ANO
9 |
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EDIÇÃO
2918
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Não é uma segunda-feira trivial. A semana que começa se
encerrará com um não-feriado (pois 12 de outubro é domingo). A semana inicia
marcada com com rescaldos do festivo dia
eleitoral de ontem.
Os resultados são de decepção, por que não dizer de tristeza.
São também de alegrias. No Rio Grande do Sul, a derrota de Olívio para o
senado, com uma diferença de em torno de 1% foi sofrida. Aqui, para o governo
do Estado, o primeiro lugar, foi um azarão. Sartori tinha modestos 10% e terminou
em flamante primeiro lugar. Ana Amélia, estourada em primeiro lugar durante as
pesquisas, ficou num distante terceiro lugar. Aliás, as pesquisas (especialmente
as de boca de urna) erraram fragorosamente aqui.
Nossas maiores alegrias, ao lado de um bom desempenho para o
governo do Estado, ficaram com o sucesso de Dilma, ofuscado um pouco pela
votação surpreendente de quem disputará com ela o segundo turno.
Nesta noite de domingo, de maneira continuada voltei à noite do
último domingo de outubro de 2002 que culminou em risos e em lágrimas. Lembro
que, quando tinha filhos pequenos, fui um voraz contador de história. Na noite
do último domingo de outubro de 2002, um personagem de então, veio do
imaginário fantástico e se fez real. Janus, nas minhas historinhas, era um
menino que ria e chorava ao mesmo tempo, ou melhor, um lado do rosto chorava e
outro ria.
O difícil era entender que emoções do dia 27 de outubro de 2002
voltavam se fazer presente e invadiam-me, ontem, novamente. Lula, naquele
memorável 2002, era eleito, pela primeira, vez Presidente. Chorava e ria ou ria
e chorava ao mesmo tempo. Então, não tinha dúvidas, era meu lado direito que
chorava, pois o PT perdia o governo do Estado, pois o esquerdo era todo festas
e só ria. Era complicado viver esta duplicidade de sentimentos.
Agora, 12 anos depois construíamos situações de alegrias e
tristezas onde nosso incomum personagem pudesse exercer sua excepcional
capacidade. A inspiração buscara na mitologia romana. Janus era o deus a quem os romanos creditavam o bom término de algo que
estava começando. O templo principal de Janus, no Fórum, tinha portas voltadas para o leste e para o oeste. Entre as
duas portas, estava a estátua de Janus com suas duas faces, que contemplavam em
direções opostas: o começo e o fim do dia, para que esses fossem abençoados. Em
toda casa, a oração matutina era dirigida a esse deus e para toda lide
doméstica era solicitada a sua ajuda. Como o deus do começar, ele era invocado
publicamente no primeiro dia de janeiro, assim denominado, pois Janus - sem similar na mitologia grega – começava o ano novo. Ele
também era invocado no começo das guerras, durante as quais as portas do templo
permaneciam sempre abertas; quando Roma estava em paz, as portas estavam fechadas.
Agora na noite de 5 de outubro de 2014 repetia o 27 de outubro
de 2002, o Janus de minhas historinhas era eu. Ria e chorava simultaneamente.
Ou melhor, vivia emoções de uma imensa alegria e também de uma profunda
tristeza. Isso ao mesmo tempo. E tudo determinado pelo mesmo evento: a divulgação
de resultados eleitorais.
Agora, como se diz começa um novo embate. Vamos ver o que se
pode fazer.
Mestre Chassot, rendo-me as evidências, não entendo de política. Aqui no Rio de Janeiro o mesmo povo que entoou um clamoroso "fora Cabral" colocou o seu vice Pezão a frente no segundo turno. O gigante adormecido que foi as ruas bradando "mudanças já", elegeu a maioria de políticos profissionais. Lembro-me que quando o ex-jogador de futebol Romário, com seus imóveis indo a leilão para pagar dívidas, ao sair da cadeia onde estava preso pelo não pagamento de pensões alimentícias disse : "É peixe, o jeito é entrar pra política". Hoje foi o segundo senador mais votado. Se Weber vivo ainda fosse teria que reescrever suas teses acerca da política.
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