ANO
8 |
EDIÇÃO
2831
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Em edições desta semana evidenciei “a
contribuição’ de produções da Ciência modificando, na radicalidade, o perfil
das duas grandes guerras mundiais do Século 20. Na Primeira Guerra Mundial, admitamos, como vimos na segunda-feira, a
modificação foi para melhor. O saneamento básico, as vacinas e os antibióticos alteraram
as causa morti. Na Segunda
Guerra Mundial, vimos ontem, que essa mesma Ciência produziu a arma mais
mortífera— a bomba atômica —.
Mas, como comentou extensa e detalhadamente o
Jair Lopes na edição de ontem, as devastadoras dizimações de vidas ocorridas em
Hiroshima e em Nagasaki são apenas um capítulo da opção mortífera dos humanos —
ou de alguns de seus dirigentes louco.
Além dos Estados Unidos, que avaliaram a
bomba atômica no deserto de Alamogordo, antes aniquilarem duas cidades
japonesas, a França, a Índia, a Coreia do Norte, a Grã Bretanha também
cometeram barbáries atômicas. Vale não esquecer que outros dirigentes
tresloucados (como os do Irã) que desejam ingressar no clube de países assassinos.
Os
comentários trazidos à edição de ontem são elucidativos. Vale conhece-los.
Pinço dos mesmos dois excertos. No primeiro, o escritor paranaense traz um
interrogante relato pessoal como abertura a seus comentários. No outro o poeta
aquerenciado em Floripa, como protofonia, chora um réquiem para Nagasaki.
Recentemente
me candidatei a emprego para o qual estava qualificado. Nenhuma surpresa quando
meu currículo foi aprovado e fui chamado a apresentar os documentos e
comprovantes necessários à admissão. O que chamou atenção foi o pedido de
atestado de sanidade mental que deveria apresentar. Pois é, para um emprego
simples, normal, apenas bem qualificado há necessidade de provarmos que não
somos loucos de pedra, ou que não portamos algum tipo de desvio comportamental
que comprometa nosso desempenho ou as relações pessoais dentro da empresa.
Agora me pergunto, e aos governantes de países é exigido que provem serem
homens mentalmente SÃOS?
Que
garantias temos que, homens que podem manipular mecanismos políticos,
administrativos ou físicos os quais ameaçam de morte milhões de pessoas, são
mentalmente responsáveis? Para reflexão, abaixo relaciono quatro notícias sobre
testes nucleares realizados por quatro países governados por HOMENS. Homens que
não foram submetidos a testes de lucidez por ninguém antes de tornarem-se
dirigentes de suas nações.
RÉQUIEM
PARA NAGASAKI
Missão
cumprida. Bárbaros presunçosos de olhos claros que semearam, como mortalha
sinistra, o maldito cogumelo sobre a cidade que dormia, com almas pesadas,
impenitentes, a lhes torturar para sempre, seguem para o inferno de seus lares
onde beijos dos filhos queimarão suas faces, comida de suas mesas lhes saberá
amarga como fel e camas se tornarão inauditos tapetes de pregos. JAIR, Floripa,
07/12/09
Reconhecido agradeço a colaboração do Jair
Lopes e a manifestação do historiador José Rogério Beier, do mestrado em
História Social da USP, que subsidiou a edição.
OFERTÓRIO
Ofereço essa edição a Afonso Oscar Chassot (1906-1987), que hoje faria
108 anos. Por sua paixão por ouvir notícia, tenho uma vaga lembrança de ele
contar, pela primeira vez, para um menino de quase seis anos algo acerca de ‘bomba
atômica’ e ‘radioatividade’.
O átomo
ResponderExcluirHomo sapiens esse triste animal
De sapiens mesmo não tem nada
Investe sua inteligência e capital
Numa calhorda e mortal burrada.
Descobriu e domou força nuclear
Que tem muitas boas aplicações
Mas o vivente estranho e bipolar
Melhor achou dizimar populações.
Hiroshima e Nagasaki, primeiras
Quase apagadas da face da terra,
Atingidas pelas bombas pioneiras
Que, dizem, acabou com a guerra.
Humanos porque tanta besteira?
Se átomo vida e morte encerra?
Réquiem para Hiroshima
ResponderExcluirAsas de prata brilhantes ao sol sobre o chão de nuvens, impiedoso, Enola Gay gravado no flanco, como um anjo pejado, carrega no ventre a semente maldita da ruína. No rés do chão, milhares de almas que evolarão dali a minutos, dançam a música inocente de suas vidas comuns destinadas ao holocausto que marcará, a ferro e fogo, o início da era na qual o homem, na suprema arrogância se julgará Deus.
JAIR, Floripa, 07/12/09.
Bendito o fósforo que ardeu e acendeu a fogueira!
ResponderExcluirBendita a labareda que ardeu no âmago do coração!
Bendito o coração que soube parar com honra!
Que os filhos sempre honrem sempre seus pais!
Abraços meu amigo.
Meu caro Antonio Jorge,
ResponderExcluirobrigado por te associares ao ofertório que faço a meu pai, inspirando-te na dedicatória que lhe faço no A ciência através dos tempos e que há 20 anos é presente a muitos quando leem neste livro:
Para Afonso Oscar Chassot (1906-1987), meu pai,
que, mesmo nunca tendo visto seu nome
impresso em um livro ou jornal, muito me ensinou:
a gostar de ouvir notícias,
instrumental importante para conhecer e entender a história,
e
a vibrar com a profissão,
marceneiro hábil que era, trabalhando a madeira com amor.
Para ele, este livro e estes versos,
adaptados da poeta Hannah Szenes (1921-1944):
Bendito o fósforo que ardeu e acendeu a fogueira!
Bendita a labareda que ardeu no âmago do coração!
Bendito o coração que soube parar com honra!