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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

29.- ACERCA DA ARTE DE BEM MORRER


ANO
 9
A G E N D A  em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2941

Na manhã desta quinta viajo para Campinas, para a seguir ir a Goianá. Meus leitores já viajaram comigo a esta cidadezinha da Zona da Mata mineira, com cerca de 3,6 mil habitantes. Ali está o aeroporto que serve a cidade de Juiz de Fora. A cognominada ‘Manchester Mineira’ tem uma população quase 200 vezes maior que cidadezinha que lhe empresta o aeroporto. Amanhã e sexta, tenho compromissos na Universidade Federal de Juiz de Fora. Com esta saída quebro uma longa abstinência de viagens de duas semanas, algo inédito este ano.
A edição de hoje traz um comentário acerca de um livro que faz sucesso nos Estados Unidos. Ele ainda não está traduzido para o português. Li algumas resenhas. Porém, meu inglês exige que espere uma tradução. Sirvo-me hoje do abalizado comentário que Hélio Schwartsman, bacharel em filosofia, publicou na p. A2. na Folha de S. Paulo de sexta, 24. O autor de ‘O Segredo de Avicena’ nos faz desejoso de conhecer a obra completa.
A ARTE DE MORRER "Being Mortal" (sendo mortal) é um livro de não ficção sobre o tema mais deprimente que se pode imaginar: a decadência física e mental que precede a morte. Ainda assim, nós o lemos com a mesma avidez com que se devora um romance de mistério. O fato de sabermos a priori que os protagonistas morrerão nem chega a atrapalhar.
A principal razão é que seu autor, Atul Gawande, cirurgião, professor em Harvard, escritor e jornalista da "New Yorker", tem amplo conhecimento do assunto e sabe como ninguém cativar o leitor. Ele se vale de casos de idosos e de pacientes terminais, incluindo tocantes experiências autobiográficas, para mostrar que, no Ocidente, nós perdemos o que os medievais chamavam de "ars moriendi", a arte de morrer bem.
O problema central, diz Gawande, é que a medicina obteve sucesso em tantas esferas que acabamos delegando a ela também os cuidados com o envelhecimento e a morte. Só que a maioria dos profissionais de saúde não está preparada para lidar com esses dois processos, que são irreversíveis.
O resultado é que criamos uma estrutura que esvazia de sentido os momentos finais. Para evitar que idosos se machuquem, roubamos-lhes o que ainda têm de autonomia, confinando-os a asilos e hospitais. Para tentar prolongar a vida de pacientes de câncer, submetemo-los a tratamentos com pouca chance de sucesso e que acabam com a qualidade da vida que lhes resta.
Obviamente, não há solução para esses problemas. A perda de autonomia faz parte do envelhecimento e o câncer mata de forma muitas vezes cruel. Ainda assim, é possível estabelecer as prioridades de cada paciente e tentar atendê-las, deixando com que tenham o máximo de controle sobre seu destino. Gawande mostra não só como isso pode ser feito mas também o impacto positivo que tem sobre o bem-estar de pacientes, familiares e do sistema de saúde.

3 comentários:

  1. VIDA & MORTE

    O muito pouco que te resta de vida
    Neste corpo decrépito e carcomido
    Deverá aproveitar à maneira devida
    Tudo que seja ou deveria ter sido.

    Sei que aqui estás só de passagem
    E nada que viste aproveita na morte
    O corpo que vai não leva mensagem
    E para o inferno não há passaporte

    Pois a morte desobriga-nos da lida
    E com o corpo se vai a existência
    Se você foi bondoso causará ferida

    Se estudioso foi, perderá a ciência
    E por você, sofrerá pessoa querida
    Mas, o que fazer? tenha paciência.

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  2. Acredito que existam alguns pontos a ponderar nesse tema. Além do citado, lembraria a crescente falta de paciência e aceitação para com a velhice. A sociedade capitalista vê no velho um estorvo, se esquece da longa estrada percorrida, caminhada essa muitas das vezes sacrificada pelo mesmo que agora o coloca a um canto como um aparelho obsoleto. Ai nosso sistema selvagem inclui o velho como mercadoria, entulhando os depósitos de tristeza para definharem esquecidos na esperança de escassas visitas geralmente providas por grupos religiosos totalmente estranhos ao seu convívio.

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  3. Ser alfabetizado cientificamente significa não fazer sensacionalismo em cima das chamadas divulgações de cunho científico. Uma notícia desse porte deve ser divulgada e tratada com cuidado. Autoridades da área como o Professor Attico Chassot tratam da temática com clareza. Vale a pena ler. Bárbara Maciel, Dayanne Araujo, Rafael Ribeiro,Angelo Martins e demais alunos da Universidade Estadual do Amapá

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