ANO
9 |
Livraria virtual em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2920
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Na
edição de ontem, contei aqui como surgiu a festa de Nossa Senhora do Rosário na
tradição católica. Relatos de excomungados prisioneiros muçulmanos a vitoriosos
católicos abençoados diz que haviam fugido do combate, pois a visão de poderosa
senhora os atemorizara. O tema trazido aqui me amealhou outra lembrança.
Quando
se discute a longa e cruenta passagem do geocentrismo ao heliocentrismo nos
séculos 16 e 17, ao lado de nomes como Copérnico, Ticho Brahe, Kepler, Galileu
Galilei, Descartes, Bacon, Newton merece destaque muito especial Giordano Bruno
(1548-1600).
Há
um excelente filme, de 123 minutos, franco-italiano de 1973 ~~ Giordano Bruno ~~ do gênero drama
biográfico, tendo por tema o processo movido pela Inquisição Romana contra o
filósofo italiano Giordano Bruno. O filme de Guiliano Montaldo retrata o
processo romano, no qual Giordano Bruno recusou qualquer retratação, sendo
condenado e queimado vivo 17 de fevereiro de 1600. Além do desempenho magistral
de Gian Maria Volonté, como personagem título grande destaque do filme é a
fotografia de Vittorio Storaro. Usando archotes para iluminar as principais
cenas, ele consegue efeitos visuais impressionantes, sobretudo na caminhada de
Bruno para a morte, pelas ruas de Roma. No YouTube está disponível o filme
completo legendado em português.
O
filósofo, astrônomo e matemático Giordano Bruno foi um dos maiores pensadores
do Século 16 e um dos precursores da ciência moderna. Nascido em Nola (Reino de
Nápoles), torna-se frade dominicano e doutor em Aristóteles, que ensina na
formação dos frades. Conhece a obra de Copérnico, e passa discutir o
heliocentrismo, mesmo sabendo que obra copernicana estava no index. Por tal é expulso
da Ordem dos Dominicanos por suas ideias conflitantes com a ortodoxia
religiosa.
Após
sua expulsão deixa a Itália e viaja por toda a Europa, tendo sido conselheiro
de príncipes e reis. Vai primeiro para Suíça. Em Genebra, aparentemente, adotou
o Calvinismo, o que negaria mais tarde, ao ser julgado em Veneza. Acabou sendo
excomungado pelos calvinistas e expulso de Genebra. Viajou sucessivamente para
França (Toulouse, Paris), Suíça e Inglaterra. Em Londres, onde permaneceu de
1583 a 1585, serviu na corte da Rainha Elisabeth. Bruno retornou a Paris, indo
em seguida para Marburgo, Wittenberg, Praga, Helmstedt e Frankfurt (participa de
feira do livro), onde conseguiu publicar vários de seus escritos.
Volta
à Itália por Veneza — e aqui faço a ligação com a batalha de Lepanto — pois ao
retornar seu ingresso se dá em meio a uma manifestação de ex-combatentes que
marchavam indignados, pois tinham ficado mutilados pela guerra e não podiam
trabalhar e viviam na miséria.
Depois
de um período de muito sucesso em Veneza, Bruno é preso e processado pela
Inquisição de Veneza, preferiu retratar-se, mas seus inimigos conseguiram que
fosse mandado a Roma, onde respondeu a novo processo.
Em
Roma, o julgamento de Bruno durou sete anos durante os quais ele foi preso, por
último, na Torre de Nona. As numerosas acusações contra Bruno, com base em
alguns de seus livros, bem como em relatos de testemunhas, incluíam blasfêmia,
conduta imoral e heresia em matéria de teologia dogmática e envolvia algumas
das doutrinas básicas da sua filosofia e cosmologia.
Monumento erguido em 1889 por círculos, no local onde Giordano Bruno foi executado. Campo de Fiori, Roma, |
No
último interrogatório pela Inquisição do Santo Ofício, não abjurou e, no dia 8
de fevereiro de 1600, foi condenado à morte na fogueira. Obrigado a ouvir a
sentença ajoelhado, Giordano Bruno teria respondido com um desafio: Maiori forsan cum timore sententiam in me
fertis quam ego accipiam ("Talvez sintam maior temor ao pronunciar
esta sentença do que eu ao ouvi-la"). A execução de sua sentença ocorreu
no dia 17 de fevereiro de 1600. Na ocasião teve a voz calada por um objeto de
madeira posto em sua boca.
Não
respondo pela exata conexão que fiz de Bruno com a Batalha de Lepanto. Os tempos
são comuns. Válida ou não, é merecida a evocação de um dos mártires que lutou
contra o obscurantismo então vigente.
Não haveria momento mais propício do que nossa atual realidade para o assunto trazido à baila. Em meio a acirradas campanhas, onde militantes desse ou daquele partido impõe verdadeiros ordálios aos seus contrários. O radicalismo é irmão do fanatismo, e ambos usam antolhos.
ResponderExcluirIdeias incomodam
ResponderExcluirIdeário sempre vítima da inquisição
Se quer viver livre então não pense
Pois na pira seus ossos queimarão
Num espetáculo enorme, circense.
Giordano Bruno ousou pensar por si
A igreja de dogmas sagrados guardiã:
“Não se admite essas heresias aqui!”
Pois atacar verdade sagrada é malsã.
Foi Giordano conduzido à fogueira
Por suas ideias não ter renunciado
Enquanto igreja acredita em besteira
O cientista pensador será queimado.
Porquanto toda verdade verdadeira
Incomoda ditador, papa e prelado.