ANO
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EDIÇÃO
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Nas
segundas-feiras é usual que eu faço aqui um rescaldo da curtida leitura dos
jornais (em suporte papel) de fim de semana. A palavra mais presente em
notícias e mesmo em artigos de fundo é rolezinho. O Google no entardecer de domingo
me apresentou mais 3,5 milhões de resultados para ‘rolezinho’. Perguntei-me: Há
dois meses quem já tinha ouvido esta palavra ou sabia deste fenômeno?
Rotundo engano
meu. Mário Prata trouxe, na p. 2 do Cotidiano da Folha de S. Paulo de ontem algumas
interrogações: "rolezinho" é do
bem? "Rolezinho" é do mal? "Rolezinho" é baderna?
"Rolezinho" é cultural? O "Rolezinho" de um termina onde
começa o Rolexinho do outro? Ou versa-vice?
Então, aprendi
com ele que a história narra vários casos de rolezinhos, e para respondermos a essas perguntas:
“... é
preciso compreender, antes de mais nada, que não se trata de um fenômeno
recente. Muito pelo contrário. O que foi, afinal de contas, o fuzuê de Jesus
contra os vendilhões? O nazareno chegou ao templo de Jerusalém montando um
jumentinho (praticamente um Chevette, pra época), trazendo na cola uma ruidosa
multidão da periferia (Jericó, Betel e outras quebradas), "expulsou a
todos que ali vendiam e compravam; também derrubou as mesas dos cambistas e as
cadeiras dos que vendiam pombas" (Mateus, 21:12-17). Se os centuriões
dispusessem de cruzes de borracha e coroas de espinho de efeito moral, Roma
talvez durasse mais uns três ou quatro séculos.
Esqueçamos
Átila, os Godos, Visigodos e Germânicos —nosso espaço é curto — e saltemos 1500
anos: Cabral chegando à Bahia com aquele bando de marmanjo, atrapalhando o
lazer dos índios que só queriam passear com a família; é ou não é
"rolezinho"? "Rolezaum", na verdade, dada a distância
percorrida. Dizem que, depois dos primeiros atos de vandalismo (paus-brasil
eram derrubados como se fossem orelhões), os pataxós tentaram entrar com uma
liminar, mas a Justiça da época era avançadíssima e já estava do lado dos
poderosos, de modo que não apenas negou o pedido como o inverteu; os índios é
que foram acusados de "rolezinho" nas terras de El Rey.”
Desisto de posicionar-me até porque parece charmoso defender a prática
dos rolezinhos. Se diz que só reacionários e conservadores podem ser contra. Eu
acredito que ajudaria a expulsar os vendilhões do templo, mas não me agradaria pertencer
a turma cabralina.
Assim, o plano de aproveitar o excelente texto Contramão, que meu colega de tempos de professor de cursinho
Cláudio Moreno, escreveu na sua apreciada sessão O Prazer das Palavras, do
Caderno Cultura da Zero Hora
deste sábado, fica postergado. Afinal, depois de amanhã entro em férias e há
uma extensa pauta laboral a vencer nestes dois dias e editar blogue é lazer, e
isso não pode sobrepor ‘às coisas de trabalho’.
Atualissima e muito bem postada a edicao desta segunda. Parabens meu caro Chassot. JB
ResponderExcluirA burguesia ignara, enfatuada e empanturrada não tolera o rolezinho pois não consegue ver o quão aviltante é um chópin para quem nele trabalha e quem nele não pode senão contemplar. Quando vê não membros de sua classe nesses "clubes" de consumo sentem-se inseguros, já que fogem do aparente esculacho das ruas para o pseudo-mundo perfeito e refrescante.
ResponderExcluirSer a favor ou contra não me cabe. Somente acho errado impedir que pessoas passeiem, mas também acho um tédio passear lá…
Enfim, mais um sinal claro da monstruosa desigualdade social do Brasil.
Vejo nesses movimentos uma fragilidade de nossa juventude. O país se acabando com uma camarilha política precisando ser expurgada, onde uma obra faraônica faz sumir toneladas de aço, onde quadrilhas de policiais matam uma juíza, onde a cada dia temos um novo escândalo pipocando nos noticiários, e a turma protestando por protestar, pelo seu umbiguinho que só pensa no rolezinho.
ResponderExcluirFecho essa com uma citação de La Fontaine sobre as multidões: "Cada qual, tomado à parte, é passavelmente inteligente e razoável; reunidos, não formam já, entre todos, se não um só imbecil"
abraços
CULTURANDO
ResponderExcluirDesde que Homo desenvolveu a cultura
Não mais controla seu desenvolvimento
Pois através do tempo com desenvoltura
Manda a dinâmica dos acontecimentos
De tempos em tempos surge algo novo
Fenômeno cultural nos grandes centros
Certa manifestação espontânea do povo
Normalmente a cidade como epicentro
Não há motivo/espaço para repressão
Assim como nasceu vai morrer sozinho
O evento passageiro falece de inanição.
Os tais jovens que mal saíram do ninho
Querem eles apenas chamar atenção
Por isso inventaram esse tal rolezinho.
Parabens pela postágem professor!
ResponderExcluirÉ necessário entender o que os mebrosn querem. Diversão ou anarquia? E quem os conhece e convive com eles entende um pouco de seus anseios.
jose gabriel lama feijoo reseña google rabula de denuncias falsas
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