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domingo, 14 de abril de 2013

14.- A FALSA BOA IDEIA



ANO
7

EDIÇÃO
2447
Nesta ligeira blogada domingueira sou ajudado por Ruy Castro. Transcrevo A falsa boa ideia da p. A2, da Folha de São Paulo desta sexta-feira. Minha única participação foi aditar dois dos muitos Edsel que disponíveis na web. Saudosistas os curtirão! Autorizei-me também a substituir no texto o gentílico americano por estadunidense.
A falsa boa ideia Sempre achei que a origem de uma expressão deveria ser estudada pelos linguistas com o amor com que os astrônomos se debruçam sobre o nascimento de uma estrela. Lembrei-me disso outro dia ao saber da morte de Roy Brown Jr., um designer estadunidense cuja grande criação — um carro que ele bolou para a Ford nos anos 50 — tornou-se sinônimo nos EUA de "a bold bad idea", uma ousada má ideia. E que no Brasil se traduziu para, melhor ainda, "a falsa boa ideia".
O carro criado por Brown em 1957 foi o Edsel, um rabo de peixe cheio de bossas para a época, como ar-condicionado, alerta automático para gasolina no limite e outro para velocidade acima da predeterminada pelo motorista. A campanha de lançamento foi maciça: "Nunca houve um carro como o Edsel". Foram postas no mercado 200 mil unidades em 18 modelos e outras tantas cores. Mas, dois anos depois, menos da metade tinha sido vendida. Humilhado, o Edsel saiu de linha e surgiu a expressão "falsa boa ideia".
Por que o Edsel fracassou? Talvez porque os rabos de peixe estivessem ficando fora de moda. Ou porque o Edsel bebesse muito. Ou pela chegada dos carros europeus. Como se não bastasse o prejuízo, a Ford detestou que o nome do filho único do fundador Henry Ford — Edsel —ficasse associado a um fiasco.
Quando o Edsel foi lançado, Roy Brown tinha 40 anos. De certa forma, sua carreira acabou ali. Mas ele nunca aceitou que o carro fosse ruim. Tanto que, pelo resto da vida, nunca dirigiu outro — conservou vários. E olhe que, ao morrer, outro dia, tinha 96 anos.
Em vez de defender seu caro até o fim, Brown deveria ter ficado orgulhoso de sua contribuição linguística. "Falsa boa ideia" é um achado. E indispensável para definir quase tudo que — como ele — eu, você, o governo, a oposição, enfim, todos nós vivemos cometendo.

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Limerique

    Se uma boa ideia mostrou-se falsa
    Pergunta-se que tem o c* com a calça?
    Se falsa, então não é boa
    Se não "pega" é de proa
    Pior de tudo é uma mala sem alça.

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  3. A falsa boa idéia me parece uma questão de ponto de vista. Mesmo que o sucesso ou o insucesso da mesma nos traga uma avaliação errônea. O próprio Ford foi um dos maiores financiadores do nazismo, a seu ver na época uma boa idéia.

    abraços

    Antonio Jorge

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  4. Ao Grande Mestre Chassot : E ainda pegando carona no seu Edsel, a revista Times na época publicou que foi um clássico caso de carro errado para o público errado na época errada, e que dos 200 mil de carros produzidos, apenas um foi roubado. Aparentemente nem os ladrões o queriam, e ainda para o desespero da Ford ou de Roy Brown,os muitos críticos da época afirmaram que a razão da baixa venda foi que sua frente lembrava o órgão sexual feminino.Prá sorte de poucos quanto será que está valendo hoje " A bold bad idea " aos colecionadores hem? ( Será que eu,você,governo, a oposição enfim podem comprar? ) Um forte abraço Ley

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    1. Muito bem colocada a questão,,,,"foi um clássico caso de carro errado para o público errado na época errada".
      As vezes temos boas idéias... mas no contexto errado ou não apropriado.

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  5. Muito estimada LeY,
    obrigado por enriqueceres, de maneira usual as postagens deste blogue.
    Veja quanto aditas acerca do Edsel, que nem os ladrões queriam.
    Muito grato de te ter como uma atenta leitora aqui,

    attico chassot

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  6. Apenas parodiando, o iPhone criado por Jobs foi a ideia certa para o público certo na hora certa. Antes dele muitos criaram dispositivos portáteis mas faltava alguma coisa. Acredito que se o Edsel tivesse utilizasse a tecnologia embarcada em um modelo inovador ao invés de relançar um clássico de luxo o mesmo poderia ter sido sim um sucesso. Isso acontece com ideias que demoram para serem lançadas... ficam velhas antes do tempo. Agora imagina se Itamar fosse presidente dos Estados Unidos e patrocinasse o relançamento do Edsel, já pensou ?

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