ANO
9 |
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
|
EDIÇÃO
2932
|
Começa
hoje, talvez, a semana mais importante do ano. Pelo menos, a mais nervosa. No
domingo que passou, de vez em vez, encontrava-me conjecturando como viverei o entardecer
do próximo domingo. Com sol ainda alto, com este horário verão, já teremos ‘a
voz das urnas’. Há dois resultados que definirão com serão o Brasil e vários
Estados (entre eles o Rio Grande do Sul) nos próximos anos.
Nos
últimos dias li muitas análises. Escutei debates. Ouvi numerosas declarações de
votos. Impressionam-me certas razões para votarem num candidato. “Eu acho a Dilma antipática” é justificativa
de pessoas de quem eu esperava, no mínimo, uma avaliação política. O jornalista
Luiz Fernando Vianna, autor de livros sobre música popular brasileira, entre
eles "Geografia Carioca do Samba" e "Aldir Blanc - Resposta ao
Tempo” escreveu na p. A2 da Folha de S. Paulo, na sexta-feira, um texto que
merece ser lido. Ele está a seguir, com dois assinalamentos meus em cor.
A
volta do senhor
Aécio Neves não deve
apenas às suas eventuais qualidades a ascensão impressionante de sua
candidatura. O ódio que, espalhado pelas duas campanhas, domina o segundo turno
indica que ele encarna aspirações mais profundas.
O senador mineiro é branco, conquistador,
bem educado, rico de berço, nunca trabalhou (a não ser em política), está no
topo das sociedades rural (sua família é dona de fazendas) e urbana (frequenta
as praias, boates e os restaurantes da zona sul carioca). Representa o cume da
pirâmide econômica e cultural brasileira, o ponto para onde boa parte da classe
média olha com admiração e inveja.
Um montante desses eleitores cogitou
votar em Marina Silva. Mas ela é autodeclarada negra, ex-doméstica, analfabeta
até os 16 anos, nortista, carola, de saúde frágil e, mais grave, é cria do PT.
Não faz parte do clube. Não é confiável.
O sentimento antipetista, que se
fortaleceu com a piora da economia e com as graves denúncias de desvios de
recursos da Petrobras, encontrou em Aécio o seu colo natural.
A legítima irritação com a corrupção
faz ressurgir o grito do "mar de lama", que já elegeu Jânio Quadros e
Fernando Collor, tendo antes contribuído para a morte de Getúlio Vargas — cujo
fiel ministro da Justiça era Tancredo Neves, avô de Aécio.
O Bolsa Família dá condições mínimas
de vida a 50 milhões de pessoas e aquece a economia de pequenos municípios; o
Luz para Todos leva energia elétrica a cafundós esquecidos; o ProUni, o Fies e
as cotas põem pobres nas universidades. Programas como esses são rechaçados por certas camadas da
população, pois bagunçam um contrato social de 500 anos.
Sob um talvez sincero discurso de
mudança, Aécio oculta um de restauração quase monárquica, de devolução do poder
aos senhores de sempre. Muda-se
para não mudar.
Conta-se que Austregésilo de Athayde, apenas um ano mais novo que Barbosa Lima sobrinho, interpelou-o uma vez na Academia Brasileira de Letras onde os dois eram membros. "Oh Barbosa tu vives te gabando de ser o mais anoso da academia, mas saibas que sou mais velho que tu!" Retorqui-lhe então o presidente da academia e amigo; "Mas como? Ficastes burro em matemática? Não sabes mais fazer conta?" Em tom riso lhe respondeu Austregésilo, não amigo, bem sei fazer conta, ocorre que dormes até meio dia, enquanto já estou de pé desde cedo, sendo assim tenho muito mais horas de vivência que ti..."
ResponderExcluirPois bem Mestre Chassot, nesses quesitos perco para o senhor, pois és mais velho e muito mais sábio, e sem sombra de dúvida bate de goleada em atividade em qualquer um, mas confesso que não consigo vislumbrar em nossa casta política nada que preste, nem no atual governo, nem nesse que se vislumbra em uma eventual vitória do Aécio.
Isso é tudo que temos?
ResponderExcluirDois candidatos frente a frente
Encarando-se até sem respeito
Baixarias e mentira inclemente
Assim Aécio e Dilma têm feito.
Tudo fazendo para se denegrir
Enquanto fazem e dizem nada
Politizando até mesmo o devir
Ora, na tela somente porrada.
Luta inócua entre dois poltrões
Íntimos de toda inconsistência
Tem zero respostas só senões.
Indiferentes a qualquer decência
Com que resolvemos questões.
Onde há político haja paciência!
Parabéns ao poeta Jair, em poucas rimas definiu o nosso cenário!
ExcluirQue o país começou um processo diferenciado doze anos atrás não há dúvida. Que, pelo caminho, precisou rever posições também é notório. Por razões conhecidas.
ResponderExcluirMas fico a lembrar de uma fala de Olga Benário, ao ser deportada para a então Alemanha nazista, ao questionar-se: "Será que o mundo que mudado???" Principalmente em face da força da Indústria Cultural sem descansar a serviço do sistema. Theodor Adorno e Guy Debord que que o digam.