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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

31.- DIA DA ESCOLA: POR QUE?


ANO
 9
J U I Z D E F O R A - MG
EDIÇÃO
 2943

Hoje encerro minha atividade na ‘Manchester Mineira’ com a segunda sessão da Oficina História e Filosofia da Ciência catalisando propostas transdisciplinares. À tarde, viajo a Sorocaba, em São Paulo, para participar do 16º Seminário Internacional de Educação promovido pela Prefeitura Municipal de Sorocaba (SP).
Hoje — Dia da Reforma — é feriado em alguns municípios do Ceará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e, provavelmente, em outros estados. Vibro quando religiões não hegemônicas conseguem algum feriado. Feriados religiosos nacionais, estaduais e municipais são em sua maioria católicos.
 Um carinho especial à Elzira, leitora diária de uma das cidades onde hoje é feriado: a simpática Maravilha, no Oeste catarinense.
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero (Eisleben, norte da Alemanha, 1483-1546), um sacerdote católico agostiniano e professor de teologia afixa nas portas da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses contra a venda de indulgências. Na pintura cena da afixação com uma das teses.
Há — no período mais fértil do Renascimento — uma meia dúzia de propostas de eventos, que decretaram modificações significativas na Europa, para marcar o fim da Idade Média. Assim, para o seu término são propostos os seguintes eventos (aqui citados em ordem cronológica): 1439: invenção da imprensa // 1453: queda de Constantinopla // 1453: fim da Guerra dos 100 anos // 1492: descoberta da América // 1517: Reforma Luterana // 1534: Reforma Anglicana.
Não há sentido de fazermos um plebiscito entre estes eventos e eleger o lapidar. A escolha daquele que foi mais relevante ou mais revolucionário vai muito de opiniões.
Mesmo que eu não seja historiador, se tivesse eleger um, a minha escolha seria, em primeiro lugar, a Reforma Luterana, desencadeada por Martinho Lutero. Se fosse eleger outro, seria a invenção da imprensa, reconhecendo-a tão importante, quanto o invento da Internet, talvez, a criação mais revolucionária do Século 20.
Talvez um dos feitos mais significativos de Lutero foi traduzir toda Bíblia para o alemão, em uma edição de 1534. Antes houve outras traduções parciais (especialmente dos evangelhos) em diferentes idiomas.
A Bíblia de Lutero se torna referência na manutenção da ortodoxia nas igrejas reformada. Ela confere ao alemão o status de língua culta e com isso fortalece o emergente conceito de ‘Estado nação’. Há que mostre que a língua alemã e mesmo a Alemanha seja gerados pela existência da Bíblia traduzida por Lutero.
Importância mais significativa desta tradução foi que agora a Bíblia estava acessível a todos (que soubessem ler). Aqui, vale destacar uma ação muito significativa: para ajudá-lo na tradução Lutero fez incursões nas cidades próximas e nos mercados para ouvir as pessoas falando. Ele queria garantir que sua tradução fosse a mais próxima possível da linguagem contemporânea. A tradução de toda a Bíblia em outras línguas (nos anos seguintes surgiram edições em francês, espanhol, tcheco, inglês, neerlandês) foi considerada um divisor de águas na história intelectual da Humanidade.
Os cultos nas igrejas reformadas passaram a ser no vernáculo (nome dado à língua nativa de um país ou de uma localidade), pois além da Bíblia os hinos foram traduzidos (ou produzidos) na língua local. Ocorre que essa inovação não pode ser fruída pela população, que era em sua maioria analfabeta. Criaram-se, então, escolas junto a cada igreja reformada para se ensinar a leitura, assim o povo poderia ler a Bíblia e ler os hinos nos cultos. Assim, ao lado de ser hoje o Dia Reforma, poderíamos celebrar, nesta data, o ‘Dia da Escola’ o grande presente do Renascimento ao mundo Ocidental.
Na educação, o pensamento de Lutero produziu uma reforma global do sistema de ensino alemão, que inaugurou a escola moderna. Seus reflexos se estenderam pelo Ocidente e chegam aos dias de hoje.
A ideia da escola pública e para todos, organizada em três grandes ciclos (fundamental, médio e superior) e voltada para o saber útil nasce do projeto educacional de Lutero. “A distinção clara entre a esfera espiritual e as coisas do mundo propiciou um avanço para o conhecimento e o exercício funcional das coisas práticas”.

Um comentário:

  1. Soneto-acróstico A Reforma

    Muito se dizia das indulgências papais
    Alguém alongou-se mais adiante então
    Revoltado fixou suas teses nos portais
    Temerário sequer temia a excomunhão.

    Iniciou por isso movimento da reforma
    Nunca mais a tal igreja a mesma seria
    Havia Martinho Lutero contra a norma
    Ousado, encarou o Papa com valentia.

    Lutero portanto fundou a nova religião
    Uma peleja a qual não terminou ainda
    Tanto que luteranos por aí continuarão.

    E nada indica que a religião prescinda
    Respeita outras todas tais como o são
    Ouvi pois até quando esse tempo finda.

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