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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

03.- OS CADA VEZ MAIS TÊNUES LIMITES ENTRE HUMANO/NÃO HUMANO


ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2611

Procurei rastrear há quanto tempo em palestras, artigos ou capítulos de livros venho referindo os ‘cada vez mais tênues limites entre o humano/não humano’ que titula esta blogada. Recordo de um texto que preparei para o IV Congresso Internacional de Educação que ocorreu na UNISINOS, no outono de 2005.
Um tempo depois, fiz com aquela fala quase uma bricolagem para transformá-la no capítulo A Educação nas fronteiras do Humano e as relações curriculares, que está no livro Sete escritos sobre Educação e Ciências (São Paulo: Cortez, 2008), onde refiro discussões de teólogos acerca de batizar ou não robôs. Mas, já na virada do milênio, no Alfabetização científica: Questões e desafios para a Educação (Ijuí: Unijuí, 2000, 1ed) no capítulo O impacto da tecnologia na Educação discuto o assunto.
Olhando os dois capítulos, mais especialmente os exemplos trazidos nos mesmos, há a sensação que estes envelheceram prematuramente. Aliás, muito provavelmente não há área em que nossos textos envelheçam, ou quase caduquem, tão rapidamente como esta em que se investiga nossa associação com as máquinas. Aqui uma observação basilar: não me refiro ao uso de máquinas, mas à nossa associação simbiôntica com as mesmas.
Por outro lado, mesmo que há muito estejamos atentos a estas transformações a cada dia temos novas surpresas, determinadas pela rapidação de como se tornam cada vez mais tênues estes limites entre ações de robôs parecendo humanos e de humanos parecendo robôs.
No último domingo, vivi dois eventos, que a meu juízo ilustram uma e outra situação. Aceito que esteja laborando em equívocos.
Situação de robô ‘conhecendo’ sentimentos humanos: a cada fim de semana recebo uma lista alertando-me para a proximidade de aniversários de meus ‘facefriends’. Neste domingo entre 88 estavam destacados dois (um filho e um dos meus amigos mais especiais). Claro que me intriguei com esta eleição. Preciso dizer que não faço contato com eles via Facebook. Como é que os robôs sabem que dos 88 estes dois sejam os mais especiais para serem celebrado neste dezembro?
Situação de humano ‘procedendo’ como robô: menino com 1 ano e três meses incompletos, abre o tablete, liga-o, acessa o ícone do Skype, dentre as fotos dos contatos que aparecem, escolhe aquela de sua avó e a chama numa ligação transatlântica. Ante a não resposta da mesma, repete a ação e brada chamando pela avó [Foto meramente ilustrativa].
Na próxima vez que encontrar o Edni (aquele que os robôs do Google sabem que é ‘o meu amigo muito especial’), quando ele vier com seu usual prosear ‘para trocar figurinhas’ acerca dos feitos de seus netos, vou trazer este relato, no exercício do meu avonar envaidecido. Por ora parece um feito imbatível. Talvez, ainda, vejamos nossos netos curtindo na internet o relato de sua chegada, antes mesmo de deixarem a maternidade.

5 comentários:

  1. Limerique

    Porque nos velhos tempos de meu avô
    Gente era gente, não existia complô
    Agora máquina e humano
    Estão no mesmo plano
    E Homo sapiens está se tornando robô.

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  2. Interessante a denominação dada pelo Mestre para essa nossa relação com esses "robôs"; simbiótica. Realmente parece que a vida "emburreceu". No domigo próximo passado eu e a Ley fomos a uma farmácia no Catete para comprar uma tinta para o cabelo de minha mãe (apesar dos seus 93 anos completos hoje a vaidade e a lucidez persiste). Ao encontrarmos o referido produto quando o levamos ao caixa fomos surpreendidos com o aviso lacônico do caixa: "O sistema caiu!". Ótimo o sistema caiu, maravilha, mais a mercadoria tem preço certo na prateleira, não é medicamento é só receber e dar o troco. Lêdo engano o atendente com um olhar de mister de mistério e catástrofe, os quais somados resultariam em plena ignorância ratificou: " Aqui é que nem a caixa, o banco, a loteria, o sistema caiu nós não podemos fazer nada...". Indignado perguntei ao boçal se havia previsão do bendido redentor retornar ao mundo dos mortais, recebendo dele outra resposta tão absurda quanto a alegação inicial; " Não sei não, ninguem pode afirmar nada, "ele" volta quando quiser, nós estamos na mão dele." Revoltado com tamanha estupidez dirigi-me para saída quando uma funcionária, demonstrando que o prata nos cabelos é ouro no discernimento, nos interpelou juntamente com outros clientes: "Gente é só ir pagando e anotando em uma papel, quando o sistema voltar é só registrar tudo". Graças a Deus ainda há gente que não abre mão de pensar.

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  3. Já que me provocaste diante de uma situação de neto com tablet e o exercício da função inalienável de avô - lá vai uma:
    * Fui visitar recentemente os 2 netos e a neta de Belo Horizonte e estava com o meu tablet. A neta Bettina pediu que eu deixasse o tablet com ela, comprometendo-se a trazê-lo para P.Alegre no Natal.  Sem pestanejar, deixei o equipamento que me é valioso nas atividades profissionais  e ele passou a acumular por lá joguinhos que vêm não sei de onde (Ela tem 7 anos).
    Duas colegas foram visitá-la e ela mostrou radiante sua destreza no uso do tablet. As colegas - mais do que intrigadas - perguntaram: "Mas o teu avô te deixou o tablet dele ?"  E a Bettina - rápida como são os meninos e as meninas de hoje - disse: "Sim, ele me ama!".  E daí o que é mais precioso: O tablet ou o pensamento de uma neta pelo seu avô?
     

     

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  4. Meu caríssimo amigo,
    não me dera conta em que abelheiro (abelhudo) fora mexer!
    Venceste-me com tua trazida!
    A Betina sabe o avô que tem.
    Com espraiada admiração,
    achassot

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  5. Realmente as crianças estão dominando o mundo. A cada dia surpreendem mais e mais. Felicidades a todos leitores do Blog.

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