ANO
8 |
www.professorchassot.pro.br
em fase de transição
|
EDIÇÃO
2594
|
Há
um tempo, mais precisamente na última quarta-feira, surpreendia-me que,
deixando Porto Alegre no começo da manhã, à tarde já fazia palestra no interior
da Bahia a mais de 2.500 km; também já fizera isso, quando de viagens a Manaus,
a mais de 3.200 km. Fiz então, loas à rapidação dos tempos hodiernos, se
comparados com aqueles de nossos avós, ou mesmo de nossos pais. Agora,
convenço-me que não vivemos tão ágeis.
Neste
domingo, balanceei alguns tempos, relacionados com minha última viagem (em
dados aproximados): minha ausência de casa: 36 horas. Destas: 18 h de estada em
Cruz das Almas; a outra metade foi consumida em 4 voos, 9 horas; 5 horas de viagens
terrestres e 4 horas de esperas em aeroportos.
Ante
uma notícia de jornal de domingo: Desde 1997, São Paulo ganhou mais
carros (1,4 milhão) que moradores (1,3 milhão). A cidade tem hoje 12 milhões de
habitantes e uma frota de cerca de 7,5 milhões. Aproximadamente, cada 3
habitantes têm 2 carros.
Quantos devem ter dois ou mais carros? Outro dado
significativo: nos últimos 30 anos, a velocidade média no trânsito urbano caiu
cerca de 40%.
Trago
informações que estão em A ciência
através dos tempos: Em 1895 os automóveis eram muito raros. Mas, dois anos
mais tarde, quando Ernest Rutherford visitou a exposição do Cristal Palace, em
Londres, escreveu o seguinte para sua mãe [depois que deixou a Nova Zelândia,
onde nasceu, escreveu regularmente cartas a sua mãe, a cada duas semanas, até
ela morrer aos 92 anos]: "O que mais despertou o meu interesse foram as
carruagens sem cavalos, duas das quais estavam treinando nos pátios em
frente" (p. 209).
Essas
carruagens andavam cerca de 20 km por hora, mas faziam muito barulho e
chacoalhavam. Mesmo sem automóveis havia acidentes de trânsito, quando os
cavalos que puxavam cabriolés ou charretes escapavam ao controle. Veremos que a
ciência perderia um de seus maiores nomes em um desses acidentes [Aqui, o aceno
é à morte de Pierre Curie em 1906, colhido por uma carroça, com tração animal].
Pois,
parece que em tempos muito próximos, vamos voltar a velocidades próximas
àquelas dos primórdios dos automóveis [O automóvel movido a combustão interna foi
criado pelo engenheiro alemão Karl Benz (1844-1929) em 1886; antes havia carros
movidos a vapor ou a eletricidade].
A
situação de cada vez maiores engarrafamentos não é ônus apenas de megalópoles
como São Paulo. Mesmo pequenas cidades vivem esse trauma cotidiano, explicável
por uma elementar operação de aritmética que pode ser feita a cada mês: carros
que entram em circulação menos carros retirados de circulação. O saldo é um número
muito significativo. Há ainda algo mais impactante (e imbecil): aumenta o uso
de automóveis maiores e mais potentes.
Parece
só existir uma solução: irmos no contra fluxo das políticas atuais: desestimular
o uso dos automóveis. Sei que falei o óbvio. Mas ele também precisa ser
lembrado, pois parece que em relação às carruagens, apenas colocamos burros (que
antes as tracionavam) como condutores.
Professor!
ResponderExcluirAMEI o blog de hoje: poético, erudito, informativo e ainda por cima militantemente atual (faltou talvez mencionar a poluição causada pelo carro...)
Um beijo,
K G
Limerique
ResponderExcluirOnde que essa sociedade quer chegar?
Correndo amoque para qualquer lugar?
Automóveis aos milhões
Só aumenta os esbarrões
Quanto mais carros mais anda devagar.
Limerique
ResponderExcluirVejam, agora estou motorizado!
Um carro me levará prá todo lado
Mas a verdade nua e crua
É a realidade da rua
No rolo do trânsito fico parado.
Querido Chassot, tudo bem?
ResponderExcluirTua postagem coincide com o vídeo que postei hoje no Facebook: uma reflexão sobre quanto custa o uso dos automóveis para as cidades. O vídeo aborda o México, mas se aplica a qualquer cidade. Está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Ndt6UOZBfVI
Grande abraço,
PAULO MARCELO
Muito querido Paulo Marcelo,
Excluirobrigado por retornares depois de tão longa ausência.
Vibrei.
Publico na edição de amanhã teu oportuno alerta.
O vídeo é provocativo.
Saudades
attico chassot