ANO
9 |
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EDIÇÃO
2950
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O último sábado de
outubro parecia que tinha mais de 30 horas. Não passava nunca. Da manhã, não há
queixa. Ter tido o quinzenal encontro sabático no Mestrado Profissional de
Reabilitação e Inclusão, com o seminário Educação e Inclusão, amenizou um pouco
o nervosismo. Acredito que não tenhamos feito o usual intervalo para não tencionarmo-nos
juntos. As pesquisas apontavam derrota para o Governo de Estado e indefinições
para a presidência da República.
À tarde, a Gelsa e eu
resolvemos ir ao cinema. Logo vimos que era temerário usar o carro. Havia uma
carreata ensandecida com carrões of road portanto
capas da Veja. Fomos de taxi, por medo.
Assistiríamos ‘O que os homens falam’.
Estávamos na Casa de Cultura Maria Quintana, que anunciava uma obra teatro, música
e dança em um espetáculo multimídia “Nise da Silveira: guerreira da Paz”.
O folder dizia ser ‘a história
de uma das mulheres mais importantes do Século 20’. Confessei meu
desconhecimento. A Liba, que estava conosco, assegurou que a caracterização
estava bem posta.
Logo depois do filme, muito
bom ascendemos ao teatro. O espetáculo foi maravilhoso. Daniel Lobo, um showman
magnifico na direção e interpretação. A coreografia de Ana Botafogo
espetacular.
A Wikipédia me ensinou mais
acerca desta mulher excepcional que eu não conhecia e que o espetáculo me fez
instigante. Pincei alguns excertos.
Nise da Silveira
(Maceió, 15 de fevereiro de 1905 — Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1999) foi
uma renomada médica psiquiatra brasileira, aluna de Carl Jung. Dedicou sua vida
à psiquiatria e manifestou-se radicalmente contrária às formas agressivas de
tratamento de sua época, tais como o confinamento em hospitais psiquiátricos,
eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia.
De 1921 a 1926
cursa a Faculdade de Medicina da Bahia, onde se formou como a única mulher
entre os 157 homens desta turma. Está entre as primeiras mulheres no Brasil a
se formar em Medicina. Casa-se nesta época com o sanitarista Mário Magalhães da
Silveira, seu colega de turma na faculdade, com quem vive até seu falecimento
em 1986. Em seu trabalho, ele aponta as relações entre pobreza, desigualdade,
promoção da saúde e prevenção da doença no Brasil.
Aprovada aos 27
anos num concurso para psiquiatra, em 1933 começou a trabalhar no Serviço de
Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha. Durante
a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros
marxistas. A denúncia levou à sua prisão em 1936 no presídio da Frei Caneca por
18 meses. Neste presídio também se encontrava preso Graciliano Ramos, assim ela
tornou-se uma das personagens de seu livro Memórias do Cárcere.
De 1936 a 1944
permanece com seu marido na semi-clandestinidade, afastada do serviço público
por razões políticas. Durante seu afastamento faz uma profunda leitura reflexiva
das obras de Spinoza, material publicado em seu livro Cartas a Spinoza em 1995.
Foi uma pioneira
na pesquisa das relações emocionais entre pacientes e animais, que costumava
chamar de co-terapeutas. Percebeu esta possibilidade de tratamento ao observar
como um paciente a quem delegara os cuidados de uma cadela abandonada no
hospital melhorou tendo a responsabilidade de tratar deste animal como um ponto
de referência afetiva estável em sua vida.
Seu trabalho e ideias
inspiraram a criação de museus, centros culturais e instituições terapêuticas
similares às que criou em diversos estados do Brasil e no exterior.
Além do espetáculo
que catalisou esta blogada há um filme brasileiro Nise da Silveira - A Senhora das Imagens, baseado na história de sua
vida da psiquiatra Nise da Silveira, é dirigido por Roberto Berliner e
estrelado por Glória Pires. Teve a produção executiva de Rodrigo Letier e
Lorena Bondarovsky, nos estúdios da TV Zero e distribuição de Imagem Filmes.
Muito significativo conhecer
algo desta mulher realmente muito importante que viveu extensamente o nosso
Século 20. Vale conhecer mais sua história.
Pelo detalhe da médica Nise ser a única formanda mulher em uma turma de 157 homens em tempo não tão distante evidencia que nossa dívida com o gênero feminino ainda está muito grande.
ResponderExcluirMeu caro Chassot. Hoje também aprendi sobre Nise da Silveira. Obrigado pelo conhecimento disseminado. JB
ResponderExcluirSó pelo fato de apresentar, em seu trabalho, relações entre POBREZA, DESIGUALDADE, promoção da SAÚDE e PREVENÇÃO da doença no Brasil instiga a certeza de tratar-se de uma pessoa merecedora de admiração.
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