ANO
7
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EDIÇÃO
2446
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Se a última dica de leitura (06ABR13) narrou o conto Papa
Francisco, o breve — que li, não sem emoções, num painel, na
quarta-feira no Unilasalle — hoje se inaugura aqui alternativa para as leituras
sabatinas: dar vez e voz aos leitores. Assim, textos de 300 a 400 palavras são benvindos
para se fazer edições deste blogue.
Inaugura a modalidade Antônio Jorge Furtado, que se
apresenta como “nascido em Belém, sempre cursei escolas públicas. Estudei no
saudoso Liceu Nilo Peçanha em Niterói e também na Escola Técnica Estadual
Henrique Lage onde cursei eletrônica. Sempre amante da ciência fiz diversos cursos
nas mais variadas áreas. Muito cedo, por concurso, ingressei no serviço público,
onde implantei diversos serviços gerenciando e auxiliando na logística dos
mesmos. Atualmente curso direito na Faculdade Cândido Mendes em Niterói”.
À blogada de ontem, ele escreveu: “[...] confesso o hábito
rotineiro e matinal de ler Attico Chassot à mesa do café da manhã. Em nossa
casa esta leitura transforma nossa manhã em um verdadeiro café cultural onde
alimentamos a carne e o espírito. Esses debates se prolongam durante o dia e
estimulam novas leituras [...]”
O texto de Antônio Jorge foi catalisado pela edição de
terça-feira: saberes primevos e comentário acerca do Google. Com votos de um
frutuoso sábado, Antonio Jorge fazendo a blogada sabática.
Muito profícua vossa mensagem. Na realidade nós leitores que
enriquecemos nosso intelecto com as doses diárias do vosso saber. Atrevo-me a
relatar pequeno episódio ocorrido no meu cotidiano. Relato-o em forma de
pequeno conto.
A família, recém-chegada de um estado do norte, trazia na bagagem dois filhos, o menino de aproximadamente nove anos, e a mocinha pré-adolescente de 14 anos. Esta o grande orgulho do pai pelas suas boas notas escolares. Após um breve período de adaptação, filhos matriculados na rede de ensino particular, veio o pedido; "O senhor pode dar um reforço no estudo dos nossos filhos, estamos preocupados mais com o menino?"
Com a minha aquiescência Marieta começou a frequentar nossa mesa à noite e absurdos diálogos começamos a travar. De uma breve passada nos livros observamos que já constava na sua grade geometria, física, química, geografia moderna etc. logo aos primeiros contatos tivemos as tristes constatações.
— Marieta, então tirando x, você tem seis divido por dois, dá...?
A família, recém-chegada de um estado do norte, trazia na bagagem dois filhos, o menino de aproximadamente nove anos, e a mocinha pré-adolescente de 14 anos. Esta o grande orgulho do pai pelas suas boas notas escolares. Após um breve período de adaptação, filhos matriculados na rede de ensino particular, veio o pedido; "O senhor pode dar um reforço no estudo dos nossos filhos, estamos preocupados mais com o menino?"
Com a minha aquiescência Marieta começou a frequentar nossa mesa à noite e absurdos diálogos começamos a travar. De uma breve passada nos livros observamos que já constava na sua grade geometria, física, química, geografia moderna etc. logo aos primeiros contatos tivemos as tristes constatações.
— Marieta, então tirando x, você tem seis divido por dois, dá...?
— Seis
— Não, Marieta, presta a atenção, você tem seis reais para dividir para duas pessoas...
— Quatro
— Olha, você, não está prestando a atenção, vou desenhar uma pizza para gente entender esta divisão.
— Não, Marieta, presta a atenção, você tem seis reais para dividir para duas pessoas...
— Quatro
— Olha, você, não está prestando a atenção, vou desenhar uma pizza para gente entender esta divisão.
Muitos outros diálogos como este nos demonstraram que Marieta, tida como ótima
aluna para os pais, e talvez no colégio de origem não sabia o básico. Como
falar com ela sobre número de valência, spin, massa, área etc.? Quase tive que
reler Piaget para saber se meus ensinamentos não estavam precoces talvez a
conservação de volume [como mostrado na ilustração]e de massa só ocorra, agora,
na adolescência.
Mas o mais triste veio depois.
— Marieta, você estuda na parte da manhã, porque não vem estudar aqui com a gente de tarde, o que é que você faz a tarde?
— Ah tio, eu faço pesquisas. Estou agora lendo sobre os iluminatis, essa tarde assisti mais de 250 vídeos!
Disse isso e mostrou uma folha de caderno ofício escrita com uma caligrafia super caprichada com conceitos a ermo sobre o tal tema.
Conclusão, o que falta ao nosso ensino é trazer ao aluno interesse maior em tê-lo, em absorvê-lo. Aquela mesma menina que não conseguia fixar a atenção aos conceitos básicos da matemática, era a mesma que passava uma tarde dedicando-se a uma consulta extensa sobre um tema que a fascina.
Mas o mais triste veio depois.
— Marieta, você estuda na parte da manhã, porque não vem estudar aqui com a gente de tarde, o que é que você faz a tarde?
— Ah tio, eu faço pesquisas. Estou agora lendo sobre os iluminatis, essa tarde assisti mais de 250 vídeos!
Disse isso e mostrou uma folha de caderno ofício escrita com uma caligrafia super caprichada com conceitos a ermo sobre o tal tema.
Conclusão, o que falta ao nosso ensino é trazer ao aluno interesse maior em tê-lo, em absorvê-lo. Aquela mesma menina que não conseguia fixar a atenção aos conceitos básicos da matemática, era a mesma que passava uma tarde dedicando-se a uma consulta extensa sobre um tema que a fascina.
Mestre Chassot, fico lisongeado com a deferência recebida. Em relação a historieta vale acrescentar que a "Marieta" alternava frenéticamente entre nossa mesa e o computador para interagir com os seus mais de 400 amigos no facebook.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirNão se ensina como se põe mesa
Tem-se que manter a chama acesa
Ensino não é ciência exata
É como tocar uma sonata
Ensino é uma caixinha de surpresa.