ANO
8 |
em fase de transição
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EDIÇÃO
2618
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Uma
terça-feira significativa. Formalmente (quase) encerro, hoje à noite, o ano
letivo de 2013; meu 53º ano de magistério. Tenho ‘Atividade complementar’ com
alguns alunos que não atingiram média sete em Teorias do Desenvolvimento Humano
da turma de Educação Física e Pedagogia. Ontem ocorreu o mesmo com a turma de
Música.
Minha amiga e
ex-colega dos tempos de Unisinos, Mirian Dazzi, publicou algo de como nós
professores chegamos ao fim de ano. Não vou dizer que os transtornos sejam
tantos, mas o fechamento de notas, agora em sofisticados aplicativos, é algo
que realmente estressa.
©Alex Salim Para mim entre
lançar notas no sistema é muito mais desafiador, leia-se mais saboroso, uma
palestra como a que proferi na última sexta-feira na Casa da Ciência da UFRJ no
Rio de Janeiro — da qual Alex Salim fez registros, dos quais um, reproduzo aqui.
Já disse aqui,
que para os docentes envolvidos em programas de Pós-graduação o que deve mais eriçar
as penas da ‘coruja-ícone’ do professor são as exigências de produção de
artigos publicados em revistas especializadas, ou melhor, qualificadas como geradoras
de alto impacto na dita produção da Ciência. Essa demanda produtora de quase
pânico não é sazonal. Ela é exigente de maneira continuada. Somos sempre
lembrados que cada mais somos Homo Lattes.
A síndrome de
fim de ano tem a ver muito com a correção de provas e trabalhos e
principalmente com a apropriação de graus e de faltas em sistemas complexos, traiçoeiros
e instáveis. Estes, nesta época do ano, são acessados simultaneamente por
muitos professores (tentando publicar notas) e alunos (desejando saber seu
desempenho). Aquela desculpa de sempre: o
sistema caiu é recorrente. O que há um tempo era feito por burocratas na
secretaria da instituição hoje, são os professores que fazem.
Para não
parecer que exagero, trago três breves excertos, recebidos ontem de mestrandas
que são minhas orientandas, em respostas independentes, ante minha cobrança de
produção:
Olá
professor... por aqui tudo bem. Mas o fim de ano nos exige muito. Essa semana
finalizo minhas atividades na escola, então retomo minhas atividades do
mestrado (ABC).
[...] Estou
com a síndrome do fim de ano. Agora é parecer e mais parecer de alunos. Provas,
correções, Mostra do Ensino Médio Politécnico, formatura de duas turmas a qual
sou regente, viagem de final de ano com os alunos, livros das aulas do mestrado
para resumir e apresentar, artigos para encaminhar, família para dar um
"oi" e eu, às vezes, preciso dormir e descansar. Será possível fazer
isto em 24 horas? Eu não estou conseguindo (DEF).
[...] Estou
com dificuldades de escrever, estou com dificuldades de organizar o meu tempo e
de vencer todas as tarefas e burocracias desse final de ano, sendo franca: de
todo esse ano (GHJ).
Não desconheço
que professores da Educação Básica têm outros mal-estares. Sei que devem ser
mais árduos. Aturar o desrespeito de alguns adolescentes é, talvez, muito mais
difícil que lançar notas no sistema.
Boa noite professor, muito pertinentes suas palavras, como sempre. Quisera eu que meus problemas fossem passar notas, elaborar pareceres ou qualquer coisa que o valha. A moléstia me atacou forte, mais quinze dias de afastamento para tratamento. É, às vezes ou quase sempre, buscarmos realizar um trabalho sério, comprometido, com dedicação e ética nos custa muito caro. Abraços
ResponderExcluirMuito querida Maribel,
ResponderExcluirRealmente há transtornos de saúde muito maiores que aquelas chatices que listei.
Peço que releves ter superdimensionado minhas agruras.
Lamento que algo muito mais grave tenha te ocorrido.
Na torcida pelo mais pleno e mais rápido restabelecimento.
Com continuada admiração
attico chassot
Homenagem aos professores aos quais tudo devo:
ResponderExcluirPROFESSOR
Ser professor é professar consciente
Que conduz neste mundo pesado fardo
E perceber que esse montão de gente
Deve seduzir como se fosse um bardo
Ser professor é professar paciência
E saber que no mundo tem um lugar
Lecionar humanidades e ciência
E de bem com a vida sempre estar
Professor é um exemplo a ser seguido
Pois está sempre à frente do rebanho
Então ao caminho a seguir dá sentido
Planta letras, da palavra faz amanho
E ao fim da vida diz, valeu ter vivido
Porquanto em tudo que fez teve ganho.
Querido Attico,
ResponderExcluirnão nos esqueçamos do desinteresse de uma boa parcela de estudantes que "já passaram" e que, por isso, acham que não precisam mais dedicar-se aos estudos e provas como antes.
Querido Chassot, em resumo, eu acho que o salário dos professores deveriam ser os melhores do mundo. Amo vocês!!!
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