ANO
9 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2980
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Há um advogado de São Paulo, que a cada dia me envia cerca de meia dúzia de
mensagens. Investe contra o MST, o PT, Cuba, os pobres. Celebra com saudades os
governos militares. Defende a separação da região sul do resto do país. É daqueles que perdeu o primeiro e o segundo turno e agora quer o coturno. Várias
mensagens são pessoais contra mim, ridicularizando-me, assim endereçadas em 'isspicial
prú amígu profeçôr Attico Xaçô'. Poderia processá-lo por bullying internético.
Mas, deve ser um pobre de espírito.
Mas, há dias recebo uma mensagem que tinha como assunto: Cuidado com os novos
vícios. Não a coloquei logo no lixo. Vejo que senhor Roberto Capecci também
pode ter bom humor. Assim nesta domingueira, trago historieta de mensagem que
ele me enviou. Claro, que não de sua autoria. Ele parece que não teria tal
criatividade. O crédito oferecido aqui é apenas de copista-remetente. Mas a
historinha vale a pena.
O Analista de Sistemas e a Engenheira
Um analista de sistemas meio introvertido finalmente conseguiu
realizar o sonho da sua vida: um cruzeiro. Era
algo inédito para ele até então. Estava começando a desfrutar da viagem quando
um furacão virou o navio como se fosse uma caixa de fósforos...
O rapaz conseguiu agarrar-se a um salva-vidas e chegar a uma
ilha aparentemente deserta e muito remota. Deparou-se
com uma cena belíssima: cachoeira, bananas, coqueiros... mas quase nada além
disso. Ele se sentiu desesperado e completamente abandonado.
Vários meses se passaram, até que um belo dia apareceu, remando,
uma belíssima engenheira, daquelas de fazer parar o trânsito.
A engenheira começou logo uma conversa:
- Eu sou do outro lado da ilha. Você também estava no cruzeiro?
- Estava! Mas onde conseguiu esse bote?
- Simples: eu sou engenheira e usei meus conhecimentos!
Tirei alguns galhos de árvores, sangrei umas seringueiras,
defumei até virar borracha, reforcei os galhos e fiz a quilha e os remos com
madeira de eucalipto.
- Mas...... com que ferramentas?
- Bem, achei uma camada de material rochoso, evidentemente formado
por aluviões. Descobri que esquentando
esse material a certa temperatura, ele assumia uma forma muito maleável. Mas
chega disso!
Onde você tem vivido esse tempo todo?
Não vejo nada parecido com um teto...
- Para ser franco, eu tenho dormido na praia.....
- Gostaria de ver a minha casa?
O analista de sistemas aceitou, meio sem jeito.
A engenheira remou com extrema destreza ao redor da ilha.
Quando chegou no 'seu' lado, amarrou a canoa com uma corda que
mais parecia uma obra-prima de artesanato.
Os dois caminharam por uma passarela de pedras e madeira
construída pela engenheira, e depararam, atrás de um coqueiro, com um lindo
chalé construído sobre palafitas, pintado de azul e branco.
- Não é muito, disse ela, mas eu o chamo de 'meu lar'.
Já dentro, ela procurou deixá-lo à vontade:
- Sente-se, por favor! Aceita um drinque?
- Não, obrigado! Não aguento mais água de coco!
- Mas não é água de coco! Eu tenho um alambique meio rudimentar
lá fora, de forma que podemos tomar Piñas coladas autênticas!
Tentando esconder a surpresa, o analista de sistemas aceitou.
Sentaram no sofá dela para conversar.
Depois de contarem suas histórias, a engenheira perguntou:
- Você sempre teve barba?
- Não... Toda a vida eu andei bem barbeado.
- Bom, se quiser se barbear, tem uma navalha lá em cima, no
armarinho do banheiro.
O homem já não perguntava mais nada.
Subiu uma escada em caracol e foi em cima, no banheiro, e fez a
barba com um complicado aparelho feito de osso e conchas, tão afiado quanto uma
navalha.
A seguir, tomou um bom banho, sem nem querer arriscar palpites
sobre como ela tinha água quente no banheiro.
Desceu sem poder deixar de se maravilhar com o acabamento do
corrimão.- Você ficou ótimo! Vou lá em cima também me trocar por algo mais confortável. Nosso herói continuou bebericando sua piña colada.
Em instantes a engenheira estava de volta, com um delicioso
perfume de gardênias e vestindo um estonteante e revelador robe, muito bem
trabalhado em folhas de palmeira.
- Bom, disse ela, ambos temos passado um longo tempo sem
qualquer companhia...
Você não tem se sentido solitário? Há alguma coisa de que você
sente muita saudade? Que lhe faz muita falta e da qual todos os homens e
mulheres precisam?
- Mas é claro, disse ele esquecendo um pouco a sua timidez. Tem
uma coisa que venho querendo todo esse tempo. Até sonho com isso à noite.
Mas... aqui nesta ilha... sabe como é... era simplesmente impossível.
- Bom, ela disse com um sorriso maroto, já não é mais impossível,
se é que você me entende...
O rapaz, tomado de uma excitação incontrolável, disse, quase sem
fôlego. Não acredito! Você não está
querendo me dizer que... bolou um jeito de acessar a Internet daqui da ilha?
Bom dia meu caro amigo Mestre Chassot, sensacional a historieta, reflete bem os hábitos atuais. Registro aqui a ratificação dos meus elogios à sua paciência com a opinião alheia, pelo que observo, nosso amigo chicaneiro "elegeu-o" para Cristo, e ainda assim não perdestes a linha. Um bom domingo com os preparativos dos festejos que se aproximam!
ResponderExcluirNão posso deixar de pensar na importância do conhecimento. E de que o mesmo não se encontra num simples clique como muitos gostariam. A busca do mesmo necessita de muito estudo, trabalho, dedicação...Nada é tão simples como se queira. Qual é o significado da Internet em nossas vidas? Apenas entretenimento? Uma forma de expressar o ódio e o rancor que sentimos das pessoas? Não é muito pouco? Que ela é imprescindível, hoje, não há dúvidas. Mas, antes das pessoas?
ResponderExcluirUm belíssimo e reflexivo domingo nestes dias de fim das atividades nas instituições de ensino.
Soneto-acróstico
ResponderExcluirÀ web
Ah! estamos sob jugo da escravidão
Internados nos esconsos da internet
Não nos oferece alguma outra opção
Talvez assim que ela nos interprete.
Então vivemos apenas a sua mercê
Referências são textos que lá estão
Nada fora da rede existe, veja você
E nossa preferência virou ramerrão.
Tudo roda em torno da rede social
É informática no mando da pessoa
Viver não é preciso, navegar é real.
Invês de levar uma vida assim à toa
Deixe-se parecer um carinha legal
Assuma que informática é uma boa.