Porto Alegre * Ano 5 # 1727 |
A abertura desta edição não pode ser diferente. Hoje a Maria Clara, minha neta, filha da Clarissa e do Carlos, faz 5 anos. Ela encerra o ciclo de comemorações aprilinas[i] iniciada com os 6 anos do Guilherme, dia 8; com os 4 anos do Antônio, dia 19; e com a bi-comemoração evocada ontem aqui.
A Maria Clara – que não desmente a garra de sua bisavó e minha mãe, de quem herda o nome – quando nasceu em 2006, pôs as mulheres em vantagem em termos de gênero entre meus netos [situação era Maria Antônia (1999) e Guilherme (2005)]. Em 2007, esta relação fica igualada com a chegada do Antônio. Em 2009, o Pedro põe os homens em vantagem e em 2010 o Felipe amplia uma hegemonia masculina. Neste outono, pelo anuncio querido da Clarissa e pelo Carlos soube que, quase no ocaso da primavera, serei um hepta-avô. Então, a hegemonia continuará masculina.
Este prosaico assunto dá azo a que reparta com meus leitores o envio à editora Unisinos, na última quarta-feira, uma versão ampliada de meu livro A Ciência é masculina? Esta, em sua quinta edição deverá ter suas atuais 110 páginas ampliadas para algo em torno de 150. Agora, a torcida para ver vir a lume [uma boa recomendação é visitar um dicionário e ver as muitas acepções para esta palavra; vir a lume: vir à luz, especialmente ser publicado] esta reedição que muito me envolveu depois que terminei a gestação do Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto.
A partir da nova edição a dedicatória – que tenho usado para a contestação de que o livro não é machista, como poderia sugerir o título e a sua resposta [É sim, senhora! que está na primeira página] – é ampliada: Para Maria Antônia e para Maria Clara, minhas netas, que, afortunadamente, serão mulheres em novos tempos e para Gelsa, minha companheira, cujo fazer acadêmico ajuda a chegada destes novos tempos.
Vale acrescentar que são os desejados novos tempos, referidos ofertório acima que se continua perseguindo. Isto ocorre especialmente nas centenas de falas que tenho proferido. Nestes anos de circulação de A Ciência é masculina? (a primeira edição é de novembro de 2003) dentre o leque de opções de palestras que ofereço (ver na minha página), aquela mais solicitada é a do livro que agora anuncio uma nova edição. Já a realizei em quase todos estados do Brasil (não estive ainda no Acre, Amapá, Piauí e Tocantins). Também já a proferi na França, México, Argentina, Uruguai e Colômbia.
Posso parecer presunçoso, mas tenho sempre a sensação de que algo se transforma. Os homens passam a atender como não somos machista por acaso e parecem conseguir superar estes sentimento e às mulheres talvez se abram possibilidades de ações para facilitação da não tão utópica chegada de novos tempos.
Há situações singulares: Um colega da Universidade Estadual de Maringá, em outubro de 2006, encomendou 20 exemplares deste livro. Ante minha curiosidade, eis excertos da resposta do professor dr. Ourides Santin Filho, do Departamento de Química: “[...] Eu trabalho com a disciplina de História, Epistemologia e Filosofia da Ciência, e sempre abordamos a influência do catolicismo na sociedade e ciência ocidentais, em particular na Idade Média, como é de praxe, tentando remover-lhe a pecha de 'idade das trevas'. Neste ano, ao abordar o evolucionismo de Darwin, convidei os alunos a me explicarem como convivem com dogmas católicos e a profissão de (muitos deles) professor de biologia. O resultado se. pode imaginar... Não resisti em apresentar seu pequeno / grande opúsculo aos meus alunos, e trabalhar exaustivamente em aula com fragmentos dele. O resultado aí está. Sempre conto com a esperança de que seu pequeno livro vá revolucionar velhos modelos. Mais uma vez obrigado e grande abraço [...]” Alguém que escreve livros pode ter alegria maior.
Outra referência que envolve este livro: No dia 02 de junho de 2010, partia, para reencontrar Rondônia depois de 35 anos. Levava 150 exemplares do A Ciência é Masculina? para Ariquemes. Já em abril remetera 70 exemplares autografados com dedicatórias pessoais para Porto Velho. O professor que nessa jornada fez seis falas (duas das quais A Ciência é masculina?) em três dias foi muito diferente daquele que deu umas aulas de Química em 1975 no Projeto Rondon, no campus avançado da UFRGS em Porto Velho.
Um capítulo que foi mais extensamente atualizado é aquele que se serve apresenta um razoável indicador: o número muito pequeno de mulheres que ganharam o Prêmio Nobel. Elas são apenas 16 entre os laureados nas Ciências (duas em Física, quatro em Química e dez em Medicina ou Fisiologia; destas 16, apenas 3 são exclusivos a mulheres), em um universo de cerca de 540 premiados – menos de 3% –, pois, mesmo que se tenham distribuído prêmios desde 1901, nos anos das duas guerras mundiais não houve premiações, mas há anos, especialmente nos mais recentes, em que o prêmio é dividido entre dois ou três escolhidos.
Nas outras três modalidades de prêmios Nobel temos: Literatura onze mulheres entre 100 laureados. Paz foi concedida a doze mulheres dentre 95 pessoas e 30 organizações já premiadas. Assim nestes dois prêmios entre 195 láureas foram premiadas 33 mulheres, cerca de 17%. O Prêmio Nobel de Economia – o único mais recente, pois, diferentemente dos cinco outros, que iniciaram em 1901, este começou em 1969 – em 2009, pela primeira vez premiou uma mulher (Elinor Ostrom, nascida em 1933 nos Estados Unidos) junto com um homem.
Assim nesta blogada foi bom partilhar o anúncio da quinta edição de A Ciência é masculina. Breve ele deverá vir retintado. Desejo como sempre que transubstanciados por esse binômio fantástico: escritura ó leitura consigamos – e aqui o plural não é majestático; cada uma e cada um dos leitores e eu – vencer preconceitos. Pretenciosa e sonhadoramente desejo que diálogos catalisados por este livro posam gerar tsunamis de reumanização.
Nesta expectativa votos de uma excelente terça-feira. Amanhã – é provável – que nos leiamos aqui. Até então.
[i] Mais de uma vez escrevi este mês o abrilino, quando o adjetivo correto é aprilino: relativo a ou próprio do mês de abril; (a forma abrilino, existe mas é menos culta, pois o nome do mês em latim é april). Sentido figurado: que preserva o viço da juventude; fresco, viçoso
Caro Chassot,
ResponderExcluirConsoante meu apetite voraz em devorar livros, já vou pedir pela internet "A ciência é masculina?". Plagiando Jorge Amado no livro "Capitães de Areia": "Não posso ler todos os livros do mundo, mas devo tentar". Abraços, JAIR.
Meu caro Jair,
ResponderExcluira tua frase de Jorge Amado se poderia aditar aquela de Arthur Schopenhauer trazida aqui que cito com aproximação: Bom seria se junto com os livros pudesse comprar também tempo para lê-los.
Obrigado por seres também leitor deste blogue,
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirem primeiro lugar cumprimentos à Maria Clara pelo seu aniversário: linda menina!
Os outros cumprimentos vão para ti pelo encaminhamento dos originais da 5ª edição do teu livro: são os teus outros filhos, filhos da mente pesquisadora e atenta para a contemporaneidade. O tema é valioso pois busca esclarecer um preconceito que também está presente na ciência.
Boa terça-feira, um abraço!
Garin
http://norberto-garin.blogspot.com/
Meu estimado colega e amigo Garin,
ResponderExcluirobrigado pelos votos à Maria Clara, Obrigado por aqueles que, com adequação, chamas meus filhos. Sim, a metáfora é preciosa. Os livros que escrevo tem uma gestação que me comove e depois que vêm a lume os sigo como meus rebentos.
Obrigado pelas parcerias intelectuais. Está sendo uma boa experiência para mim teu período pós-reitor.
attico chassot
Parabéns pelo blog, e principalmente por sua neta, uma linda menina!
ResponderExcluirEstimada Bibiana,
ResponderExcluirobrigado pela visitação a este blogue. Há quase cinco anos, diariamente, busco com ele fazer alfabetização científica, numa dimensão muito ampla.
Realmente a Maria Clara é uma menina muito bonita e muito querida;
Com o convite de que de vez em vez apareça aqui, a estima do
attico chassot
30/04/2011 Olá, sou a Milene do curso de matemática da FACOS, onde tivemos a conversa de aprendentes hoje pela manhã. a manhã de hoje foi muito produtiva, pois suas informações contribuiram para meu aprendizado, já que a ciência é um assunto muito pertinente nos dias de hoje, ainda mais para nós acadêmicos que devemos sempre estar atualizados. Sua fala sempre esclarece minhas duvidas e enriquece meus conhecimentos, adimiro muito sua sabedoria e a sua simplicidade. Estou aprendendo muito nos nossos dialogos de aprendentes, e sei que levarei comigo essa experiência para a minha vida docente, caso eu realmente siga lecionando, afinal muitas são minhas duvidas nessa área, ser professora ou não? Estou me formando esse ano e ainda não decidi, que duvida cruel. Abraços até a próxima. (milenemachado31@hotmail.com)
ResponderExcluirOlá professor e mestre Chassot, sou Misael Fischer, aluno de Matemática e Física da Facos - Osório,gostaria de parabenizá-lo por mais um debate pelo Skype que ocorreu neste sábado 30 de abril, foi muito interessante nossa troca de conhecimentos sobre ciência e religião. Espero um novo encontro para ampliar minhas idéias e conclusões sobre os assuntos que serão abordados, pois é uma honra ter o senhor intermediando e atribuindo conceitos e sabedoria nestes debates. Um grande abraço e até breve e muito obrigado!!
ResponderExcluirOlá professor.
ResponderExcluirsou Orlando, aluno do professor zezinho.
hoje pela manha tivemos uma conversa ótima sobre crenças e religiões. Eu particularmente acredito em Deus mas não freqüento igreja porque acho que isso é só um comércio que se aproveita da boa fé das pessoas carentes ou com problemas de depressão e etc.
mas também a conversa mudou muito meu olhar e relação aos ateus pois por falta de informação acabei pensando uma coisa totalmente diferente.
mas agradeço pela sua atenção com nossa turma e um grande abraço GREMISTA(brincadeira) e até a próxima.