ANO
8 |
em fase de transição
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EDIÇÃO
2602
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Hoje a escrita é sobre os
outros. Falo daqueles que não são de nossa tribo. Assim, falo daqueles que não
me leem. Comento sobre aquelas e aqueles que, ainda, pertencem ao MS@ [Movimento
dos sem arroba (sem um endereço eletrônico pessoal)].
Zigmunt Bauman afirma, com razoável
propriedade, que hoje o que distingue pobres dos ricos (países ou pessoas) é o
acesso ao conhecimento. Pertencer ao MS@ é ~~ simbolicamente, ser um desconectado
da rede, pois sei que para muitos o correio eletrônico já é algo ‘velho’ ~~ a
meu juízo, estar excluído do acesso ao conhecimento.
Eu, que tenho como objetivo
fazer inclusão, cometo exclusões quando, em uma palestra ofereço os slides da apresentação
e digo: “Basta que me envie um correio eletrônico. Para quem, ainda, pertence ao
MS@ esclareço que não imprimirei as lâminas, para envelopá-las e ir a uma
agência de correio para postá-las.
E
quanto são os desconectados, por exemplo, no Brasil? Apesar
de iniciativas de
inclusão, metade do país segue off-line. IBGE diz que 50,9% não usam internet;
governo quer todas as cidades com banda larga a R$ 35 até o fim do ano que vem.
Estas considerações estão na contramão dos nativos digitais que comentei aqui
no sábado.
O
PNBL (Programa Nacional de Banda Larga), do governo federal, determina que
todas as cidades do Brasil tenham conexão com velocidade de 1 Mbps oferecida a
R$ 35 até o fim de 2014.
A
UIT (União Internacional de Telecomunicações) chama de banda larga as conexões
com 1,5 Mbps ou mais.
Mas a velocidade não é o maior dos
problemas.
Vivem
sem Google, sem Facebook e sem Wikipédia 86 milhões de brasileiros com 10 anos
ou mais, ou 49,1% de um total de 169 milhões de pessoas nessa faixa etária,
segundo dados do IBGE do fim do ano passado.
São
pessoas pobres, "analfabetos digitais" ou que vivem em lugares
isolados. "A exclusão digital segue a mesma lógica da exclusão social",
diz a secretária de inclusão digital do Ministério das Comunicações, Lygia
Pupatto, no caderno TEC da Folha de S. Paulo desta segunda-feira. "Temos
déficit maior nas classes C, D e E, e as regiões com maior demanda são Norte e
Nordeste."
Em
2011, a parcela dos que já estavam on-line era de 46,7%, o que significa que o
país pode ter mais da metade conectada. Segundo a UIT, a fatia é de 95% na
Noruega, de 81% nos EUA, de 56% na Argentina e de 42% na China.
(AINDA) FORA DA REDE
Há
4,3 bilhões de pessoas vivendo off-line, segundo a estimativa da UIT (União
Internacional de Telecomunicações), órgão que faz parte da ONU. Isso representa
61,2% da população mundial.
Para
levar a internet a esse contingente (e faturar com isso), o Facebook e o Google
anunciaram que estão trabalhando em ambiciosos projetos de inclusão digital.
Com
o Loon, o Google diz que levará internet para áreas remotas ou devastadas
usando balões equipados com antenas de radiofrequência, com velocidade
comparável à do 3G, segundo a empresa.
Na realidade a paranóia do consumo mensura o problema com uma envergadura exacerbada. Temos aí a fome muito mais necessária de ser resolvida do que qualquer outra questão. As mídias, em sua totalidade, vendem um mundo irreal, uma utopia imaginária, enquanto a maioria no planeta perece com a miséria.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirEm busca da chamada inclusão social
Que da cidadania é redenção final
Brasileiras e brasileiros
E outros do mundo inteiro
Exigem sua banda larga digital.