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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

15.— UMA RELEITURA SUPIMPA

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2653
A edição desta quarta-feira se faz seguindo uma recomendação evangélica. Não se faça inferências equivocadas. Mas viver na cristandade (leia-se, no Ocidente cristão), nos permite apropriações mesmo que não acompanhemos crenças.
Está no evangelho de Mateus (5, 14) a recomendação — em uma adaptação mais atual —: [...] não se acende uma lanterna para colocá-la debaixo da cama, mas coloca-se sobre um móvel para que ela ilumine a todos que se encontram na casa. Em mais de uma oportunidade já referi aqui, que muitos comentários aditados a uma edição não tem a visibilidade que merecem. Estes não circulam simultaneamente com edição (são, muitas vezes, postados mais tarde). Há aqueles que limitam-se a ler a edição e olvidam os comentários.
Meus leitores e eu temos o privilégio nestes mais de sete anos de ter pelo menos dois ou três comentaristas diários assíduos. Há outros eventuais. Dentre os primeiros o que me prestigia há mais tempo é o Jair Lopes, que há pelo menos quatro anos é presença certa, mesmo quando no exterior. Há cerca de dois anos o polímata se fez poeta. Muito provavelmente eu e muitos leitores aprendemos com ele curtir limeriques.
Em 04AGO2012 fiz uma edição especial onde dizia que os cinco versos de um limerique devem obedecer a esta regra: Os versos 1, 2 e 5 são maiores, geralmente com três pés de três sílabas (anapestos ou anfíbracos), rimando entre si, e os versos 3 e 4 menores com dois pés de 3 sílabas, também rimando entre si. O esquema de rimas é AABBA.
Mais recentemente, o Jair tem alternado sua opção poética primeira com sonetos. Sei que poetar não é fácil. As musas nisto não foram generosas comigo.
Não basta amealhar rimas. Ele a cada dia faz isso a partir de mote que chega quase acaso, nos assuntos que eu e outros bloguistas propomos a ele.
Parece-me que ontem o vate paranaense aquerenciado em Floripa foi espetacular na releitura da historieta africana que traduz com precisão a valorização do conhecimento não importando a perda do saber.
Permito-me trazer a narrativa original ladeada pelo soneto que retinta, já no título, com cores da pós-modernidade a prática ancestral.

UM MITO ANCESTRAL
Em um barco havia um homem com cerca de 30 anos, acompanhado de seu filho de 5 anos e de seu pai de 80 anos. O barco soçobrava. Só o jovem pai sabe nadar. Ele pode salvar apenas um. Quem ele salva? O menino? O velho?”
Na cultura africana, onde esta historieta tem sua matriz, o natural é que o velho fosse salvo, por um único argumento: ele é o detentor de conhecimentos que são muito preciosos para toda a comunidade.
SOLUCIONÁTICA
Perigo de morte a todos naquele grotão
Encurralados os três no interior do mato
Pois espreitando faminto estava um leão
Pai, o menino, o avô com medo de fato

Como fazer? Alguém seria sacrificado
Para que se salvassem os outros dois
Seria o avô querido ou o filho amado?
Qualquer solução dor causaria depois

O pai, aos céus, fazia pungente oração
Pedindo resposta para tal problemática
Porque parecia inviável qualquer opção

Não via como podia empregar uma tática
Mas de repente ouviu-se a voz do ancião:
Salvem o menino, ele sabe informática!

9 comentários:

  1. Muito estimado Professor Chassot,
    Bem posta sua metáfora bíblica. Tinha lido a postagem de ontem antes do magnífico comentário do Jair.
    A releitura dele é insuperável.
    Ele mostrou com competência o desprezo que se dá aos saberes primevos. O velho sentiu-se sem serventia, diferente de outros tempos.
    Parabéns ao poeta Jair
    Laurus Loureiro Lima

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  2. Concordo que nosso poeta o Jair tem se superado a cada dia. O que tambem me causa admiração é a inteligente mensagem sempre contida em seus versos, acredito que o gÊlo do CanadÁ está fazendo bem aos seus neurônios.
    Abraços

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  3. Concordo que nosso poeta o Jair tem se superado a cada dia. O que tambem me causa admiração é a inteligente mensagem sempre contida em seus versos, acredito que o gÊlo do CanadÁ está fazendo bem aos seus neurônios.
    Abraços

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  4. Limerique

    O vate, o mais da vezes indignado
    Fazer versos frouxos se vê obrigado
    Do Chassot aceita dicas
    Não lhe cabe ser medricas
    Pois não lhe amedronta o teclado.

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  5. Querido Chassot,
    os versos do Jair são uma atração a parte. Gosto de ler o blogue e, depois, a sobremesa: limerique e poemas do Jair.
    Sobre o assunto que atravessa a blogada anterior e a atual, achei formidável. Semana passada terminei o "Paradigme perdu" do Morin e comecei "La connaissance de la connaissance", o autor sempre evoca os saberes primevos e ressalta sua importância e também faz uma crítica feroz contra a fragmentação arrogante a à racionalização empobrecedora e perigosa da Ciência da hodiernidade. Abraços

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  6. …lendo Morin confirmo o que já dissera: A França tem Morin e o Brasil tem Chassot.

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    1. Meu caro Guy,
      às vezes, estadas no exterior e leitura de filósofos mais denso, ainda mais no original podem tornar pessoas obtusas.
      Temo que tal possa estar acontecendo ante tuas comparações esdrúxulas.
      Este doutorado pode te estar sendo prejudicial.
      Cave librum!
      Que faças a América (do Norte)!
      ac

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  7. Sinto que me encontro num caleidoscópio de sapiência.

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    1. Meu caro Vanderlei,
      num caleidoscópio qualquer pedrinha se faz estrela. É muito bom que sejas um ser caleidoscópico.
      Sob as bençãos da coruja de Athena.
      A amizade do
      attico chassot

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