ANO
8 |
em fase de transição
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EDIÇÃO
2634
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Esta blogada
encerra aqui o tríduo natalino. Na terça-feira fiz uma reflexão (cognominada de
teológica) sobre a mais significativa data religiosa do Ocidente. Ontem, trouxe
aqui votos de Paz, em um pequeno texto que teve severa crítica de uma leitora,
pois se diz que não há explicita clareza no meu texto. Releio aqui:
Referia “aos que creem e aos que não creem [...] — tenho sempre dúvidas acerca da existência
real destes”. Esclareço que quis me referir aos que não creem em nada e não
que ‘pudesse pensar que não existam pessoas que não creiam em Deus’ como fui
interpretado.
Ontem referi
aqui um livro, que já comentara em outros momentos neste blogue. Trago hoje
mais informações sobre o mesmo.
ECO, Umberto; MARTINI, Carlo Maria. Em que creem os que não creem? Rio de Janeiro: Record.
1999; 160 p. ISBN
978-85-010-5527-9.
Há disponível edições em pdf.
O livro é um intenso e caloroso diálogo
entre Umberto Eco e Carlo Maria Martini. Através de cartas publicadas pela
revista italiana Liberal, encontramos
um leigo com imenso conhecimento e profundas dúvidas religiosas, e um religioso
preocupado com as questões mais pragmáticas da vida.
A existência e a invenção de Deus, os fundamentos da ética, a mulher, o sacerdócio, a liberdade de escolha e de ação frente aos imperativos religiosos, o aborto, a engenharia genética, o respeito a vida, a ideia de fim na cultura laica e a existência ou não de uma noção de esperança comum a crentes e não crentes.
Esses são alguns dos temas debatidos ao longo de um ano por um dos mais importantes pensadores laicos da atualidade e um então cardeal da uma das arquidioceses mais importante: Milão.
A existência e a invenção de Deus, os fundamentos da ética, a mulher, o sacerdócio, a liberdade de escolha e de ação frente aos imperativos religiosos, o aborto, a engenharia genética, o respeito a vida, a ideia de fim na cultura laica e a existência ou não de uma noção de esperança comum a crentes e não crentes.
Esses são alguns dos temas debatidos ao longo de um ano por um dos mais importantes pensadores laicos da atualidade e um então cardeal da uma das arquidioceses mais importante: Milão.
Ao diálogo entre Eco e Martini se somam os
filósofos Emanuele Severino e Manlio Sgalambro, os jornalistas Eugenio Scalfari
e Indro Montanelli, além do teórico de extrema esquerda Vittorio Foa, fundador
do jornal Il Manifesto, e do
ex-ministro e ex-secretário do Partido Socialista Italiano Claudio Martelli.
Esse rico debate, travado com total liberdade dialética, resulta na reflexão
dos valores fundamentais do homem contemporâneo.
Umberto Eco, autor entre outros clássicos de "O Pêndulo de Foucault" e "O Nome da Rosa", nasceu no Egito em Alexandria no ano de 1932. Laureado em filosofia na Universidade de Torino, com uma tese estética sobre São Tomás de Aquino, trabalhou na RAI e na editora Bompiani e lecionou Semiótica na Universidade de Bolonha. Como estudioso, dedicou-se à estética medieval, à arte de vanguarda e aos fenômenos da cultura de massa.
Umberto Eco, autor entre outros clássicos de "O Pêndulo de Foucault" e "O Nome da Rosa", nasceu no Egito em Alexandria no ano de 1932. Laureado em filosofia na Universidade de Torino, com uma tese estética sobre São Tomás de Aquino, trabalhou na RAI e na editora Bompiani e lecionou Semiótica na Universidade de Bolonha. Como estudioso, dedicou-se à estética medieval, à arte de vanguarda e aos fenômenos da cultura de massa.
Carlo Maria Martini nasceu em Torino em
1927, ordenando-se sacerdote pela Companhia de Jesus em 1952. Em 1958 forma-se
em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, da qual mais tarde foi
reitor. Foi elevado a cardeal em 1983 pelo papa João Paulo II. No conclave que
escolheu Ratzsinger como papa, Martini era um dos mais fortes ‘papaveis’, mas
descartado por razões de saúde. O jesuíta, ex-cardeal de
Milão, faleceu em 31AGO2013.
Essa polêmica criador criatura é de longa data. Xenocrátes na antiga Grécia dizia que se os cavalos se reunissem para eleger um deus, esse teria a imagem de um cavalo, ou seja, a "sua imagem e semelhança". Nietzsche revoltou-se contra Deus após ver o seu pai pastor devoto morrer depois de amargar dois anos de sofrimento com uma grave enfermidade, ou seja, sua descrença mais se assemelha a uma birra de um menino mimado. Baruch de Spinoza dizia que projetamos todas as nossas frustações em um ser imaginário, e que apesar de crer em Deus, o mesmo não seria essa figura aceita por todos e sim um energia dominante. Já Feuerbach da escola de Hegel atribuia a criação de deus a uma ideia humana. Teorias a parte, a grande realidade é que a necessidade de deus é uma fragilidade da existência humana. Boa fé a todos.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirAlguns dizem que deus é bobagem
E contra, seus adoradores reagem
Mas não fujamos da verdade:
De acordo com sua vontade
O homem criou deus à sua imagem.
Muito estimado Mestre Chassot,
ResponderExcluirA blogada do dia 24, que abre o tríduo natalino é muito provavelmente uma da suas melhores produções neste blogue.
O título de teólogo lhe cabe de fato.
Parabéns,
Michaela