ANO
8 |
EDIÇÃO
2825
|
Nas duas últimas edições deste blogue lançamos olhares sobre
século 20. Justificava isso, pois quase todos os leitores deste texto, muito
provavelmente, sejam mulheres e homens do 20.
A proposta, então ensaiada, foi fazer esta mirada de nosso século
20 em dois tempos: o seu começo
(alfa) e o seu término (ômega). Aproprio-me,
por parecer pertinente, de metáfora religiosa (e de uso corrente em distintos
brasões, especialmente naqueles de universidades): Alfa e Ômega.
Alfa e Ômega são primeira e última letras do alfabeto grego
clássico (ônico) (α e ω, dito como «το 'Αλφα και το Ωμέγα»). A tradição cristã correlaciona
Alfa e Ômega, com frequência, a Cristo ou a Deus. Este conjunto simboliza a
eternidade de Deus ou Cristo, que está no começo de tudo, referência no
primeiro capítulo do Evangelho segundo São João; tudo acompanha até ao fim do
mundo (como relata o último livro da Bíblia, o Apocalipse do mesmo
evangelista).
O jesuíta Pierre Teilhard de Chardin — planejara fazer aqui uma
nota de rodapé; mas o incompreendido paleontólogo francês merecerá uma blogada
especial — tomou esta metáfora na sua apresentação do ω como final da evolução
humana, associado ao α da criação.
Dou-me conta que as edições de quinta e sexta feiras comportam ainda
significativas ampliações. Pretendo voltar com uma e outra. Por ora, podemos
sintetizar assim nossas duas olhadas panorâmicas:
O Alfa: Vivia-se, no
entorno de 1900, o auge de descobertas significativas e estas, então, pareciam
definitivas. Se quiséssemos sintetizar a virada do 19 para o 20, poderia se dizer que, ante as
maravilhas da Ciência, e até a dar crédito às profecias ousadas e exultantes de
Berthelot, a marca não apenas da Ciência, mas do viver a contemplação do
conhecimento, é a certeza.
O Ômega: Hoje, a Ciência nos
fala da história do Universo ou da matéria e nos propõe sempre novos desafios
que precisam ser investigados. Este é o Universo das probabilidades e não das
certezas. Então, se quiséssemos sintetizar a virada do 20 para o 21, ante as incapacidades da
Ciência, e ouvir o comedimento de Prigogine, a marca é a incerteza.
Olhando a síntese que está na figura ao lado: cabe interrogações:
# ¿O quanto nós acompanhamos esta transição?
# ¿Como nós exercitamos em nossos diálogos (principalmente
enquanto professores) posturas de incertezas [pode ser // talvez // é possível
// é provável // é algo tido com verdade...] ou de certezas [é assim // com
certeza // é a Verdade...]?
Outra interrogação é como a Universidade (herança do medievo) e a
Escola (presente da modernidade) — uma e outra tendo como matriz a Igreja, ainda
vivem, no século 21 tempos de certeza e
de dogmatismo. Isto é assunto para uma próxima blogada.
As escolas perderam o seu encanto mágico do conhecer para dar lugar ao preparatorio insano para uma disputa de mercado.
ResponderExcluirVive-se tempos onde o uso das TICS em nosso cotidiano é, talvez, a única certeza, facilitando o acesso a informações, conhecimentos, enfim, à ciência. No mais, são as incertezas que imperam. Com isso é possível se ter certeza de que são inúmeras as possibilidades. Eis o maior respeito à diversidade. Em muito se pode diversificar os caminhos, as certezas, o que demonstra estarmos vivendo momentos de incertezas.
ResponderExcluir