ANO
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EDIÇÃO
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Na blogada de ontem dizia que, mesmo que já estejamos completando
quase três lustros do século 21 propunha, agora, olhares sobre século 20. Justificava
isso, pois quase todos os leitores deste texto, muito provavelmente, sejam
mulheres e homens do 21.
Dividi, esta mirada ao Século 20, em dois tempos. Ontem, olhamos a
virada do 19 para o 20. Hoje, vamos contemplar a virada do 20 para o 21. O alfa
(o começo) e ômega (o fim) de um dos séculos mais significativos da humanidade.
O nosso século 20.
Talvez, alguns não recordem mais as apreensões vivida,
especialmente, por portadores de computadores, quando o ano de 1999 se
aproximava do fim. O que poderia / deveria ocorrer em nossas máquinas nos
primeiros instantes do dia 1º de janeiro de 2000. Lembro que quando
pequeno as apreensões eram de outra ordem: muitas vezes, fizera cálculos se
estaria vivo no ano 2000, quando, marcado por crenças milenaristas, cria, que
então, seria o fim do mundo. Não queria
ser testemunha da catástrofe, que já se anunciava para fim do segundo milênio, pois
esta segundo leituras apocalípticas se esperara na passagem do ano 999 para o
ano 100. Então, exultávamos com as possibilidades de ir muito além.
Problema do ano 2000: o Bug do milênio ou Bug Y2K foi o termo
usado para se referir ao problema previsto ocorrer em todos os sistemas
informatizados na passagem do ano de 1999 para 2000. Bug é um jargão
internacional usado por profissionais e conhecedores de programação, que
significa um erro de lógica na programação de um determinado software. Logo,
então não havia interpretações de profecias messiânicas e, sim, prognósticos
tecnológicos.
Na década de 1960, com a operacionalização de vários sistemas
computacionais e a ampliação de sua abrangência, foi necessária a adoção de
diversos padrões para garantir a compatibilidade entre os diversos tipos de
hardware e os softwares escritos para eles. Numa época em que cada byte de
memória economizado representava economia de dinheiro muitos destes padrões
adotavam formas resumidas para armazenar dados. Hoje centenas destes padrões
ainda estão em vigor, embora muitos tenham sido substituídos para se atualizar
com a flexibilidade dos novos hardwares disponíveis.
Nos sistemas mais antigos, como aqueles na linguagem COBOL e
semelhantes, as datas eram armazenadas com apenas 2 dígitos para o ano, ficando
os restantes implicitamente entendidos como sendo "19". Desta forma
cada data armazenada deixava de ocupar oito bytes (dois para o dia, dois para o
mês e quatro para o ano - DDMMYYYY), e passava a ocupar somente seis bytes
(somente dois no ano - DDMMYY). A opção por representar as datas desta forma
vinha da necessidade real de economia de memória e espaço de armazenamento.
Hoje isso parece insignificante, mas há época isso foi o suficiente para
justificar a adoção do padrão, tamanho o custo das memórias e dispositivos de
armazenamento.
Para ter uma ideia, imagine-se um banco de dados com vários
campos, entre eles data de nascimento, data de casamento e data de cadastro.
Para cada registro a economia nas três datas totaliza seis bytes. Se o banco de
dados tiver dez mil registros são 60kB bytes a menos, o que era significativo
numa época em que os discos tinham o tamanho de 180kB.
Se nos dermos conta das novas realidades de armazenamento de informações
este relato da virada do século 20 para o 21 parece até algo de um passado
remoto. Mas esta é uma faceta, apenas. Há necessidade de outras revisões.
Mesmo que possa parecer não crível, é preciso acentuar que não
devemos pensar a ciência como pronta, acabada, completamente despojada, como
uma nova e dogmática religião, com o “deus saber” imperando no novo milênio.
A marca da Ciência de
nossos dias é a incerteza. Vale lembrar Ilya Prigogine (1917-2003), Prêmio
Nobel de Química 1977, em uma afirmação categórica: “Só tenho uma certeza: as de minhas muitas incertezas.” Assim é
preciso que vejamos nestas incertezas a marca da pós-modernidade, uma realidade
e não um estigma. Antigamente a Ciência nos falava de leis eternas. Hoje, nos
fala da história do Universo ou da matéria e nos propõe sempre novos desafios
que precisam ser investigados. Este é o Universo das probabilidades e não das
certezas.
Então, se quiséssemos sintetizar a virada do 20 para o 21, ante as incapacidades
da Ciência, e até a dar crédito a Prigogine, a marca é a incerteza.
A origem da denominaÇão bug, que significa inseto na língua inglesa, foi uma pane nos primeiros computadores proveniente de um inseto em seu interior. Interessante lembrar que as gigantescas mÁquinas evoluÍram para diminutas e eficientes geringonÇas. EstÁ provado que quanto mais simples mais evoluÍdo.
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