ANO
8 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2583
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No jornalismo
de variedades, biografias (não) autorizadas é algo que pontifica nas últimas
semanas. O assunto tem merecido um muito pequeno envolvimento meu — e nunca,
ainda, foi trazido neste blogue. Como sou leitor voraz de biografias, encontrei
no artigo recebido de José Carneiro, muito boas elucidações. Por tal, ofereço
aos leitores deste blogue o artigo do jornalista e professor belenense, muitas
vezes articulista aqui.
Preciso fazer
uma recomendação prévia: vale estar com um bom dicionário (minha usual
recomendação ao Priberam ora claudica, pois as recentes modificações de
consultas, poluidíssima com propagandas, estão a dificultar o acesso) pois o autor
nos instiga saborear vocábulos que não estão em nosso cotidiano como: dubitativo, irrefragável, sicofanta, solerte,
indigitado... Afora isso, vale muito ler, mais uma vez, José Carneiro:
ROBERTO CARLOS SEM DETALHES Começo o artigo com uma ressalva
importante: sempre apreciei o cantor Roberto Carlos, em sua longa, vitoriosa e
dubitativa carreira artística. O mesmo ocorre em relação a Chico Buarque,
Caetano Veloso e Gilberto Gil, dos quais continuarei a ouvir as músicas que
sempre me agradaram. Por mais que tenham manifestado posições retrogradas ou
reacionárias, nada fará me desfazer dos LPs e CDs que amealhei ao longo da minha
vida, e que me custaram não poucos sacrifícios de ordem financeira. Mas agora o
fã incondicional de outrora fala em outra dimensão, a politica, em função da
qual sou simplesmente inflexível nos meus princípios e convicções, escancaradas
ou silentes. É óbvio que não concordo, minimamente, com o projeto que pretende
assegurar acordos prévios (vamos falar em bom português: censura irrefragável,
como diria o bom Saramago) entre biógrafo e biografado, na produção de
biografias de que tanto necessitamos para entender a sociedade onde somos
obrigados a conviver em meio a heróis e bandidos, lutadores e sicofantas,
honestos e solertes. Daí acompanhar com indisfarçável repugnância as tentativas
de um ou de outro de explicar o que, convenhamos, é inaceitável a quem tem um
resto de decoro no enfrentamento de um estado, por natureza, repressivo,
coercitivo e restritivo de liberdade, inclusive de expressão. O assunto já está
passando dos limites razoáveis de aceitação, por isso não pretendo voltar a
ele. O pior de tudo, a meu ver, foi centrar na figura pessoal de Roberto Carlos
um dos flancos dessa inglória luta, sendo ele um exemplo negativo do que não
deve ser feito.
Ele usou, contra a biografia bem elaborada de Paulo
Cesar Araújo “Roberto Carlos Em Detalhes” (tenho esse excelente livro,
adquirido antes da proibição feita pela Justiça em ação interposta pelo próprio
biografado), argumentos frágeis a ressaltarem a natureza do seu caráter,
inexplicavelmente aceitos por juízes que parecem ter decidido mais por emoção
que pelo mérito da causa. Como se sabe, Roberto Carlos nunca atendeu aos
inúmeros pedidos de entrevista do escritor, assim como em nenhum momento
conseguiu comprovar qualquer invasão de privacidade que já não tenha sido
abordado em revistas especializadas no show busines. Mesmo assim ganhou a
causa, retirando das livrarias uma obra prima que já circula pela internet e
descartando qualquer proposta conciliatória. Agora que o debate sobre o assunto
ganha todas as mídias, surgem as tentativas melífluas de explicação de todos os
que foram a favor, fugindo da pecha de defensores da cultura. E até o
indigitado Roberto Carlos, avesso a entrevistas que demandem reflexões sérias,
apressou-se a insinuar uma aparente mudança de posição, sem convencer a
ninguém, por declarar que o assunto requer conversa prévia. Ou seja, é favorável,
em última instância, ao controle legal. Paro por aqui. Os artigos 20 e 21 do
Código Penal, a meu ver, atentam contra a liberdade de expressão, restringindo
a criatividade de escritores e jornalistas. A sociedade precisa se inteirar do
tema, fortalecendo a corrente dos que percebem o mal que a censura já nos fez e
certamente continuará a fazer, caso não seja banida de qualquer instância
regulamentadora do estado. Para os excessos haverá sempre o recurso à justiça,
com todos os seus conhecidos e lamentáveis senões, como os que acabaram
beneficiando Roberto Carlos, na ação em que quase conseguiu banir os
insignificantes detalhes de sua vida, na obra de Paulo Cesar de Araújo. Contra
a censura, todo cuidado é pouco!
ResponderExcluirProf.Chassot,
meu querido amigo e (vai um afago) guru:
Mais uma vez você me emociona, ao publicar meu modesto trabalho. Posso agradecer? Como posso lhe pagar tanta atenção?
Receba meu abraço,
José Carneiro
Caro amigo:
ResponderExcluirAcabei de me reler no seu blogue. Fiquei, mais uma vez, orgulhoso. Revi as blogadas recentes (que não havia acessado) e fiquei particularmente tocado com a homenagem ao dia de finados. O silêncio proclamdo foi emocionante. Grande criatividade e sensibilidade. Congratulações e abraços.
José Carneiro
Lembraria tambem ao já tão bem relatado problema, que convivemos tambem com o grande desequilíbrio propiciado pelo poder econômico. Quem já leu "A ilha" do jornalista Fernando de Morais publicado em sua primeira edição em 1976, viu uma Cuba bem diferente do que a imprensa estadunidense (aprendi aqui no blog com o mestre que seria impróprio dizer "americana") nos impõe. É uma prova de que a censura depende do cacife de quem a defende.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirVetar biografias é apenas pretexto
Prá trazer censura num gesto canhestro
Que se ferre a liberdade
De escrever a verdade
O que querem é controlar seu texto.
Conta-se que no Rio Janeiro antigo os artistas de teatro aguardavam aflitos para começar suas peças atentos ao cheiro de fezes. É que quanto mais charretes estacionadas em volta do teatro, consequentemente mais animais defecando e assim mais sucesso na bilheteria. Sendo assim grande Mestre Chassot nessa data desejo de peito aberto muita "merda" na sua vida! Feliz aniversário ao grande Górgia do século XXI !!!
ResponderExcluirMestre Chassot:" É preciso saber viver," tudo envolve o mal do século o dinheiro há um grande interesse das editoras,publicar biografias não autorizadas em cima de imagens rendem muito mais são as "candinhas" da modernidade e ainda mais quando se refere o " Cara " que conseguiu atingir todas as classes sociais. Parabéns e muitas felicidades és um mestre por excelência nessa arte tão especial. Um abraço ley
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