ANO
8 |
GUARULHOS - SP
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EDIÇÃO
2791
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Agora,
junho! Por muitos um mês muito esperado. Há mais de 60 anos o Império das
Chuteiras não era cenário de uma copa do mundo, orgasmo maior dos devotos dos
deuses do futebol. Agora chegou o mês, que alguns esperam há mais de meia dúzia
de anos.
Meu
advento junino, não foi trivial. Transcrevo aqui excertos do diário de bordo
(ou melhor, do diário de sala de embarque) da vigília do mês que ao invés de
fogueiras de São João, a dona Fifa deseja loas a outras divindades. Eis algo (sem
revisão por questões obvias) do dia 31 de maio de 2014.
05h35min Levantei às 04h20min. Uma hora depois cheguei ao aeroporto Eduardo
Magalhães de Manaus, trazido pela Célia e pelo Gilberto, seu esposo. Filas de
embarque quilométricas. Sou informado que todos voos estão cancelados. Houve à
noite um acidente: devido a uma colisão com pássaro um avião pousa sem trem de
pouso. A neblina tolda a visibilidade.
10h10min A companhia aérea ofereceu um lanche. Leio a dissertação da Silvia
com um olha na pista, sonhando ver dissipar a neblina.
10h20min Somos informados que ao invés de partir às 10h51min há uma prevista
15h45min. Se tal acontecer, há que sonhar que haja conexão em São Paulo.
12h20min Completo 7 horas de aeroporto. Há regozijos na sala de embarque. Partem
os primeiros voos. Nos embarcantes há alguns que tinham voos marcados para meia
noite. Enviei ‘Caminhos metodológicos’ de 20 páginas, da dissertação da Sílvia
que revisei esta manhã. Desligo um pouco para economizar bateria. Caminho para exercitar-me.
13h31min O tempo está em marcha lenta. Já tenho cartão de embarque para voo
Guarulhos/Porto Alegre às 22h25min. Há esperanças de chegar hoje. A companhia
aérea diz que não há restaurante no aeroporto. Sim, aquele que me encantou na
quarta-feira ao chegar.
15h30min Está confirmado o embarque. Leio “Amazônia, esse mundo à parte” de
Eron Bezerra, que recebi de Kennedy Costa, do curso de Ciências da Natureza,
depois da palestra na UFAM, na quinta-feira. A bateria do notebook está por um
fio. O carregador está na mala despachada e não encontrei nenhum carregador compatível.
O carregador do telefone celular levo-o na bagagem de mão.
Neste
último registro de Manaus é preciso dizer que me senti muito acarinhado pelos
telefonemas, mensagens da Irlane, Célia, Ana Cláudia que sabendo do caos
aeroportuário iniciado com o atropelamento de uma anta em Coari, ofereceram
solidariedade e se preocuparam com minha alimentação. Comoveu-me a Aldalúcia
que veio ao aeroporto. Por chegar quando estava quase partindo, temi ir no
contra-fluxo pois o voo não era anunciado no painel e só por voz, e temi perder
o rebatizado 9905. Seria trágico para que já acumulava mais de 10 horas de
espera. Fiquei chateado que não fui, pois agora vejo que teria dado tempo.
17h40min
Depois de mais de duas horas embarcados, com portas fechadas e procedimentos de
segurança realizados, foi anunciado que o voo não partiria, pois se faria a
troca da tripulação. A do nosso voo faria Manaus/Brasília e a tripulação
daquele voo viria fazer Manaus/Guarulhos. Depois da demorada troca de
tripulação, faltava o plano de voo para a nova equipe. Este atraso de mais de
duas horas no total, poderá ser fatal para perder a conexão para Porto Alegre.
Assim partimos mais de 10 horas do plano inicial e depois de quase 12 de
aeroporto. Mas antes de começar junho, sonho estar em Porto Alegre.
DOMINGO, 01JUNHO2014.
01H15MIN Perdi a conexão em Guarulhos. O voo vindo de Manaus pousou cinco às
22h10min, cinco minutos antes de partir o voo para Porto Alegre. Não havia como
esperar mais seis pessoas e eu: alegação como o Salgado Filho está em obras —
para Copa, é claro —, o aeroporto fecha à meia-noite. Houve uma demorada
entrega de voucher para hotel e transporte, depois uma recuperação de bagagem.
Imaginem a minha. Depois ir até o terminal 2, para aguardar um micro-ônibus
para vir ao hotel. Chegamos 23h45min. O check-in no hotel foi moroso, desorganizado
e tumultuado. Uma rápida janta e agora chego ao apartamento, já com despertar
solicitado para 04h45min. Devo viajar à Porto Alegre às 8h, para às 10h
encerrar a maratona.
Ainda
um registro do voo Manaus/Guarulhos: a muita saborosa conversa com Rosana, arquiteta-professora
da UFRR e doutoranda em Arquitetura na USP. Aprendi muito, a começar acerca da
etimologia da arquitetura e a dimensão social, como por exempla a presença em
da arquitetura nas periferias urbanas e nas ocupações, assunto da tese de
doutoramento. Conversamos sobre a história da arquitetura e fizemos uma
sumarenta entrada num temo palpitante: religiões. Mais um momento para
acreditar que o mistério dos encontros é indecifrável. Sai com dever de casa,
com boa pauta para estudar.
Ainda
um viva: não tenho nenhuma viagem aérea em junho. Esta, ora em trânsito, se
espraiará pelos dias juninos.
Bom Dia Prof. Chassot!
ResponderExcluirEu, Gilberto e Jovito (que está sendo também vítima do episódio da anta) que tinha voo marcado para estar de volta a Parintins-AM as 12:40 e agora com previsão para 14:40, lamentamos os contratempos. Vimos que as empresas aéreas não estão preparadas para atender a população principalmente quando acontecem "pequenos incidente" como esse da anta que danificou o trem de pouso de uma aeronave da Total que transporta operários que trabalham na estação de URUCUM (Petrobras) no munícipio de Coari-AM. Se a TAM nos informasse com precisão o voo do Prof. Chassot (mestre muito querido por nós da Amazônia) ele não teria permanecido no aeroporto Eduardo Gomes por muito tempo, teríamos oferecido nossa casa para descansar e também ter preparado um peixe assado para que pudesse deliciar-se com um dos mais famosos peixes de nossa região o "tambaqui". Mas estamos seguros que esse episódio não deixará o Prof. Chassot vir até nós pois, se trata do "Peregrino da Ciência".
Que maratona, mestre? Estás em forma!
ResponderExcluirLembro ao mestre que nesses casos a responsabilidade é objetiva, ou seja, independente da anta, cabe uma ação. Revolta-me ter o amigo passado por esse coquetel de incompetencia.
ResponderExcluirCaro amigo prof. Chassot:
ResponderExcluirO que eu chamei, em concorrido artigo a seu respeito, de peregrinação pode ser chamada, eventualmente, de odisséia, pelo que li sobre sua "retirada" de Manaus. É de se lamentar que isso ainda ocorra, sobretudo de aeroporto de primeiro mundo, como foi sua observação ao chegar na capital do Amazonas. Nada a dizer a respeito, só lamentar o desassossego que nós passageiros/contribuintes sofremos.
José Carneiro
Querido mestre!
ResponderExcluirComo é bom chegar em casa, não é mesmo? Espero que tenha descansado bastante! Um abraço com carinho!