ANO
9 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
|
EDIÇÃO
2996
|
Quando em 22NOV2014 falava na II Mostra Científica do Instituto
Estadual de Educação Paulo da Gama, em Porto Alegre, destacava que estávamos em
um evento marcado por homenagear mulheres. Recordava Hipátia do século 4º como
a homenageada da 1ª edição e agora, na edição de 2014, Marie Curie, do século
20, Dizia que há uma vacuidade de mulheres nos 16 séculos que medeiam a presença
das duas.
Hoje este blogue revela uma figura excepcional: MARGARET LUCAS CAVENDISH, Ela
uma das figuras mais excepcionais do século 17, Com muito orgulho trago aqui,
talvez, o primeiro texto em língua portuguesa sobre a primeira cientista do
Reino Unido.
Margaret Lucas Cavendish (1623-1673)
foi uma das primeiras mulheres autora de obras científicas. Cientista e
escritora prolífica escreveu aproximadamente 14 livros científicos. Ajudou a
popularizar algumas das ideias mais importantes da revolução científica,
incluindo as filosofias naturais vitalistas e mecanicistas concorrentes e atomismo.
Foi uma das figuras mais importantes do Século 17.
Margaret Lucas nasceu em uma família
abastada, perto de Colchester, Inglaterra, em 1623, como a caçula de oito
filhos de Sir Thomas Lucas. Ela foi educada informalmente em casa. Com a idade
de dezoito anos, ela deixou a casa paterna para se tornar dama de honra de
rainha Henrietta Maria, esposa de Charles I. Acompanha, então, a rainha para o
exílio na França, após a derrota dos monarquistas na guerra civil. Lá, ela se
apaixonou e se casou com William Cavendish, o Duque de Newcastle, um viúvo de
52 anos, que tinha sido comandante das forças monarquistas, no norte da
Inglaterra. Reunindo-se a outros monarquistas exilados em Antuérpia, o casal
alugou a mansão do artista Rubens.
Margaret Cavendish organizou, pela primeira
vez, uma reunião cientifica informal do "The Newcastle Circle," que
incluía os filósofos Thomas Hobbes, René Descartes e Pierre Gassendi. Foi nessa
época que Cavendish ganhou reputação por vestir-se de maneira exótica, bem como
por sua beleza e sua poesia bizarra. Cavendish se orgulhava de sua
originalidade, destacando que suas ideias foram os produtos de sua própria
imaginação, e não derivado dos escritos de outros.
A primeira antologia de Cavendish, Poems,
and Fancies (Poemas, e fantasias), de 1653, incluía a versão mais antiga de
sua filosofia natural. Embora a teoria atômica inglesa no século 17 estivesse
em seus primórdios, ela tentou explicar todos os fenômenos naturais como
matéria em movimento e em sua proposta filosófica todos os átomos continham a
mesma quantidade de matéria, mas diferiam em tamanho e forma; assim, os átomos
de terra eram quadrados, os da água de água redondos, os átomos do ar eram longos
e os oo fogo eram como lâminas afiadas. Isso a levou a propor uma teoria
humoral da doença, em que esta era devida a combates entre átomos ou uma
superabundância de uma forma atômica.
No entanto, em um segundo volume,
Philosophical Fancies (Fantasias filosóficas), publicado no mesmo ano,
Cavendish já havia repudiado a sua própria teoria atômica. Em 1663, quando
publicou Philosophical and Physical Opinions, (Opiniões filosóficas e físicas),
ela propôs que os átomos fossem ‘matéria inanimada’ para em seguida afirmar que
eles teriam ‘o livre-arbítrio e liberdade’ e, portanto, estariam sempre em
guerra uns com os outros e incapazes de cooperar na criação de organismos
complexos e minerais. No entanto, Cavendish continuou a ver toda a matéria como
sendo composta por algo inanimado inteligente, em contraste com a visão
cartesiana de um universo mecanicista.
Em 1660, Cavendish e seu marido voltam
para a Inglaterra com a restauração da monarquia e, pela primeira vez, ela
começou a estudar os trabalhos de outros cientistas. Encontrando-se em
desacordo com a maioria deles, ela escreveu, em 1664, Philosophical Letters:
or, Modest Reflections upon some Opinions in Natural Philosophy, maintained by
several Famous and Learned Authors of this Age, Expressed by way of Letters
(Cartas Filosóficas ou, modestas reflexões sobre algumas opiniões em Filosofia
Natural, mantida por vários famosos e estudados autores destes tempos, expressa
por meio de cartas). Cavendish enviou cópias deste trabalho, juntamente com o
livro Philosophical and Physical Opinions, por mensageiro especial para
os cientistas mais famosos e celebridades as época. Em 1666 e novamente em
1668, ela publicou Observations upon Experimental Philosophy (Observações
sobre Filosofia Experimental), como uma resposta a livro Micrographia de
Robert Hooke, no qual ela ataca o uso de microscópios e telescópios
desenvolvidos recentemente assegurando levara falsas observações e
interpretações do mundo natural. Incluído no mesmo volume com observações foi The
Blazing World (O mundo ardente) um romance utópico semi-científico, no qual
Cavendish declarou-se "Margaret, Primeira".
Convidada
para a Royal Society Mais
do que qualquer outra coisa, Cavendish ansiava em ter o reconhecimento da
comunidade científica. Ela se apresentou às universidades de Oxford e
Cambridge, com cada uma de suas publicações e também apresentou seus escritos à
Universidade de Leyden, esperando assim que seu trabalho seria utilizado por
estudiosos europeus.
Depois de muito debate entre os
membros da Royal Society de Londres, Cavendish tornou-se a primeira mulher a
ser convidada a visitar a prestigiosa instituição, embora a controvérsia tenha
se dividido entre a sua notoriedade e o fato de ser mulher. Em 30 de maio de
1667, Cavendish chegou com um grande séquito de assistentes à Royal Society.
Ela viu como Robert Boyle e Robert Hooke pesavam ar, demostravam a corrosividade
de ácido sulfúrico e realizavam várias outras experiências. Foi um grande
avanço para uma mulher envolvida com a Ciência e um triunfo pessoal para
Cavendish.
Cavendish publicou, em 1668 a revisão
final de seu já mencionado Philosophical and Physical Opinions, agora
intitulado Grounds of Natural Philosophy ((Fundamentos da Filosofia
Natural). Significativamente mais modesta do que seus trabalhos anteriores,
neste volume Cavendish apresentou seus pontos de vista um tanto tímida e
retraída em relação a algumas de suas propostas anteriores, agora menos
extravagantes. Cavendish atuou como sua própria médica, e suas prescrições
auto-impostas, como purgações e sangramentos determinaram numa rápida
deterioração de sua saúde. Ela morreu em 1673 e foi enterrada na Abadia de
Westminster, onde posteriormente foram sepultados Newton, Darwin, Rutherford e
outros nomes da Ciência.
Embora seus escritos se mantivessem
bem fora da corrente principal da ciência do século 17, os esforços da
Cavendish foram de grande importância. Ela ajudou a popularizar muitas das
ideias da revolução científica e ela foi uma das primeiras filósofas naturais
para argumentar que a teologia estava fora dos parâmetros da pesquisa
científica. Além disso, seu trabalho e sua proeminência recebeu reconhecimento como
primeira cientista mulher da Inglaterra, que contribuiu muito fortemente para a
educação das mulheres e o envolvimento das mesmas em atividades científicas.
Além de seus escritos científicos, Cavendish publicou um livro de discursos, um
volume de poesia, e um grande número de peças de teatro. Vários destes últimos,
particularmente The Female Academy (A Academia Feminina), incluído mulheres e argumentos em favor
da educação feminina. Um de seus trabalhos mais laboriosos foi uma biografia de
seu marido, incluída como um apêndice de seu livro de memórias de 24 páginas,
foi publicado pela primeira vez em 1656. Este livro de memórias é considerado
como a primeira grande autobiografia secular escrito por uma mulher.
Uma característica da jovem Cavendish certamente era a determinação, qualidade alias muito presente na maioria das mulheres.
ResponderExcluirChassot,
ResponderExcluirfiquei encantado pela Margaret. Fascinante pensadora, provocadora e revolucionária... Deu-me pena do pobre Hooke ao saber que não era mal quisto somente por Newton. Invejei-a ao ver a época e o local onde viveu. Certa ou errada em muitos aspectos, era alguém que pensava, que agitava as sinapses e que produziu muito. O mundo precisa de pessoas assim. Lamento que não possamos viajar no tempo para conviver com essa hárpia. Adorei a história. A raiva dela pelos microscópios fez-me pensar em nossa raiva por e-books… Já leste sobre Mary Anning? Vale uma blogada. Abraços
Meu Caríssimo Guy,
ResponderExcluirpor tua indicação leio sobre Mary Anning que não conhecia. Significativa a dimensão de 'vendedora' em geral não referida em biografias de cientistas. Conta-se que Galileu vendeu telescópios aos mercadores de Veneza e Kepler vendia horóscopos.
O posto de musa inspiradora da III Mostra do IEEPG será disputado entre Margareth Cavendish e Mary Anning,
Bom inverno no Hemisfério Norte e desejo, também, muita alegria pelas festas natalinas que têm a magia de congregar, sem distinção, crentes e não crentes