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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

08.- AINDA A SANGRENTA BATALHA LEPANTO


ANO
 9
Livraria virtual em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2920

Na edição de ontem, contei aqui como surgiu a festa de Nossa Senhora do Rosário na tradição católica. Relatos de excomungados prisioneiros muçulmanos a vitoriosos católicos abençoados diz que haviam fugido do combate, pois a visão de poderosa senhora os atemorizara. O tema trazido aqui me amealhou outra lembrança.
Quando se discute a longa e cruenta passagem do geocentrismo ao heliocentrismo nos séculos 16 e 17, ao lado de nomes como Copérnico, Ticho Brahe, Kepler, Galileu Galilei, Descartes, Bacon, Newton merece destaque muito especial Giordano Bruno (1548-1600).
Há um excelente filme, de 123 minutos, franco-italiano de 1973 ~~ Giordano Bruno ~~ do gênero drama biográfico, tendo por tema o processo movido pela Inquisição Romana contra o filósofo italiano Giordano Bruno. O filme de Guiliano Montaldo retrata o processo romano, no qual Giordano Bruno recusou qualquer retratação, sendo condenado e queimado vivo 17 de fevereiro de 1600. Além do desempenho magistral de Gian Maria Volonté, como personagem título grande destaque do filme é a fotografia de Vittorio Storaro. Usando archotes para iluminar as principais cenas, ele consegue efeitos visuais impressionantes, sobretudo na caminhada de Bruno para a morte, pelas ruas de Roma. No YouTube está disponível o filme completo legendado em português.
O filósofo, astrônomo e matemático Giordano Bruno foi um dos maiores pensadores do Século 16 e um dos precursores da ciência moderna. Nascido em Nola (Reino de Nápoles), torna-se frade dominicano e doutor em Aristóteles, que ensina na formação dos frades. Conhece a obra de Copérnico, e passa discutir o heliocentrismo, mesmo sabendo que obra copernicana estava no index. Por tal é expulso da Ordem dos Dominicanos por suas ideias conflitantes com a ortodoxia religiosa.
Após sua expulsão deixa a Itália e viaja por toda a Europa, tendo sido conselheiro de príncipes e reis. Vai primeiro para Suíça. Em Genebra, aparentemente, adotou o Calvinismo, o que negaria mais tarde, ao ser julgado em Veneza. Acabou sendo excomungado pelos calvinistas e expulso de Genebra. Viajou sucessivamente para França (Toulouse, Paris), Suíça e Inglaterra. Em Londres, onde permaneceu de 1583 a 1585, serviu na corte da Rainha Elisabeth. Bruno retornou a Paris, indo em seguida para Marburgo, Wittenberg, Praga, Helmstedt e Frankfurt (participa de feira do livro), onde conseguiu publicar vários de seus escritos.
Volta à Itália por Veneza — e aqui faço a ligação com a batalha de Lepanto — pois ao retornar seu ingresso se dá em meio a uma manifestação de ex-combatentes que marchavam indignados, pois tinham ficado mutilados pela guerra e não podiam trabalhar e viviam na miséria.
Depois de um período de muito sucesso em Veneza, Bruno é preso e processado pela Inquisição de Veneza, preferiu retratar-se, mas seus inimigos conseguiram que fosse mandado a Roma, onde respondeu a novo processo.
Em Roma, o julgamento de Bruno durou sete anos durante os quais ele foi preso, por último, na Torre de Nona. As numerosas acusações contra Bruno, com base em alguns de seus livros, bem como em relatos de testemunhas, incluíam blasfêmia, conduta imoral e heresia em matéria de teologia dogmática e envolvia algumas das doutrinas básicas da sua filosofia e cosmologia.
Monumento erguido em 1889 por círculos, no local
onde Giordano Bruno foi executado. Campo de Fiori, Roma, 
No último interrogatório pela Inquisição do Santo Ofício, não abjurou e, no dia 8 de fevereiro de 1600, foi condenado à morte na fogueira. Obrigado a ouvir a sentença ajoelhado, Giordano Bruno teria respondido com um desafio: Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam ("Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la"). A execução de sua sentença ocorreu no dia 17 de fevereiro de 1600. Na ocasião teve a voz calada por um objeto de madeira posto em sua boca.
Não respondo pela exata conexão que fiz de Bruno com a Batalha de Lepanto. Os tempos são comuns. Válida ou não, é merecida a evocação de um dos mártires que lutou contra o obscurantismo então vigente.

2 comentários:

  1. Não haveria momento mais propício do que nossa atual realidade para o assunto trazido à baila. Em meio a acirradas campanhas, onde militantes desse ou daquele partido impõe verdadeiros ordálios aos seus contrários. O radicalismo é irmão do fanatismo, e ambos usam antolhos.

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  2. Ideias incomodam

    Ideário sempre vítima da inquisição
    Se quer viver livre então não pense
    Pois na pira seus ossos queimarão
    Num espetáculo enorme, circense.

    Giordano Bruno ousou pensar por si
    A igreja de dogmas sagrados guardiã:
    “Não se admite essas heresias aqui!”
    Pois atacar verdade sagrada é malsã.

    Foi Giordano conduzido à fogueira
    Por suas ideias não ter renunciado
    Enquanto igreja acredita em besteira
    O cientista pensador será queimado.

    Porquanto toda verdade verdadeira
    Incomoda ditador, papa e prelado.

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