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terça-feira, 26 de novembro de 2013

26.— ACERCA DE MEUS NÃO LEITORES

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2602

Hoje a escrita é sobre os outros. Falo daqueles que não são de nossa tribo. Assim, falo daqueles que não me leem. Comento sobre aquelas e aqueles que, ainda, pertencem ao MS@ [Movimento dos sem arroba (sem um endereço eletrônico pessoal)].
Zigmunt Bauman afirma, com razoável propriedade, que hoje o que distingue pobres dos ricos (países ou pessoas) é o acesso ao conhecimento. Pertencer ao MS@ é ~~ simbolicamente, ser um desconectado da rede, pois sei que para muitos o correio eletrônico já é algo ‘velho’ ~~ a meu juízo, estar excluído do acesso ao conhecimento.
Eu, que tenho como objetivo fazer inclusão, cometo exclusões quando, em uma palestra ofereço os slides da apresentação e digo: “Basta que me envie um correio eletrônico. Para quem, ainda, pertence ao MS@ esclareço que não imprimirei as lâminas, para envelopá-las e ir a uma agência de correio para postá-las.
E quanto são os desconectados, por exemplo, no Brasil? Apesar
de iniciativas de inclusão, metade do país segue off-line. IBGE diz que 50,9% não usam internet; governo quer todas as cidades com banda larga a R$ 35 até o fim do ano que vem. Estas considerações estão na contramão dos nativos digitais que comentei aqui no sábado.
O PNBL (Programa Nacional de Banda Larga), do governo federal, determina que todas as cidades do Brasil tenham conexão com velocidade de 1 Mbps oferecida a R$ 35 até o fim de 2014.
A UIT (União Internacional de Telecomunicações) chama de banda larga as conexões com 1,5 Mbps ou mais. Mas a velocidade não é o maior dos problemas.
Vivem sem Google, sem Facebook e sem Wikipédia 86 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais, ou 49,1% de um total de 169 milhões de pessoas nessa faixa etária, segundo dados do IBGE do fim do ano passado.
São pessoas pobres, "analfabetos digitais" ou que vivem em lugares isolados. "A exclusão digital segue a mesma lógica da exclusão social", diz a secretária de inclusão digital do Ministério das Comunicações, Lygia Pupatto, no caderno TEC da Folha de S. Paulo desta segunda-feira. "Temos déficit maior nas classes C, D e E, e as regiões com maior demanda são Norte e Nordeste."
Em 2011, a parcela dos que já estavam on-line era de 46,7%, o que significa que o país pode ter mais da metade conectada. Segundo a UIT, a fatia é de 95% na Noruega, de 81% nos EUA, de 56% na Argentina e de 42% na China.
(AINDA) FORA DA REDE
Há 4,3 bilhões de pessoas vivendo off-line, segundo a estimativa da UIT (União Internacional de Telecomunicações), órgão que faz parte da ONU. Isso representa 61,2% da população mundial.
Para levar a internet a esse contingente (e faturar com isso), o Facebook e o Google anunciaram que estão trabalhando em ambiciosos projetos de inclusão digital.
Com o Loon, o Google diz que levará internet para áreas remotas ou devastadas usando balões equipados com antenas de radiofrequência, com velocidade comparável à do 3G, segundo a empresa.

2 comentários:

  1. Na realidade a paranóia do consumo mensura o problema com uma envergadura exacerbada. Temos aí a fome muito mais necessária de ser resolvida do que qualquer outra questão. As mídias, em sua totalidade, vendem um mundo irreal, uma utopia imaginária, enquanto a maioria no planeta perece com a miséria.

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  2. Limerique

    Em busca da chamada inclusão social
    Que da cidadania é redenção final
    Brasileiras e brasileiros
    E outros do mundo inteiro
    Exigem sua banda larga digital.

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