ANO
8 |
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EDIÇÃO
2761
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Como este blogue usualmente tem sua circulação à meia
noite, é natural que escreva na véspera. Assim esta edição lida na sexta-feira,
é escrita no feriado do dia do trabalho
ou dia do trabalhador. Na edição de ontem
não fiz qualquer referência à data comemorativa. Apenas dava conta que já começávamos
o segundo quadrimestre do ano.
Bem cedo o professor Vanderlei desde Frederico
Westphalen alertava: Que neste Primeiro de Maio reflitamos, também, o sentido do
trabalho. Sem esquecer os milhares de trabalhadoras e trabalhadores ainda, pela
ganância material do capital, amplamente exploradas e explorados, A recebia a apropriada recomendação quando olhava o
novo visual de jornal, que destacava quatro assertivas, cada uma ocupando duas
páginas em meio a profusas ilustrações acerca de cada uma delas. Transcrevo-as na
sequência apresentada: “Casamento virou
ser feliz”, “Trabalho virou fazer o que se gosta”, “Aprender
virou fazer experiências” e “Transporte
virou filosofia de vida”.
As mensagens publicitárias estão atreladas a celebração
dos 50 anos de Zero Hora e parecem
mostrar as modificações havidas no nosso mundo. Reli, tresli cada uma. Talvez três
delas possam traduzir novos tempos.
É provável que aquela que se conecta com a data de quando
escrevo menos espelhe a realidade. Cada uma e cada um de meus leitores, muito
provavelmente, faz do trabalho algo prazeroso. Mas...
... isso não é tão verdade para uma imensa massa (o
substantivo foi adredemente escolhido) de
mulheres e homens que vendem a sua força de trabalho por um valor não justo e
fazendo algo destrutivo para seu corpo e para sua mente.
Trago apenas um exemplo: Há mais 60.000 carvoeiros no
Brasil. Eles não têm mãos de fadas como se pode ver na foto. É um exército que
trabalha em condições subumanas e a maioria é analfabeta e se submete a
jornadas de até doze horas. Para eles, muito provavelmente o “Trabalho virou fazer o que se gosta”.
Como os carvoeiros poderíamos listar aqui dezenas de outras ‘profissões’.
Mesmo muitos leitores deste blogue, que escolheram
profissões para fazer o que gostam, hoje são submetidos fazer muitas coisas inservíveis,
como ocorre com os professores de programas de pós-graduação. Ter que publicar
em periódicos de impacto para ser considerado produtivo no sistema é bullying.
Eu gosto muito da minha profissão, mas tenho que fazer muita coisa que não gosto.
Não idealizemos a afirmação “Trabalho
virou fazer o que se gosta” pois esta ainda é distante neste voraz mundo
capitalista marcado pela competição.
Trabalhar é nobre, mas cansa
ResponderExcluirTrabalho virou fazer o que se gosta
Porém nem sempre isso acontece
Se a gente nessa afirmativa aposta
Acaba fazendo o que nos apetece.
Mas há trabalhos e “trabalhos” por aí
Há quem labuta e quem se encosta
Mas trabalho por necessidade em si
Acaba se transformando numa bosta.
Contudo, dizem o trabalho é salutar
Mas eu contra todo labor solto o berro
Porquanto labuta só me faz cansar
Então minha vontade adrede encerro.
Já dizia Drummond: hora de trabalhar
Pernas pro ar que ninguém é de ferro.
Penso que se a grande "Gaia"(Planeta Terra) fosse respeitada como um Bem Público, de todos, talvez pudéssemos, ao menos, fazer menos do que não gostamos.
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