca de uma hora que o Eduardo e eu fizemos. É difícil descrever a beleza, mas trago alguns detalhes.



O teatro Amazonas, inaugurado em 1896, é uma das expressões mais significativas da riqueza da região durante o Ciclo da Borracha. Este converteu cidades amazônicas em prósperos centros econômicos e culturais.



A história do Teatro Amazonas inicia-se em 1881, quando o deputado A. J. Fernandes Júnior apresentou o projeto para a construção de um teatro em alvenaria, na cidade de Manaus. A proposta foi aprovada pela Assembleia Provincial do Amazonas, e começaram as discussões a respeito da construção do prédio. Manaus, que vivia o auge do ciclo da borracha, era uma das mais prósperas cidades do mundo, embalada pela riqueza advinda do látex da seringueira, produto altamente valorizado pelas indústrias europeias e americanas. A cidade necessitava de um lugar onde pudessem se apresentar as companhias de espetáculos estrangeiras e a construção do teatro, assim, era uma exigência da época.



O projeto arquitetônico escolhido foi o de autoria do Gabinete Português de Engenharia e Arquitetura de Lisboa, em 1883. No apogeu do ciclo da borracha, a construção tomou impulso. Foram trazidos arquitetos, construtores, pintores e escultores da Europa para a realização da obra. O teatro foi finalmente inaugurado no dia 31 de Dezembro de 1896.



A sala de espetáculos do teatro tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a



plateia e os três andares de camarotes. No Salão Nobre, com características barrocas, destaca-se a pintura do teto, denominada "A Glorificação das Bellas Artes na Amazônia", de 1899, de autoria de Domenico de Angelis. Destacam-se os ornamentos sobre as colunas do pavimento térreo, com máscaras em homenagem a dramaturgos e compositores clássicos famosos, tais como Ésquilo, Aristófanes, Moliére, Rossini, Mozart, Verdi e outros. Sobre o teto abobadado estão afixadas quatro telas pintadas em Paris pela Casa Carpezot - a mais tradicional da época -, em que são retratadas alegorias à música, à dança, à tragédia e uma homenagem ao grande compositor brasileiro Carlos Gomes. Do centro, pende um lustre dourado com cristais, importado de Veneza, que desce até ao nível das cadeiras para a realização de sua manutenção e limpeza.



À noite, por quase duas horas falei na sessão solene de inauguração do Simpósio de Educação em Ciências na Amazônia. Comportei-me indisciplinarmente na condução de alteração da proposta de fala recebida, como antecipei na edição de ontem. Tive um auditório atento de mais de 200 pessoas que aplaudiu muito ao final. Autografei cerca de meia centena de livros e tirei inúmeros fotos e recebi muitos que se diziam meus leitores há muito e que agora me conheciam pessoalmente.



Antes da palestra, dei uma entrevista a uma jornalista de um diário local e após a TV Amazonas, cujos repórteres e câmera manifestaram que gravaram e assistiram à palestra e a apreciaram. O mesmo falou o mestre de cerimônias. Lembrei-me de uma frase que se diz atribuída a Rutherford: “Uma palestra é boa se seu motorista a entender.



Esta manhã, assisto atividades do evento e à tarde participo como membro externo de duas bancas de qualificação: David Xavier da Silva que traz o projeto de dissertação: Processo de educação cientifica a partir de atividades de conservação de quelônios amazônicos em comunidades ribeirinhas do baixo Amazonas. E de João Marinho a Rocha que traz como proposta: Programa manejo de quelônios amazônicos “pé-de-pincha”: articulando a educação científica em comunidades rurais do baixo Amazonas, ambos os mestrandos são professores na cidade de Parintins.



Parece não haver dúvidas de quem mais aprende sou eu. Amanhã quero detalhar um pouco sobre estas duas dissertações. Por ora, adito votos de uma boa quarta-feira, a cada uma e cada um.