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sábado, 31 de maio de 2014

31.- UMA RESPOSTA SIBILINA

31.- UMA RESPOSTA SIBILINA
ANO
 8
M A N A U S — AM
EDIÇÃO
 2790

Um sábado de despedir Manaus. Foram três dias preciosos. Ontem a agenda foi cumprida: pela manhã a exitosa qualificação da proposta doutoral da Célia, que foi assuntada ontem aqui. À tarde, concorrida palestra na Universidade do Estado do Amazonas. Muitos autógrafos e muitas fotos. Antes e depois da palestra, promissoras sessões de orientação com Célia.
Quando a madrugada estiver terminando, estarei indo ao aeroporto. É a desejada volta para casa.
Recebi nesta quarta-feira a mensagem seguinte:
Assunto: Aos alunos do IFSP - Campus Guarulhos
Boa noite, Professor Chassot!
Primeiramente, exponho a minha gratidão por me aceitar no site Facebook. Imagino que o senhor tenha muitos compromissos e, por isso, não tenha lido as mensagens que postei.
Estamos realizando apresentações no IFSP - Campus Guarulhos sobre a matéria História da Ciência e Tecnologia (HCT), baseadas em seu livro "A ciência através dos tempos".
O professor enriqueceria muito o nosso trabalho se enviasse uma mensagem sobre a vossa leitura de mundo no que refere aos tempos que hão de vir.
Seria um oportuno recado aos novos alunos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do 1º semestre, todos com muita curiosidade em conhecer o que o mestre tem a dizer sobre o futuro da área da informática e, também, da ciência nesta área, com a vossa experiência conhecimento.
Aguardo o vosso retorno.
Atenciosamente, Claudio Kobashigawa.
Estimado Cláudio e demais discentes e docentes da disciplina História da Ciência e Tecnologia (HCT) do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São Paulo - Campus Guarulhos.
Preliminarmente dois agradecimentos: primeiro, agradeço a mensagem, que me oportunizou algumas reflexões; segundo, sou grato pelo privilégio de com A ciência através dos tempos fazermos juntos uma parceria para entender como se deu /dá / dará a construção da Ciência.
Li, reli, tresli a mensagem. Pincei um dela um pedido: uma mensagem sobre minha leitura de mundo no que refere aos tempos que hão de vir. Em mais de 53 anos como professor amealhei saberes. Acredito que a afirmação de Martin Fierro no clássico gauchesco “O diabo sabe mais por ser velho do que por ser diabo” é, de maneira usual, muito válida. Todavia, nesses anos ainda não fui agraciado com o dom da profecia. Talvez, porque nunca o pedisse até por nunca o desejei.
O pedido de vocês faz-me remontar a uma anedota histórica. Na antiguidade, soldados antes de ir para guerra consultavam oráculos, magos e adivinhos para saber seu destino. A frase resposta que recebiam: Ibis redibis non morieris in bello ou Irás voltarás não morrerás na guerra é um modelo de respostas dada por uma Sibila a um soldado que havia consultado a pitonisa acerca do êxito de sua missão. Sibilas são um grupo de personagens da mitologia greco-romana. São descritas como sendo mulheres que possuem poderes proféticos sob inspiração de Apolo. Na ilustração Dafne, a Sibila de Delfos: afresco de Michelangelo na Capela Sistina.
A frase, como todas as respostas oraculares, é propositalmente ambígua - ou sibilina. Dá margem à dupla interpretação conforme a pontuação que se queira utilizar. Se for colocada uma vírgula antes de "non" (Ibis, redibis, non morieris in bello), o significado da resposta é "Irás, retornarás, não morrerás na guerra". Portanto, a missão terá êxito. Se porém a vírgula for deslocada para depois da negação (Ibis, redibis non, morieris in bello), a frase terá sentido oposto: "Irás, não retornarás, e morrerás na guerra".
A frase resposta poderá ser sibilina: os alunos do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São Paulo - Campus Guarulhos em tempos que hão de vir, viverão realidades jamais sonhadas. Para as vivências de cada uma e cada um de vocês qualquer previsão se esboroará em realidades muito diferentes dos dias atuais.
Rejeito a hipótese de um mundo catastrófico, que cabe na sibilina resposta. Opto pela possibilidade (desejada) de um mundo fantástico. Quando escrevo esta resposta, ouço acerca do lançamento de automóveis elétricos para duas pessoas que dispensam condutor.
O mundo dos bisavós de vocês diferiu muito pouco do mundo dos avós e este foi quase igual aos dos pais de vocês. Comparem o que os pais de vocês não conheceram quando tinham a idade de vocês: telefone celular, internet, armazenamento de dados nas ‘nuvens’... e muitos inventos mais. Assim assistimos uma modificação do mundo que vivemos marcada pela rapidação. Um exemplo apenas: um bebê nascido há dois anos tem outra relação com um tablete do que uma criança de cinco anos. Isto me parece de realismo quase fantástico.
Fiquem apenas na profissão que vocês elegeram: o que fazia um analista de Sistemas há dez anos comparado com o que faz hoje. Vejam como o desenvolvimento de Sistemas há 20 anos faz o nosso século 20 parecer dinossáurico.
Assim, encerro com minha resposta sibilina: os alunos do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São Paulo - Campus Guarulhos em tempos que hão de vir, viverão realidades jamais sonhadas.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Estimado professor Chassot, boa tarde!

    Não tenho como transmitir toda a gratidão que sinto pela vossa atenção. Uma lição que aprendi
    e que se ratifica, com a vossa resposta, é que temos que dar voos altos para construirmos os ninhos mais
    seguros e os sonhos são os motivadores destes desejos.
    Dizem que os sonhos são sopros divinos que alimentam a alma do homem para que ele se supere perante
    as suas necessidades. É através dos sonhos que Deus enche o coração do homem para que ele vislumbre dias melhores.
    Tudo isto nos leva a entender a evolução do homem na ciência e na tecnologia.
    Realizei o sonho de contar com a vossa participação em nosso trabalho e é esta a mensagem
    que transmitirei aos colegas de classe. Por feliz acaso do destino, o tema que exporei com o
    colega Felipe é o último capítulo, sendo muito cabível a mensagem que o professor nos
    enviou.
    Fecharemos as apresentações com o vosso depoimento e, certamente, será uma
    reflexão para sempre a todos os jovens iniciantes da graduação.
    Sem dúvida alguma, o professor tem todo o nosso consentimento para publicar este debate
    em vosso blogue. Permita-me também que exponhamos esta publicação do blogue em nossa aula.
    O dia da apresentação será no próximo dia 13. Por um momento imaginei que poderíamos
    combinar uma videoconferência, se a vossa agenda permitisse, no horário em torno de 20:30hs.
    Entretanto, mais uma vez agradecemos pela vossa solicitude que já responde mais do que o suficiente.

    Atenciosamente,

    Claudio Kobashigawa

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