ANO
8 |
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em fase de transição
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EDIÇÃO
2588
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Parece natural
que em uma edição de segunda-feira se faça um rescaldo das leituras de jornais
do fim-de semana. Para mim, talvez um dos lazeres dominicais mais curtidos,
depois de acordar devagar (leia-se sem hora) é ler jornais a dois. No inverno
na lareira, e quando as manhãs sabem a primavera, nos jardins. Ontem essa
leitura teve a companhia da Betânia, trazida carinhosamente pelo Bernardo, no
dia de seus 10 meses.
Uma marcas
desde tempos pós-modernos é a concorrência que iPads e smathphones fazem a
jornais suportes papel. Mesmo que estes pareçam mais operacionais, a quantidade
de páginas com comerciais fazem com que pensemos em abandoná-los.
Na edição
deste domingo Zero Hora traz, em matéria de nove páginas, a história de Helena,
a transexual que completou sua transformação, há um mês, submetendo-se a uma cirurgia
de redesignação de sexo no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Em uma de
minhas aulas em Teorias do Desenvolvimento Humano este tema vem sido discutidos
há vários semestres. Na edição deste semestre esta reportagem subsidiará as
aulas.
O editor-chefe
do jornal, Nilson Vargas, conta que:
Heleno Helena Numa das muitas conversas que
tive com a jornalista Larissa Roso sobre a reportagem 'Meu nome é Helena”, uma
pergunta surgiu: “Precisa escrever cirurgia de redesignação sexual e não de
troca de sexo?”. A resposta: “É o termo médico mais correto”. Heleno já tinha a
essência feminina, a cirurgia foi um complemento anatômico.
[...] Teve também uma troca de
e-mails em que enviei a seguinte pergunta: “Onde está a dimensão pública desta
história, que justifica uma reportagem?”. Resposta: “O mundo está cheio de
gente lutando para superar pequenas e grandes dificuldades, todos os dias.
Andamos pela rua sem saber o que aflige as pessoas a poucos metros de nós.
Helena é comum e incomum ao mesmo tempo. Como quase todos nós, tem alegrias e
tristezas no trabalho, na intimidade, em família. Só que além de tudo isso ela
sofre para conquistar o reconhecimento à identidade que resolveu assumir.
Helena nasceu Heleno, mas quis viver como Helena. Não é impressionante? É. Mas
por que é tão difícil respeitar a decisão dela, a vida dela? Por que a reação
mais fácil costuma ser o riso, o deboche e até a raiva?”.
A história de Helena foi a
história de Larissa desde novembro de 2012, quando a reportagem começou a ser
produzida. E aos poucos foi envolvendo mais e mais colegas da Redação de ZH que
participaram das diversas etapas da reportagem que pode ser conferida em zerohora.com. A
complexidade do tema, os dilemas éticos, as palavras certas, o visual adequado,
os limites entre o que deveria ou não ser contado, as crises do personagem
principal, as inquietações da jornalista, a sensação de que sempre faltava algo
confrontada com os fatos que se sucediam, até culminar com a cirurgia que foi a
senha para o ponto final e a publicação.
Singular, curiosa, contemporânea,
capaz de tocar em temas tão delicados quanto relações familiares, tabus
sociais, aceitação, preconceito e superação, a história de Helena agora está
contada. Reportagens são como filhos, em algum momento ganham o mundo e os pais
não têm domínio sobre elas. Mas, para tantos de nós que atuaram neste trabalho,
será uma enorme recompensa se, de alguma forma, ele contribuir para amadurecer
o debate sobre tolerância, convívio social e respeito entre as pessoas.
Limerique
ResponderExcluirÉ história de nosso semelhante
Que sem dúvida seguiu adiante
Em existência sem nexo
Resolveu mudar de sexo
A espera de um mundo tolerante.
O preconceito com o homossexual é tão frequente ou até maior que o machismo em relação as mulheres. E a nossa grande maioria carrega retóricas prontas e rebuscadas apenas no dizer, quando o pensar tem uma postura antagônica. O "bicha" é uma pessoal extremamente normal, no filho dos outros. A "lésbica" tem os seus direitos, desde que não seja com a sua filha. E por ai vai. Na realidade o tema ganha cada vez mais voz por ser matéria venal, estar na moda. Ainda teremos alguns anos ou séculos de evolução para que essa realidade seja integralmente aceita em nossos íntimos.
ResponderExcluirabraços
Limerique
ResponderExcluirUma resignação que não foi pequena
Mas que sem ela uma vida condena
Contudo, triste Heleno
Agora cidadão pleno
Assume-se feliz como Helena.