ANO
8 |
em fase de transição
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EDIÇÃO
2615
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Esta postagem entra
em circulação alguns minutos depois de chegar de um voo Santos
Dumont/Congonhas/Porto Alegre. Mais uma vez a ratificação que é muito bom
viajar, mas o melhor mesmo voltar. A viagem foi literalmente estressante. O voo
saiu do Rio com atraso de uma hora. Ao chegar em São Paulo o voo para Porto
Alegre, mesmo que não houvesse decolado, por desinformações não pude toma-lo.
Tive que trocar de companhia. Não sei de um dia já caminhei tanto e tão
desinformado em um aeroporto. O sábado começava quando cheguei em casa. Minha
maior preocupação seria não estar para as aulas desta manhã no Centro
Universitário Metodista do IPA.
Foi muito
significativo, após minha fala — que recebeu muitas referências elogiosas — ter
participado de todo ENCONTRO BRASILEIRO SOBRE MULHERES NA CIÊNCIA, que reuniu
cerca de sessenta pessoas. Ouvi as falas de mais de 10 pesquisadoras de ponta
de diversas universidades. Aprendi muito mais que ensinei nesta sexta-feira
carioca.
Nesta
blogada sabatina parece que revivi uma palavra que há muito usava. Não
encontrei a palavra lorota — que hoje
se faz manchete — em nenhuma das milhares páginas que estão nos meus escritos
no notebook. Nos últimos anos é a primeira vez que a escrevo.
Vou
ao Priberam — que perdeu muito de seu charme pelo adensamento das propagandas —
e vejo que está bem posta a palavra que mancheteio: Lorota 1. [Brasil, Popular] Mentira, conversa fiada;
gabarolice. 2. História mal contada.
A
proposta desta edição é refletir acerca de uma lorota. Nesta semana, li na abertura de um encarte de 4 páginas de
uma revenda de automóvel de Porto Alegre, esta mensagem: “VENDEMOS MAIS QUE
CARROS. OFERECEMOS CAMINHOS E ESTES REALIZAM SONHOS!” Citado de memória, pois
descartara o material, pois não imaginara referi-lo aqui.
Parece
que, nos dias atuais, quem vende caros, vende anti-caminhos. Automóveis, hoje, rigorosamente, destroem sonhos. Esta
destruição se dá em duas dimensões: individuais e sociais.
Quanto
aos primeiros, o automóvel trará
desilusão ao comprador de um automóvel. O sonho de flanar por caminhos que o
leve, qual tapete mágico, a destinos, muito provavelmente se esboroará em
congestionamentos com velocidades menores que os fantásticos ’20 quilômetros por
hora’ que maravilhava Rutherford quando relatava para mãe que conhecera em
Londres, em 1895, carruagens que não tinham cavalos.
Agora,
a dimensão social da destruição dos sonhos: se na virada do 19 para o 20,
quando se deixa de usar tração animal, onde um dos problemas ambientais era o
estrume produzido pelos cavalos, agora há algo mais grave.
A
poluição produzida por veículos automotores — portadores de dezenas de cavalos inúteis
e consumidores — é muito mais grave (e cada vez maior) que os dejetos dos
animais, deixada, então, no local de trânsito. A poluição hoje é global e
aceleração da mesma se faz devastadora.
Parece
que há que concordar: dizer algo como “Vendemos
mais que carros. Oferecemos caminhos e estes realizam sonhos!” é mesmo
uma grande lorota. Resistir aos engodos publicitários é preciso.
Querido Attico,
ResponderExcluirtua análise é uma excelente conjectura. E não adianta abrir mais vias, porque logo elas também serão ocupadas por mais carros. A única solução possível é qualificar o transporte urbano. Por aqui, sempre que posso, utilizo a bicicleta para me deslocar e tenho a certeza de que chegarei antes dos carros (já fiz vérios testes e a bicicleta acabou passando em todos na região do Recife).
Grande abraço,
PAULO MARCELO
Querido Attico,
ResponderExcluirtua análise é uma excelente conjectura. E não adianta abrir mais vias, porque logo elas também serão ocupadas por mais carros. A única solução possível é qualificar o transporte urbano. Por aqui, sempre que posso, utilizo a bicicleta para me deslocar e tenho a certeza de que chegarei antes dos carros (já fiz vérios testes e a bicicleta acabou passando em todos na região do Recife).
Grande abraço,
PAULO MARCELO
Ola Mestre! Me gustó mucho la blogada de hoy. Aliás, o mundo publicitário de hoje está repleto de lorotas, como aquelas das telefonicas, que parecem te ligar com o mundo nas promessas feitas, mas vez por outras não consigo falar com um amigo ali de Teutônia durante a semana. Ora bolas! Abraço do JB
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirO bicho homem, o que veio do barro
Com orgulho néscio inventou o carro
Ao invés de criar movimento
Fez do mundo estacionamento
Não existe no Planeta ser mais bizarro.