ANO
9 |
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2972
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Esta é uma edição muito especial. Há alguns dias, tive uma
surpresa. Recebo o anúncio que uma neta de meu irmão José Maria (1948 — 1996)
fora laureada com medalha de bronze por uma produção literária. Isso me fez
muito orgulhoso. Convidei, por tal, minha sobrinha-neta July Chassot para contar suas emoções. É dela o relato que segue.
Após este, a crônica que mereceu láureas.
Vivi uma experiência inédita. Participar da Olimpíada de
Língua Portuguesa Escrevendo
o Futuro, gênero textual Crônica. Mesmo que já tivesse conhecimento
desta Olimpíada desde 2012, a pensava parecida a Olimpíadas de Brasileiras de
Matemática (tratando apenas de gramática). Vi que esta consistia na elaboração
de textos. Entusiasmei-me, estimulada pela Professora Luciane Fernandes
Rodrigues (que está na foto com July), do Instituto
Estadual de Educação Miguel Calmon, no Salto do Jacuí. Escrevi uma crônica: O elevador da minha
infância. Evoco, agora aos 14 anos, uma
historia de anos passados vivida por minhas duas tias e minha mãe (Conto minha
historia como se eu fosse minha tia de 33 anos, Patrícia Chassot.). Meu texto
foi selecionado na escola, no Município e depois no Estado e por fim me tornei
uma das semifinalistas. Foi bem difícil chegar à semifinal, pois foram 5
milhões de alunos envolvidos em todo o país e 140 mil textos inscritos
Isso me ensejou três dias e meio de experiências
inesquecíveis em Porto Alegre. Fui à Feira do
Livro, ao Museu de Artes do Rio Grande do Sul, a exposição de Moacyr Scliar, a
Casa de Cultura Mario Quintana (Onde pela primeira vez fui olhar um teatro.).
Além disso, conheci pessoas de todos os cantos do Brasil, fiz amigos e aprendi
muitas coisas que vão ser úteis para meus próximos registros de aventuras;
quero dizer, meus textos
O elevador da minha infância Em um dia chuvoso partíamos de Venâncio
Aires para uma nova aventura. Iríamos para Salto do Jacuí. Com o caminhão já
carregado, conferimos se estavam todos presentes dentro do fusca branco. E
estavam. Mãe, pai, minha irmã de quatro anos, minha outra irmã de seis anos, eu
com três anos e nosso cachorro de raça Fila. No início da viagem foi tudo muito
divertido. Cantávamos, brincávamos e imaginávamos como era esse tal lugar
chamado Salto do Jacuí.
Mas depois foram terminando nosso repertório de brincadeiras, e
foram mais ou menos cem quilômetros de puro e total tédio. Como a estrada era
de terra batida, estava chovendo e havia muitos buracos, balançávamos bastante.
Pode parecer bobo, eu sei, mas a cada sacudidela mais forte, ou cada vez que
uma de nós batíamos a cabeça no vidro, riamos muito. Em certo momento, meu pai
decidiu que deveríamos fazer uma escolha de suma importância para nossa
família. Tínhamos de escolher quem tiraríamos do carro. Nossas opções eram: eu
e minha irmã de seis anos ou o cachorro (Predileta do meu pai, minha irmã de
quatro anos sequer entrou em votação.). Depois de uma votação muito acirrada,
que resultou em três a dois, optamos por deixar o pobre cão na estrada. Andamos
um pouco mais, até encontrarmos um vilarejo onde o fila pudesse ser rapidamente
adotado.
Algum tempo depois, com nosso fusca já não tão branco, chegamos
a Salto do Jacuí, “A capital gaúcha da energia elétrica”. Nosso pai foi nos
contando sobre a cidade. O bairro onde ficaríamos pertencia a CEEE (Companhia
Estadual de Energia Elétrica), empresa onde ele iria trabalhar. O bairro era
como uma pequena cidade. Tinha banco, mercado, igreja, padaria, hospital,
escola, estação de tratamento de água, e, o mais importante a Usina Leonel de
Moura Brizola. Tudo estava lá por “culpa” da usina. O mercado, o banco, e tudo
mais. Até nós estávamos lá por culpa da Usina, pois seria lá que nosso pai
trabalharia.
Para nós, crianças, o mais legal da Usina era o elevador.
Tínhamos de descer para chegar ao andar das turbinas, onde entregaríamos uma
vianda ao nosso pai. Quando nossa mãe nos dava o lanche dele, às vezes saíamos
em disparada para ver quem ganhava a nossa grande corrida, e às vezes
caminhávamos com muita calma, sem fazer barulho, porque queríamos “escutar o
silêncio” enquanto caminhávamos. Até chegarmos lá. Então caminhávamos e cumprimentávamos
a todos na Usina, nos apresentávamos ao guarda e entrávamos ao elevador.
Que emoção! Bem devagar (como se fosse em câmera lenta)
pressionávamos o botão para o andar das turbinas e esperávamos ansiosamente o
solavanco que nos levava para baixo. Aquilo era muito bom, a sensação de descer
sabe... Mas os anos foram passando. E o elevador, a graça foi perdendo.
Lembro-me da última vez em que descemos, minhas irmãs e eu. Minha irmã de
quatro anos, agora tinha quatorze. Minha irmã de seis, dezesseis; e eu, com
três, agora tinha doze.
Lembro-me daquele momento com profunda tristeza, pois parecia
que estávamos enterrando eternamente uma parte de nossa infância. Sei que a
decisão foi nossa, mas não queríamos mais sentir que estava perdendo a graça,
não queríamos ter momentos chatos no elevador. Então, lentamente apertamos o
botão, esperamos e descemos. Entregamos o lanche ao nosso pai, voltamos ao
elevador.
Querido Mestre Chassot,
ResponderExcluira edição de hoje ratifica o quanto Mendel acertou no estabelecimento das leis da genética. No texto da July está evidenciado o DNA do seu tio-avô.
A July tem traços Chassot no seu bonito texto. Parabéns a ela e ao (seu) mestre
Michaela
Caro Mestre, destaco não só a inegável qualidade do texto, mas também o contagiante sorriso simpático da moçoila.
ResponderExcluirQuerido tio-avô da July, ao voltar a ler o tao lindo e sensível texto da July, que no blog de hoje partilhas com teus leitores, revivi a emoção que tivemos ao saber do reconhecimento que está incrível menina recebeu! Parabéns, July!
ResponderExcluirIsto é incentivar o exercício da alfabetização científica. Parabéns ao Mestre pelo incentivo e à July pelo reconhecido belo texto.
ResponderExcluirSoneto-acróstico
ResponderExcluirConto
Como um sutilíssimo contraponto
O autor apresenta na certa medida
Neófita andante imersa de pronto
Tardiamente na metropolitana vida.
Antes de acrescer mais um ponto
Neste evento comum do dia-a-dia
Deixa ao leitor nenhum confronto
Onde em cada palavra se media.
Outro talvez sequer ficasse tonto
Contando aventura dessa sua tia
Ou fechasse texto com pesponto.
No entanto como nada se sabia
Traçou letra a palavra seu conto
Orquestrou uma efeméride tardia.
Caro Mestre Chassot, a July tem um talento indiscutível, além de ser uma jovem encantadora! Ser sua professora e um desafio e uma delícia ;)
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