ANO
8 |
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EDIÇÃO
2767
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Mesmo
que o mundo da copa nos seja enfiado
goela abaixo — penso que é a primeira vez que escrevo essa locução menos polida
— 2014 é ano de eleição. A este propósito trago, mais uma vez, a colaboração do
professor e sociólogo José Carneiro, que publicou As siglas dos partidos políticos no domingo na imprensa de Belém. A
trazida deste artigo, também, é um prelibar no estar em breve, por uma semana,
na capital do Pará. Na agenda de então estará rever queridos amigos.
As siglas dos partidos políticos Este assunto, a rigor, não mereceria vir à tona neste espaço se não
fosse pelo chamado horário político “gratuito” reservado aos partidos
políticos, que me compeliu a isso. Siglas serão sempre siglas, uma reunião de
letras a identificar algum nome próprio, facilitando a comunicação em torno
dele. Em geral os partidos políticos, pelo menos no Brasil, guardam uma
tradição de serem conhecidos apenas por sua sigla, pouco tendo a ver com o seu
nome completo. E isso tem se mantido recorrentemente. O que não se pode negar é
uma outra tradição, extremamente perniciosa, que cerca as instituições
representativas do eleitorado brasileiro. Refiro-me à arquiconhecida
fragilidade do nosso quadro partidário, que desde a república cada vez mais se
distancia do seu alvo determinado – o eleitorado – porém sempre se munindo de
estratégias para conquistar esse expressiva parcela da população e onde o voto,
infelizmente, ainda é obrigatório. Os partidos brasileiros são entidades
naturalmente frágeis em suas origens, por causa dos interesses nem sempre
autênticos ou legítimos que norteiam os seus surgimentos, suas concepções, suas
formações. É uma realidade corriqueira entre os partidos ditos burgueses, na
sua caminhada em busca da conquista do poder, afinal o objetivo principal de
todas essas organizações representativas. O problema brasileiro é que esses
interesses encontraram campo fértil entre um eleitorado relativamente
inconsciente, suscetível à sedução das palavras (promessas vãs, discursos
vazios, panfletarismo) ou ao recebimentos de benesses diversas (emprego,
vantagens materiais) em troca de voto. Nada disso foi incomum no país, ao longo
de todo o período republicano.
No
século XX, dois partidos surgiram no Brasil como exceção a essa regra: o
Partido Comunista, nas primeiras décadas e o Partido dos Trabalhadores, nas
últimas. Ambos oriundos de posições ideológicas firmes, na luta contra o status
quo e o autoritarismo do Estado, empalmaram dois tipos de eleitorado. O PC
inserindo-se no novo proletariado urbano, a classe emergente por força da
industrialização nascente no país. O PT galvanizando o apoio dos trabalhadores
consolidados na moderna indústria e na expansão das cidades, sobretudo as
capitais brasileiras. Ambos, como se viu por meio da história real, naufragaram
nos seus próprios erros e ambições, tendo sido corroídos em suas entranhas pelo
descrédito e lançados na vala comum em que submerge a estrutura partidária
brasileira.
O
que resta, pode-se dizer sem ironia, é o resto, ou seja, partidos com
simulacros de programas, sequer estudados pelos eleitores e, sobretudo, as mais
espúrias alianças partidárias que os mencionados PC e PT sempre profligavam e
acabaram, lamentavelmente, iguais a todos os outros. Espero que ninguém se
surpreenda com o que estou escrevendo, a mais pura e irrefragável verdade. Está
ai para quem quiser ver, ler e conhecer. Fechando esse triste quadro a
televisão vem nos mostrar que os dirigentes nem sequer ousam pronunciar o nome
completo do partido, com receio, quiçá, de que as palavras acabem dizendo ou
significando menos do que a eufônica sigla. Assisti todo o programa na semana
passada e, durante dez minutos, só se falava na sigla e só aparecia, por
escrito, a mesma sigla, sem nada do nome. É uma prova, inconteste, de que os
partidos forjados em interesses menores nada têm mesmo a apresentar, nem sequer
o nome por trás de qual se escondem esses interesses tão escusos. Isso vai
perdurar por muito tempo ainda?
O lamentavel é que nem os pequenos, nem os grandes trazem algo novo, caímos no marasmo de um barco sem leme ao sabor do vento.
ResponderExcluirA sopa
ResponderExcluirPois quer a nossa frágil democracia
Da liberdade do voto colher benesse
Cada partido como jamais se veria
Promete ao povo e depois esquece.
Entretanto isso é somente culinária
Sendo fácil observar nas entrelinhas
Um partido é apenas indumentária
Que se veste com sopa de letrinhas.
Os partidos políticos sem conteúdo
Grassam no horário grátis da tevê
Portanto se permitem prometer tudo
Acabam convencendo também você.
Porém não é necessário ter estudo
Pra notar que é merda o que se vê.
Dado o fato de que uma (quase) atrofia cerebral acomete boa parte de nossos (futuros?) eleitores por razões óbvias: Aparência, Superficialidade, Individualismo, Hegemonia do material..., fica difícil esperançar uma ruptura para se visualizar salutares possibilidades.
ResponderExcluirAfora a aversão por POLÍTICA. Mudar, como???!!!
Caro amigo,
ResponderExcluirAinda não havia agradecido sua renovada generosidade por estar fora de Belém com muito trabalho. Agora cheguei a São Paulo e tive a chance de curtir sua postagem com o meu texto. Adorei as ilustrações. E estaremos lhe aguardando, com muita alegria e a honra de sempre, em recebê-lo.
Abs
José Carneiro