ANO
9 |
Livraria virtual em
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EDIÇÃO
2913
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Já vivemos outubro... Estamos no último trimestre deste 2014,
que ainda com odores de ano novo. Dentro de mais um pouco, rotundos papais-noéis
estarão chamando àquilo que é a marca do fim do ano que se aproxima:
consumismo. Este oblitera o mote da celebração natalina: um Deus se encarnando
entre os humanos.
Não raro, quando me refiro o livro no qual celebro meus 50 anos
de magistério Memórias de um professor:
hologramas desde um trem misto, que tem 51 capítulos, distribuídos em mais de 500 páginas, um para cada um dos anos
desde 1961 a 2011, digo que já tenho pelo menos 4 capítulos para um segundo
volume, pois já se aproxima o termino do 54º ano de magistério.
Defendo a tese que devemos registrar os nossos fazeres. Há
muitos argumentos na defesa desta prática. Aceno com um. Quantos de nós não
vibraríamos se tivesse um excerto de um diário ou uma carta de dos seus bisavôs.
Uma simples fotografia de um ancestral nosso já nos enleva. Imaginem um livro
sobre como era ‘o antigamente’.
Este preâmbulo vem de uma reflexão, quando quase no final da
terça, retornava do Centro Universitário Metodista do IPA, olhando meu dia.
Pensei, este tema poderia servir para uma blogada.
À tarde, falei para professoras e professores de quatro escolas estaduais
de Porto Alegre, líderes em suas escolas do Pacto Nacional pelo Fortalecimento
do Ensino Médio proposto pelo Ministério da Educação. Por três horas vivemos os
desafios de experiências marcadas pelo compromisso com valorização da formação
continuada dos professores do ensino médio público. Foi uma tarde sumarenta.
Mas, mais emocionante foi pela manhã e à noite, reencontrar
minhas alunas e meus alunos de Música e Pedagogia. Não nos víamos há duas
semanas. Sentimos que havia saudades.
Quando em 10 dias se vai e volta duas vezes à Amazônia (Manaus e
Macapá) e entre estas se vai uma vez ao Araguaia e no período ministrado sete
palestra se tem muito a contar e mais ainda a ouvir. Já expliquei que tenho
como norma não aceitar convites para dias que tenho aulas na graduação. Usualmente
segundas e/ou terças. Não sei explicar bem o que aconteceu: tive uma fala na segunda-feira
anterior em Barra do Garças, de onde segui na terça para Macapá.
E as aulas de terça no Centro Universitário Metodista do IPA? As
duas disciplinas que leciono na graduação preveem um trabalho de campo por
semestre. Assim no dia 16, orientei a pesquisa nas duas disciplinas, na noite
de terça, dia 23; enquanto eu fazia a minha memorável viagem de 19 horas rumo a
Macapá, os estudantes realizaram a pesquisa e ontem, houve os relatos.
Em cada uma das turmas houve apresentação de trabalhos, que
mereceriam um extenso artigo. Eis uma pequeníssima amostra.
Pela manhã tenho grupo de 30 alunos, em sua maioria músicos
profissionais, que vêm fazer licenciatura para habilitarem-se legalmente à
docência. Leciono para o grupo, pela primeira vez, Ética, Sociedade e Meio Ambiente.
O ponto de partida foi fazer uma revisão dos termos meio ambiente e ambiente para, a seguir, considerar que chamamos de
trabalho o ato de agir sobre a
natureza, transformando-a para nossas necessidades. É isto que faz os humanos
distinguidos dos demais animais.
Se a Ciência pode ser considerada, também, uma linguagem que explica e transforma o ambiente. Ocorrem transformações nem sempre são para
melhor. Há muitas situações que essas transformações podem prejudicar o meio
ambiente.
A proposta da Pesquisa de campo: Detectar e
descrever (tão detalhadamente quanto possível) uma transformação no meio
ambiente, por meio de trabalho (ou
pelo uso da Ciência). Se esta for
prejudicial, sugerir alternativa para corrigir a ação. Se favorável,
justificar, isso.
Lamentavelmente não tenho condições aqui e agora de detalhar alguns
dos relatos. Só trago uma afirmação: poucas vezes aprendi tanto como professor
de sala de aula como nestes relatos.
À noite, tenho 11 alunas e um aluno no curso de Pedagogia, onde
leciono, já há vários semestres, Teorias
do Desenvolvimento Humano.
No mesmo esquema da turma de música, a proposta foi: Primeiro
escolha uma classificação das fases do desenvolvimento humano [por exemplo: 1) Pré-natal;
2) recém-nascido; 3) bebê; 4) infância; 5) pré-adolescência; 6) adolescência;
7) idade adulta; 8) idade madura; 9) adulto maior]. Da classificação, pince uma
das fases. Escolha uma lente para olhar essa fase: religião / geografia / momento
histórico / sexo / opção sexual / etnia / ciência / pensamento mágico / senso
comum / saberes primevos / mitos, indicando como foram usados os diferentes
recorte de observação. Com a fase
escolhida e a lente definida: Entreviste uma pessoa de mais de 70 anos,
perguntando para ela acerca de um saber, visto pelo entrevistado,
com a lente proposta.
Trazer para aula do dia 30, um relato escrito com o resultado da
entrevista destacando três dimensões: I) Um breve registro biográfico do
entrevistado. II) Relato do saber primevo colhido na entrevista. III) Sugestão
de como fazer deste saber primevo um saber escolar, indicando a etapa da
escolarização, com um breve plano de atividades.
É fácil inferir a beleza de algumas propostas. Esses são excertos
do diário de um professor, do último dia de setembro de 2014, festa de são
Jerônimo, o proto-Gutenberg, há 1600 anos antes do presente.
Debate tão em alta acerca do futuro da educação, porém sem muito efeito já que se dá em meio a promessas políticas mais afetas ao nariz do Pinóquio. Faltam mais Chassots nos lugares certos.
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