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sábado, 30 de novembro de 2013

30.— ESCREVER: UMA AÇÃO SOLITÁRIA OU SOLIDÁRIA?

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÂO
 2607

As blogadas sabáticas, usualmente sabem a escritas e leituras. Neste novembro, que ora despedimos, o fantástico binômio escrita leitura esteve muito presente aqui.
Aliás, este binômio é o móvel principal de todas as blogadas. Os temas abordados se fazem de substratos para o desenvolvimento disto que tenho como das ações mais distinguidas que nos fazem pelos humanos.
De maneira muito frequente recebo convite para colaborar com textos coletivos. Tenho dificuldades de aceitar. Escrever em parceria é difícil para mim.
Já tentei responder aqui, mais de uma vez: Por que escrevo? Repito, não sou competente a reflexões psicanalíticas: mas ‘parece’ que eu me organizo internamente com o escrever. Talvez a ‘precisão’ de escrever na primeira pessoa do singular explica essa minha dificuldade de escrita coletiva.
Mantenho há mais de sete anos este blogue que até maio de 2013 era diário. Houve então uma tentativa de fazê-lo semanal. Não resisti mais de meio ano à abstinência. Uma vez mais, a periodicidade é (quase) diária, Talvez valha contar que tenho 30 volumes (desde 1983) de diários manuscritos — na acepção mais rigorosa do termo — sem faltar um só dia. Uma consequência desta produção que para mim: escrever não é uma tarefa solidária, mas solitária. Claro que esse solitário é no que se refere a produção. A interação com os leitores é algo muito solidário. Acompanhar, por exemplo, a origem de mais de 300 leitores diário de meu blogue é uma gostosa distração que presenteio a cada dia.
Reconheço que estou na contramão das produções escritas. Elas são cada vez mais coletivas. Exemplifico algo sobre essa nova tendência (não tão nova) de escrever coletivamente: “A revista Physical Review Letters publicou, em 1983, de meados de abril a meados de julho, 42 artigos, voltados para certos aspectos da Física das Partículas. Apenas cinco desses artigos levavam uma assinatura; onze foram elaborados por mais de dez estudiosos; nove foram redigidos por 20 a 25 pesquisadores; cinco foram preparados por equipes de mais 40 especialistas. Um dos artigos (v.51, n,3, de 18 de julho) tem 99 autores!” (HEGENBERG, 2002, p. 33)*. Ainda, uma curiosidade estes 99 autores são de mais 30 centros de pesquisa de pelo menos cinco países.
*HEGENBERG, Leônidas. Saber De e Saber Que: Alicerces da Racionalidade. Petrópolis: Vozes, 2002. ISBN 978-85-326-2632-5.
Surpreende-me o exemplo. Eu não sei envolver-me, numa coautoria assim. Talvez seja vaidade em querer aparecer sozinho. Aqui, um bom assunto para que eu refleti neste advento que se inicia.

5 comentários:

  1. Concordo com o raciocínio do Mestre, escrever É ato solitÁrio, talvez redigir seja solidÁrio. Agora digitar no celular garanto pode ser tarefa infernal!

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  2. Querido Mestre! Quanto tempo, não é mesmo? Saudades de você! Li sua blogada de hoje e vou deixar uma provocação: penso - a partir do referencial teórico da AD e também de minha prática pedagógica - que um texto não é apenas aquele escrito, com muitas palavras, impresso, mas também uma letra, um símbolo, um filme, por exemplo. Assim, amplio meu conceito de escrita também para o de produção textual, de textos com diferentes substratos. E, nesse sentido, lembro-lhe de duas produções conjuntas que temos: fizemos dois encontros via Skype sobre saberes populares aqui na UFJF, lembra? Escrita solidária, colaborativa, prazerosa! A cada defesa de tese que você vai, cada qualificação, está escrevendo colaborativamente... E como colabora! Você é co-autor de praticamente toda a minha produção já que, logo após a primeira leitura do primeiro livro seu que tive contato, seu olhar sobre a educação passou a influenciar o meu! Quanto àquela escrita colaborativa em ciências, essa sim, muitas vezes, não tem nada de solidário. Inscrita no modo de fazer ciência predominante hoje, ela é muito marcada pelo "cada um faz uma parte e depois colocamos tudo junto"... Dá para pensar, não é mesmo? Como cada blogada sua. Já falei várias vezes, mas não sou de economizar carinho: você me inspira a ser melhor!
    Bem, escrevo para, além de matar saudades, solicitar uma colaboração (eheh). Trabalho atualmente aqui na UFJF numa coordenação chamada CIAPES (Coordenação de Inovação Acadêmica e Pedagógica do Ensino Superior), que atualmente está incumbida de propor uma formação para docentes em estágio probatório. Eu e minha colega Adriana Bruno (que também já é admiradora de seu trabalho), criamos um programa de ações destinado a cumprir tal meta. Dentre estas ações, há um curso chamado Docência no Ensino Superior. Ele é semipresencial (tendo dois encontros presenciais e o restante das atividades à distância). Serão quatro turmas de 25 docentes cada, estes oriundos das mais diversas áreas: medicina, engenharia, direito, licenciaturas... Eu e Adriana pensamos em apresentar uma ideia provocativa, inovadora, que mova as pessoas de seus lugares e as incomode. Nesse sentido, ambas pensamos em sua proposta de indisciplinaridade! Adriana pediu que eu falasse sobre isso no dia 09/12, no primeiro encontro presencial. O material que tenho lido a esse respeito é sua entrevista na revista Educação, intitulada Ciência como produção cultural, os posts de maio e agosto deste ano no blog e algumas reportagens sobre palestras. Você teria algum material adicional para indicar? Na verdade, conversando com Adriana, não pude deixar de pensar na possibilidade de você falar com esses docentes através de uma conferência via Skype, nos moldes em que fizemos em nossas aulas... Sei que é muito ocupado e tem a agenda lotadíssima, mas eu não poderia deixar de fazer o convite, certa de que sua fala pode mover esses docentes iniciantes e fazê-los problematizar a docência no ensino superior.
    Peço desculpas pela extensão do mail, mas sempre me empolgo ao falar com você. Agradeço sua sempre carinhosa interlocução e aguardo para trocarmos ideias a esse respeito. Um grande abraço! Cris Flôr

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    Respostas
    1. Cris querida quanto tempo!
      Semana passada estive na UFSJ, em Divinópolis, mas tu estás em outra direção no estado.
      Tens razão no te referires a autoria.
      Claro que fiquei feliz em me fazeres coautor de toda a tua produção. Logo eu que para a CAPES sou um improdutivo.
      Claro que poderia falar a teus docente via Skype. Ontem minha experiência com a USP de Ribeirão Preto, deixou a desejar do ponto de vista tecnológico.
      Neste dia 09 não poderei, pois estarei na UFRJ falando em um evento: Mulheres na Ciência.]Não sei que outro material poderia te alcançar para estas atividades que tens pela frente que me pareceram muito significativas.
      Parece-me que um assunto que tenhamos que fazer bandeira é esse exagerado produtivismo. Para mim essa é a causa do ‘mal estar docente’ na Universidade especialmente na Pós-graduação. Escrevi uma blogada sobre isso dia 31 de agosto e retomei o assunto no dia 4 deste mês volto ao assunto.
      Dá mais detalhes para poder melhor atender teu pedido.
      Foi muito bom voltares.
      Com espraiadas expectativas com teu retorno

      attico chassot

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  3. limerique

    Escrever é fácil, não o contrário
    Basta você assumir seu fadário
    Pense e coloque no "papel"
    Sinta-se só debaixo do céu
    Pois escrever é um ato solitário.

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  4. Ao Mestre Chassot:: Sozinho você já dá conta do recado, esse é o papel do líder competência. Afinal escrever é uma arte onde necessita de inspiração,idéias, conhecimentos etc..palavras que não se escreve o vento leva. Um abraço Ley

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