ANO
7
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EDIÇÃO
2437
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Como anunciado na edição
de ontem, transcrevemos a parte final da entrevista de Richard Dawkins. A
apresentação e as primeiras perguntas foram apresentadas ontem. A
apresentação e as primeiras perguntas foram trazidas ontem. Preciso registrar
dois detalhes acerca da postagem da primeira parte da entrevista: 1) assuntos
como este são ao gosto dos leitores, levando a um recorde de visitas em 2013
(quase 300 no Brasil e mais oito países), isto catapultados por colegas que indicaram
as edições de ontem e hoje para seus grupos de pesquisa, como pude ver no
Facebook. 2) o alto nível de polemistas em campos opostos, trazendo uns e
outros argumentos respeitáveis. Isto posto, à segunda parte da entrevista, com
Dawkins:
O senhor diz que há uma tendência ao silêncio em
relação às doutrinas religiosas dos outros, que as pessoas evitam debater sobre
suas próprias crenças, e que esse fato é nocivo à sociedade. Não seria
necessário simplesmente respeitar as diferentes crenças das pessoas?
Não devemos respeitar crenças que influenciam a vida de crianças e que vão contra conhecimento dado como consenso na comunidade científica.
Não devemos respeitar crenças que influenciam a vida de crianças e que vão contra conhecimento dado como consenso na comunidade científica.
Uma coisa é uma pessoa dizer que acredita em Papai
Noel e manter esta crença dentro de sua família -ainda que eu considere uma
pena para os filhos.
Quando algumas pessoas, contudo, começam a ensinar
que a Terra tem apenas cerca de 10 mil anos, aí eu acho um absurdo e quero
lutar contra isso.
Um novo papa acaba de ser eleito. Ele é argentino.
É possível dizer que isso representa um avanço em termos políticos da fé no
mundo em desenvolvimento?
Se pensarmos que haverá uma menor centralização política daqueles que determinam o futuro da Igreja Católica, sim, sem dúvida.
Se pensarmos que haverá uma menor centralização política daqueles que determinam o futuro da Igreja Católica, sim, sem dúvida.
No Brasil, a Igreja Católica tem perdido fiéis para
outras tradições protestantes. Alguns atribuem tal fenômeno à dinâmica dos
rituais católicos, ainda bastante hierarquizados e tradicionais, se comparados
às religiões protestantes.
Não conheço bem o contexto brasileiro, mas é possível imaginar que a não participação ativa dos fiéis nas missas católicas é um dos fatores que provavelmente têm contribuído para tal queda.
Não conheço bem o contexto brasileiro, mas é possível imaginar que a não participação ativa dos fiéis nas missas católicas é um dos fatores que provavelmente têm contribuído para tal queda.
Explicando melhor, os rituais protestantes nos EUA
são como shows, os participantes dançam, cantam, tocam instrumentos.
Suponho que no Brasil as missas ainda tenham um
formato bastante tradicional e que provavelmente tenham pouco apelo social para
conquistar seguidores jovens.
Em sua obra, o senhor dá ênfase à possibilidade de
qualquer um rejeitar crenças religiosas ou vivências espirituais e ainda assim
ter uma vida plena e ética. Sem as religiões, onde é que encontraríamos códigos
morais?
Suspeito que não encontramos regras morais nos ensinamentos religiosos. Se fosse esse o caso, nossa conduta moral não se alteraria praticamente a cada década. Seria estanque.
Suspeito que não encontramos regras morais nos ensinamentos religiosos. Se fosse esse o caso, nossa conduta moral não se alteraria praticamente a cada década. Seria estanque.
Pense que até bem recentemente nós considerávamos a
escravidão como algo normal e que também as mulheres não deveriam participar
dos processos democráticos.
E quanto ao que não conseguimos explicar? Não vem
daí uma das "necessidades" da religião e da crença no
"sobrenatural"?
Essa talvez seja uma das explicações que mais me aborrecem para se crer em uma deidade.
Essa talvez seja uma das explicações que mais me aborrecem para se crer em uma deidade.
Eu gostaria que as pessoas não fossem preguiçosas,
covardes e derrotistas o suficiente para dizer: "Eu não consigo explicar,
portanto isso deve ser algo sobrenatural". A resposta mais correta e
corajosa seria a seguinte: "Eu não sei ainda, mas estou trabalhando para
saber".
Acabam de ser divulgados os primeiros resultados
das pesquisas sobre índices de felicidade idealizados pelo governo do
primeiro-ministro britânico, David Cameron. O sr. já investigou a relação entre
religiosidade e felicidade?
Não vi os resultados ainda. Quanto à relação entre religiosidade e felicidade, ainda que eu não tenha estudado o assunto, é possível prever que tal correlação é mais um mito do que um fato.
Não vi os resultados ainda. Quanto à relação entre religiosidade e felicidade, ainda que eu não tenha estudado o assunto, é possível prever que tal correlação é mais um mito do que um fato.
Os países que apresentam melhores índices de
desenvolvimento humano e, em tese, uma melhor condição para a existência da
felicidade, são países com o maior número de ateus do mundo.
Seus cidadãos encontram bem-estar, alegria e
consolo nas possibilidades sociais, culturais e intelectuais concretamente
disponíveis em seus países, não em entes divinos.
Já ouvi uma vez um comentário o qual adito agora, pois sua veracidade ratifica-se na entrevista postada. "Quer ouvir falar de Deus? Vá conversar com os ateus!" Certamente, Deus está muito mais "na boca" dos ateus do que entre as conversas de pessoas que nele crêem. Porque será? Porque a fé é mansa e serena, tal qual o fio de prata descrito por Rui Barbosa em "A Paixão da Verdade". Realmente é fácil e prazeroso viver com fé, difícil deve ser viver sem ela. Pela falta de fé o homem se permite desmandos a exemplo do holocausto, porque uma pessoa que realmente seja temente a um Deus não tem tais procedimentos. Talvez se tivesse fé Tarquínio o soberbo não tivesse levado a doce Lucrecia a desgraça do suicídio. E quantos "Tarquínios" eclodiram e eclodem até os dias de hoje pela falta de uma certeza de que existirá uma cobrança maior. Não estou evocando a velha piada, tão bem contada pelo nosso Mestre Attico em suas contagiantes palestras; "homem mau com quatro letras-ateu". Quero enfatizar que a fé é subjetiva, e curioso é observar que se incomoda muito mais quem não a tem. Ninguem até então provou cientificamente que Deus existe, e muito menos que não existe.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirHomem/deus dicotomia que intriga
Qual razão para existir essa liga?
Será por mera travessura?
Poderia ser outra criatura
Porque deus não parece com formiga?
Limerique
ResponderExcluirSe observadas evidências somem
Da natureza vieram espécimens
Tão certo como zeus
Inexiste qualquer deus
Porque deus está na mente do homem.
Limerique
ResponderExcluirPara explicar o que não sabemos
E colocar tudo na cesta, aunemos
Talvez por trigonometria
Deus tudo criou em sete dias
Ente que não sentimos, sequer vemos.
Limerique
ResponderExcluirSe há uma verdade, e uma só
Não contrária à ciência, porém pró
Está até nas escrituras
Que nós como criaturas
Dele viemos e voltaremos ao pó.
Ao Mestre Chassot:Eu consigo explicar a meu modo, as coisas boas estão em nós assim como as coisas ruins. Basta fazermos e para fazer independe da vontade de Deus se ele existe ou não.As vêzes Mestre me pergunto será que o homem pode dizer que não precisa mais de Deus? ou com o avanço da tecnologia em todas as áreas levam a achar que tudo pode?. Vejam o que diz o Físico Alemão Alberto Einstein- prêmio Nobel . " Todo profundo pesquisador da natureza deve conceber uma espécie de sentimentos religioso, pois não pode admitir que ele seja o primeiro a perceber os extraordinariamente belos conjumtos de seres que ele comtempla. No universo, imcompreensível como ele é, manifesta-se uma inteligência superior e ilimitada. A opinião corrente que sou ateu, baseia-se sobre grande equívoco, quem quisesse desprender de minhas teorias científicas não teria compreendido o meu pensamento. Concluo o que diz em Atos dos Apóstolos 2 vesículo 44 até 46 pelo um mundo bem melhor. Talvez é isso que consigo dizer. Um forte abraço Ley
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirRichard Dawkins, o cientista ateu
Autêntico, nem um pouco fariseu
Vê por detrás do muro
Sobre isso está seguro
Na verdade, Richard Dawkins sou eu.
Limerique
ResponderExcluirJudeu, muçulmano e até cristão
Inventaram a alma para dar coesão
Criaram também o tal céu
Para onde não vai incréu
Tudo isso suporte para religião.
Limerique
ResponderExcluirCriou-nos a sua imagem há quem diga
Essa arrogância realmente me intriga
Se todos somos animais
Por suposto então iguais
Por que deus não tem cara de formiga?
Meu caro Chassot!
ResponderExcluirO Richard Dawkins segue polêmico em sua obra DEUS, UM DELÍRIO! Quanto à perda de fiéis por parte da religiao catolica realmente tem a ver com a espetacularização destes eventos, muito bem lembrado pelo GUY DEBORD. E há disponibilidade desta obra em versao on-line no endereço http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/socespetaculo.pdf
Abraço do JB e estou com saudade de nosso almoço. Quem sabe?
Meu caro Jairo,
ResponderExcluira madrugada aqui na fria Dom Pedrito ~~ ver blogue de hoje ~~ é completada com a companhia de Guy Debord. Não conhecia ‘A sociedade do espetáculo’. A primeira espiadela me entusiasma. Muito obrigado. Disponível para almoço. Nesta quarta-feira, á noite falo no Unilasalle num painel sobre o Papa Francisco.
Uma boa sexta-feira,
attico chassot
Freud é outro intelectual ateu. Não sei se podemos incluir Freud na militância ateísta, porque, curiosamente, o primeiro psicanalista leigo a integrar o círculo de Freud foi o pastor e teísta militante, Oskar Pfister. Ele foi colaborador e amigo de Freud e o acompanhou até a morte em Londres. Tanto a tradição psicanalítica ignora a presença e a contribuição do Pastor Pfister no grupo de intelectuais que trabalharam com Freud; quanto a tradição teológica não aceitou que um dos seus tenha colaborado com Freud. A psicóloga e Dra. em Teologia, Karin Hellen Kepler Wondracek, rompe com essa “ignorância psico-teológica” ao organizar a tradução e publicação do livro “Cartas Entre Freud e Pfister: Um diálogo entre a psicanálise e a fé cristã”, em segunda edição, pela Editora Ultimato de Viçosa/MG. Além de traduzir a correspondência, essa pesquisadora organizou o livro “O futuro e a ilusão: um embate com Freud sobre psicanálise e religião” publicado pela Vozes em 2003, com o qual contribui com o capítulo “Psicanálise da igreja e da religião. O pastor e psicanalista Pfister: a alma da cura d'almas”. A tese doutoral da Prof. Karin foi publicada pela Sinodal de São Leopoldo em 2005, sob o título “O amor e seus destinos: a contribuição de Oskar Pfister para o diálogo entre teologia e psicanálise”.
ResponderExcluirMeu caro Evaldo,
ResponderExcluirmeu amigo e coordenador, aqui de Dom Pedrito, no intervalo de duas falas, a imensa gratidão por tão denso comentário que enriquece esta blogada.
Abriste-me mais pistas de leituras em seara que sou neófito,
attico chassot