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sábado, 8 de novembro de 2014

08.- HÁ, AINDA, OS QUE QUEREM O COTURNO!


ANO
 9
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2951

Como hoje é manhã sabatina que tenho aula no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão, e de vez em vez, recebo perguntas acerca do mesmo, no e-flyer ao lado, aos quem tem nos sonhos de 2015 fazer um mestrado, há informações. Este pode ser etapa de pós-graduação de muito um amplo espectro de cursos de graduação.
Líderes políticos parecem já fumar o cachimbo da paz e ter na conciliação alternativa para bem comum maior. Mas, há os revanchistas que bradam por separatismo; outros por impeachment. Recebo convites para assinar pedido de impeachment que dizem já ter mais de 1,5 milhão de assinantes. Recebo mensagens pessoais que poderia caracterizar como bullying político. Minha lixeira virtual está abarrotada e verte larvas odiosas.
Luis Fernando Veríssimo, com sua usual verve ferina, publicou, em Zero Hora e em outros jornais brasileiros desta quinta, um texto que faz uma análise dos que bradam pelo coturno. Vale degusta-lo, mesmo que seja indigesto àqueles que querem a volta do tacão militar.
A longa indigestão Quando o Brizola se convenceu de que não chegaria à Presidência da República, consolou-se com uma sentença: a elite brasileira teria que engolir um sapo barbudo em seu lugar. Quem estava vivo e consciente na época se lembra do quase pânico provocado pela perspectiva do Lula no poder. Oitocentos mil empresários fugiriam do país. Ninguém sabia ao certo o destino da sua prataria, nem de suas cabeças. A ideia de engolir um sapo, ainda mais um sapo com uma ameaçadora barba cubana, era revoltante. Mas, fazer o quê? Lula foi eleito legalmente, o sapo foi deglutido e empossado. E o pior não aconteceu. Poucos empresários emigraram e os que ficaram, principalmente do setor financeiro, não se arrependeram. E ninguém foi guilhotinado.
É verdade que o PT tratou de tornar-se mais palatável para ser eleito. Prometeu seguir o modelo econômico vigente, com alguns ajustes na área social para honrar seu passado e seus compromissos de campanha, mas sem fazer loucuras. E o sapo barbudo desceu pela goela da nação com a suavidade possível. Já a sua digestão foi outra coisa. Não se muda de dieta tão radicalmente sem consequências ao menos gástricas. Pela primeira vez o Brasil tinha na presidência um ex-operário, vindo das lutas sindicais, que errava a concordância verbal mas mobilizava a massa. Com todas as suas precavidas concessões ao status historicamente quo, o PT não deixava de representar a “classe perigosa”, como a nobreza francesa chamava os pobres antes da Revolução, no poder, o que também não ajudava o metabolismo. A resistência do patriciado brasileiro ao PT tem várias causas: diferenças ideológicas, interesses contrariados, medo, a própria arrogância do partido no governo e suas quedas na corrupção, e — especialmente inadmissíveis — os seus sucessos: distribuição de renda, políticas sociais, desemprego baixo etc. Mas o ódio ao PT só se explica como má digestão.
Doze anos de indigestão: é compreensível a irritação causada pela eleição de mais quatro anos de PT no governo e a continuação da praga do Brizola. Os que se manifestam contra uma suposta fraude no pleito apertado e pedem o impeachment dos vencedores estão exercendo o direito de todo perdedor, o de espernear. Só achei curioso ver, desfilando numa manifestação na Avenida Paulista, uma faixa que pedia a volta dos militares ao poder. Teoricamente, não é preciso mais de três pessoas para fazer e carregar uma faixa daquelas: uma para pintá-la e duas para segurá-la. Fiquei pensando em quantas pessoas no desfile além das três hipotéticas concordavam que outra ditadura militar é preferível ao PT no governo. Talvez ninguém, talvez a maioria. Nunca se sabe o efeito da má digestão num organismo.

2 comentários:

  1. Acróstico democracia

    Aqui no Patropi é cíclica a estultice
    Basta a situação estar acomodada
    Apenas algum mero disse-me-disse
    Inicia um movimento pró quartelada.

    Xô, quem no poder ainda continua
    Onde a caserna é que devia estar
    Devemos derrubar governo, ir à rua
    Entregar o poder público ao militar.

    Mocidade energúmena, não mais
    Os militares não têm essa função
    Como representam só seus iguais
    Reside seu trabalho à Federação.

    Acaba sendo um movimento idiota
    Com uns poucos, slogans berrando
    Indiscutível necedade antipatriota
    Ademais, tanta burrice até quando?

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  2. Nada melhor que estudarmos a história para se compreender esses movimentos.Lamentável é que "tais" desconhecem nossa história. Não consigo imaginar um novo AI-5. Não há mais espaço, nem contexto. No entanto, alguns parecem, por vingança ou burrice mesmo, simpatizar com sua volta. Que coisa, hein???
    Podemos, sim, ajudar a melhorar a democracia. Não seria mais civilizado? Uma demonstração de civismo e de politização?

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