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segunda-feira, 11 de abril de 2011

11.- Diálogos de aprendentes

Porto Alegre * Ano 5 # 1712

Um leitor mais atento / menos informado (e as situações não são antípodas) poderá creditar ao editor deste blogue uma muita rara pontualidade. Está e as três últimas edições foram postadas todas no mesmo horário: 00h03min. Não me cabe o mérito de pontualidade. Norberto Garin – meu colega no Seminário de História e Filosofia da Ciência no Centro Universitário Metodista do IPA e também cultor de um muito apreciado blogue norberto-garin.blogspot.com – ofereceu-me uma dica: podemos agendar o dia e horário de uma postagem. Isso me privilegia especialmente nas noites de terças-feiras, quando depois da aula, ficava esperando a meia-noite para postagem. Também é gostosamente prático nos fins de semana, quando Morfeu merece mais nossa atenção, já que durante a semana ficamos sempre a dever ao filho de Hipnos. Outra vantagem ocorre quando se está na Europa, em função da diferença de fuso horário.

O tema desta blogada estava pautado para na sexta-feira passada, mas face à tragédia do Realengo, que enlutou o Brasil com o assassinato de crianças de uma escola, silenciamos o blogue. Assim o assunto se faz presente nesta edição. Trago, então, uma gostosa experiência ocorrida há mais de uma semana. Esta ganha, finalmente, seu merecido espaço.

Antes de fazê-lo um anúncio: amanhã teremos uma edição especial comemorativa ao cinquentenário ao momento que em 12 de abril de 1961, Yuri Gagarin, o primeiro humano a ver a fazer um voo orbital e proclamar a histórica constatação: A Terra é azul!

No sábado, dia 2, anunciava aqui privilégio de estar desde a Morada dos Afagos, por Skipe, com alunos de Prática Pedagógica III: Física no Ensino Médio na FACOS de Osório, RS, orientados pelo José Fernando Cánovas de Moura. A atividade se concretizou como o programado.

Eis o relato que recebi do Professor Zezinho, como carinhosamente chamado por alunas e alunos:

Logo após encerrarmos a conferência, o grupo ainda empolgado com a conversa que nos proporcionaste e o ineditismo da proposta resolveu tentar escrever em grupo. Abaixo então os parágrafos construídos:

A maioria do grupo não sabia que a conversa ocorreria hoje. A surpresa foi grande e surgiu uma certa apreensão pelo pouco preparo. Mas logo todos logo se sentiram a vontade e perderam o medo de participar devido a sua grande eloquência, disponibilidade, empatia e simplicidade.

As expectativas a respeito da tecnologia utilizada foram superadas. O Skype não era conhecido pela maioria (apenas 7 alunos entre os 21 presentes já o conheciam; dois alunos faltaram entre os 23 da turma) e surpreendeu pela qualidade do som e da imagem em tempo real e sem “trancos” (mesmo com um modem de 1Gb).

Uma comparação foi inevitável: Essa forma de conferência permitiu uma interatividade e intimidade muito maior que a que ocorreu na palestra de 2010 quando o auditório estava cheio.

O grupo inteiro agradece a atenção e o carinho disponibilizado e está estimulado a ler mais textos seus para subsidiar futuras conversas. Há um consenso quanto às contribuições que o senhor pode nos fornecer (além das de hoje semeadas) para nossa formação profissional e pessoal.

A primeira edição com alunos da Facos surpreendeu-me. Contara aqui uma história que tem lances grávidos de emoção, que evoquei em parte para os alunos de Osório.

Em setembro do ano passado, recebi esta mensagem: Olá, muito prazer, sou estudante do curso de ciências naturais, da UFPA-CAMPUS BRAGANÇA. Meu professor de fundamentos de didática, Leandro Passarinho, dividiu a turma em equipes para a apresentação de seminários sobre os principais autores que contribuíram para melhorar a educação e coube a minha equipe falar sobre o senhor. Quando recebi a tarefa pensei que se tratava de um autor europeu e já falecido, mas para minha surpresa descobri se tratar de um autor brasileiro e ainda vivo. Meu seminário será no dia 12/09/2010, se for possível me envie algum material para complementar minha apresentação. Desde já agradeço e parabenizo por sua contribuição para melhorar a educação do nosso país! Abraços! Jeferson Carneiro

Não tenho como contar aqui todos os lances. O Jeferson – vigilante escolar – e eu preparamos uma surpresa: no dia do seminário, via Skipe, eu falei, por 15 minutos, para alunas e alunos da disciplina de Fundamentos de Didática, na aula do Professor Leandro Passarinho. Tinham muitas perguntas. Destaquei propostas de um ensino menos disciplinar. Falei de propostas menos dogmáticas. Trouxe exemplos. Só não podemos expandir mais, pois a atividade se inseria em uma noite na qual em seguida devia estar no Centro Universitário Metodista - IPA com alunos do curso de Filosofia. Foi uma experiência gratificante estar mais uma vez em Bragança – em 2009, estivera fisicamente. Modernas tecnologias ensejaram, agora, viajar cerca de 4,5 mil quilômetros de distância, entrar em uma sala de aula, sem transporte de matéria.

Agora, tivemos também muitas emoções. Izabel Leal, aluna da Facos, escreveu ainda na noite de domingo:

Professor Chassot, devo confessar que ter aula durante todo o dia de sábado não é fácil, mas agradeço a Deus por elas! Pois foi a partir da aula do professor José Fernando que tive a oportunidade de participar da discussão ministrada pelo senhor, meu estimado professor Zezinho e participação da turma de Prática Pedagógica III.
Apesar de todo o seu conhecimento, o senhor nos repassou tranquilidade e somente alguém que possui uma humildade como a sua é capaz dessa façanha.
Espero em breve poder tê-lo, mesmo que virtualmente, em nossa aula. Assim, ampliarei meus rasos conhecimentos ao ouvi-lo e vê-lo tornar claro, o que às vezes é tão obscuro quando lemos. O seu saber alinhava as diversas culturas! Tenha uma ótima semana, Izabel Leal
.

A um registro imagético. Eu, no momento, não tive habilidades para captar fotos com a minha câmara do notebook. A primeira foto foi captada em Osório com a câmara de transmissão. As outras quatro são contribuições de alunos com seu celular. Destas, na primeira aparece o professor Zeca, responsável por esta gratificante atividade.

Já tenho uma proposta de nome para futuras Skipe-aulas: Diálogos de Aprendentes. Eu, como o professor Giordano no texto seminal que catalisou discussões, aprendi muito. Trago um exemplo. Um aluno de Osório

trouxe uma hipótese para uma possível explicação ao fato de os incas não usarem a roda. O Deus Sol – Rami – tinha como imagem a roda e, assim como torá judaica e no coram a recomendação: “E dEle não farás imagens!” talvez em respeito não usassem a roda. Ainda não encontrei uma ratificação a esta explicação.

Já aguardo uma nova edição de nossos Diálogos de Aprendentes. Por ora adito meus votos de uma semana iniciada com uma muito frutuosa segunda-feira. Um convite para amanhã, aqui, celebrar um cinquentenário de um dos mais relevantes feitos da história da tecnologia no (nosso) século 20.

4 comentários:

  1. JOSÉ CARNEIRO de Belém escreveu
    Caro amigo:

    Estou atualizadissimo na leitura do blog, embora não tenha feito comentários recentemenmte. Uma coisa nada tem a ver com a outra, concorda? Neste domingo,
    no Globo Rural, vi uma reportagem sobre os Centros de Tradição Gaúcha. Belém é uma das capitais que não o possuem. Mas já tivemos por aqui, na década de 1970. Cheguei a visitá-lo e me lembro bem - embora o amigo não vá gostar da informação - que o Internacional veio jogar com o Paysandu, num sábado a noite (alegre-se: o Inter perdeu de 1 a 0) e depois do jogo toda a delegação foi jantar no CTG. Não me lembro quando a experiencia cessou mas hoje vejo que foi lamentável. Tudo o que vem dos pampas é culturalmente interessante. Nada, porém, como o blog do meu amigo o mestre Chassot.
    Grande abraço do

    José Carneiro

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  2. Caro Chassot,

    obrigado pelos créditos (não precisava - foi um aprendizado dialógico/conjunto) e pela divulgação do meu blog: sinto-me lisongeado!

    Quanto à experiência da Skype-aula fico emocionado, pois os resultados foram consideráveis, conforme os relatos dos (as) estudantes, no blogue.

    Certa vez fizemos uma teleconferência com o Colégio América, de Callau, no Perú. A internet nos abre inúmeras possibilidades que ainda não estamos sabendo explorar com a devida competência.

    Parabéns pela tua experiência com a FACOS de Osório.

    Boa semana para ti e para todos (as) os leitures (as) do teu blogue!

    Garin

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  3. Meu caro amigo José,
    receber de um preclaro historiador e jornalista um afago como “Tudo o que vem dos pampas é culturalmente interessante. Nada, porém, como o blog do meu amigo o mestre Chassot” só não me envaidece mais, pois sei o amigo que tenho.
    Muito obrigado, mesmo
    attico chassot

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  4. Meu caro Garin,
    aulas pela manhã e pela tarde retardaram meus agradecimentos pelo teu comentário.
    Realmente a internet nos quase enseja a bi-locação (¿ou como se chama a virtude divina de estar em dois locais ao mesmo tempo?).
    Que a semana prossiga para chegarmos em nosso esperado encontro pré-shabático.

    Com expectativa
    attico chassot

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