ANO
8 |
em fase de transição
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EDIÇÃO
2645
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Agora, há sinais
concretos de estarmos a pleno no novo ano. O recesso natalino passou. Para
marcar 2014 (que alguns colocam como ano
improdutivo: carnaval em março / copa do mundo / eleições) inicio minhas
usuais viagens. Há um detalhe nesta de hoje: ela é a única que tenho antes de
iniciar uma muito curtida viagem de férias que se estenderá de 22 de janeiro a
13 de fevereiro.
Hoje viajo
pela manhã a Chapecó e à noite vou da ‘capital do Oeste Catarinense’ à
Frederico Westphalen, no Médio Alto Uruguai. Esta manhã e tarde tenho
atividades na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) que serão simultâneas,
através de videoconferência, nos seis campi: Chapecó (SC) — sede da Reitoria — Realeza
e Laranjeiras do Sul (PR) e Cerro Largo, Erechim e Passo Fundo (RS).
A UFFS é uma muito
jovem instituição de ensino superior pública criada em 2009, a UFFS abrange cerca
de 400 municípios da Mesorregião Fronteira Mercosul – Sudoeste do Paraná, Oeste
de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul.
Historicamente
desassistida pelo poder público, especialmente com relação ao ensino superior, esta
região sonhava com uma universidade federal há décadas. Não é sem razão, como
me informou, em outubro do ano passado, o vice-Reitor da UFFS, que 87% de seus
alunos pertencem à primeira geração que
chega à Universidade. Esta é mais uma das quase duas dezenas de
Lula-Universidade, criadas nos dois mandatos do presidente Lula.
Esta já é
minha terceira vez na UFFS em Chapecó. Também já estive no Campus de Cerro
Largo. A primeira vez foi em 26 de outubro de 2010, a segunda em 10 de outubro
do ano passado. Hoje, minha fala ‘Na
busca de fazer ciência também na sala de aula’ esta inserta no III Módulo do Programa de Formação em Pesquisa e Pós-Graduação da UFFS.
É preciso reconhecer que estes repetidos convites são
muito mais catalisados por relações de amizade do que por competência
profissional do convidado.
Já referi mais
de uma vez, que quando vamos a uma instituição onde nossos ex-orientandos
atuam, é quase como visitar a ‘casa de um filho’. Na UFFS o Diretor Acadêmico é
o Antonio Valmor de Campos,
que em 2005/06 defendeu sua dissertação de mestrado: — uma das produções que
mais me gratificou enquanto orientador de mestrandos e doutorandos.
A dissertação
do Antônio se fez livro MILHO CRIOULO: SEMENTES
DE VIDA: pesquisa, melhoramento e propriedade intelectual [Frederico
Westphalen: Editora da URI, 2007, 270p. il. ISBN 978-85-85889-98-2] do qual com muito orgulho fiz o prefácio.
Destaco, no mesmo, três dimensões da pesquisa: 1) que agricultores que cultivam
milho crioulo possam ser reconhecidos como pesquisadores; 2) que estes agregam
valor às sementes que beneficiam; 3) e, por esta razão, detêm propriedade
intelectual sobre as sementes que melhoram geneticamente.
Também por isso será bom estar hoje em Chapecó. Inauguro,
também, com esta fala, de maneira formal, meu 54º ano de magistério.
Trabalhos como o do Valmor com o seu excepcional orientador fazem a gente acreditar que ainda é possível fazer alfabetização científica. Demonstra, também, sensatez ao não adotar cartilhas daquela ciência que se prostituiu para o mercado. Um excelente trabalho nesta bela região.
ResponderExcluirMestre Chassot, não seja tão severo em sua autocrítica. Os repetidos convites inegavelmente não são só provenientes de laços de amizade, mas como também em virtude de sua alta competência e carisma. Ensinar, transmitir conhecimento, fomentar a curiosidade intelectual são atributos que não dependem só de formação, são características genéticas, as quais o destino lhe agraciou régiamente. Hora de um breve arregaçar de mangas, para depois, um merecido descanso.
ResponderExcluirAbraços
Hoje estou com preguiça de comentar, então reproduzo aqui um texto que escrevi há algum tempo:
ResponderExcluirPRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FSLEI DE MILHONo meu texto “A CIVILIZAÇÃO VALE A PENA?” escrevi: "A economia asteca estava baseada primordialmente no milho...”, e mais não disse por que não cabia, o assunto era outro. Contudo, senti necessidade de falar sobre esse alimento tão fundamental para o ser humano. Então, vamos começar por onde o milho começou. O Teosinto é uma gramínea anual como o trigo, o centeio, a cevada, o arroz etc, cespitosa (que forma touceiras) de aspecto semelhante ao milho, do qual é considerada ancestral, forma grandes touceiras, podendo atingir 3 metros de altura e seu perfilhamento é muito agressivo, ou seja, emite rebentos de forma abundante para todos os lados. Adaptada a climas quentes e solos férteis, não crescendo bem em solos arenosos, pobres e secos, é planta nativa das Américas Central e do Sul. O Teosinto, atualmente considerado de mesma espécie e com várias subespécies deu origem ao Milho nosso de cada dia que é uma gramínea da família Poaceae, da tribo Maydeae, do gênero Zea para distinguir desse seu parente silvestre mais próximo. O milho é um cereal essencialmente americano, uma vez que só nosso continente que se encontram os seus parentes selvagens mais próximos, seus ancestrais, e onde foi domesticado pelos aborígines mesoamericanos há mais ou menos 3500 anos. Fora das Américas, não existem fósseis e nem evidências lingüísticas, históricas ou pictóricas de milho ou teosinto, seu ancestral. Atualmente o milho é a planta cultivada que atingiu o mais elevado estágio de domesticação, uma vez que perdeu a capacidade de sobrevivência sem intervenção humana. Ocupa lugar de destaque como principal alimento dos vários povos e civilizações americanos, fato evidenciado pelos relatos históricos. Expandiu-se, até ocupar praticamente todo o continente americano, em conseqüência da seleção do homem e da seleção natural, e, em virtude do descobrimento e colonização das Américas, estendeu-se pelo mundo todo, tornou-se o alimento mais importante do planeta depois do trigo e do arroz. Cristóvão Colombo é considerado o descobridor não só do Novo Continente, a América, mas também de seu mais reputado alimento, o Milho. Rico em lipídios, proteínas, vitaminas A e C e carboidratos, esse cereal branco ou amarelo, protegido por camadas de folhas fibrosas, era há muito tempo a principal fonte de energia consumida pelos índios americanos. O modo mais comum de utilização do milho pelos nativos era como farinha ou fubá. Depois de pilado, o cereal era então fervido e comido como polenta ou ainda, transformado em deliciosas tortilhas e massas comestíveis que faziam a festa dos Astecas, Maias, Incas e demais povos da região meso-americana e andina. Esses povos tinham muitos conhecimentos em astronomia, arquitetura, matemática, irrigação, agricultura, drenagem, artesanato e economia, entre outras. Destaque-se também que souberam se apropriar dos elementos naturais que lhes eram fornecidos nas regiões em que se estabeleceram para não apenas sobreviver, e sim, para viver de forma confortável e até majestosa. Essas tradições foram preservadas até os dias de hoje e esses alimentos derivados do milho continuam sendo muito populares. Tive oportunidade de trabalhar na Bolívia por algum tempo e constatar a grande variedade de comidas e bebidas típicas feitas de, ou que levam milho na feitura. Além das mencionadas tortilhas e polentas, também é comum o consumo do milho cozido temperado apenas com sal - ao quais algumas pessoas gostam de adicionar manteiga - ou ainda assado na grelha - sendo que em algumas regiões coloca-se a espiga no fogo sem que se retire a palha.
O título é:
ExcluirPRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE MILHO"
Continuando…O que também chamou muito a atenção dos conquistadores espanhóis que dominaram as civilizações americanas foram os mercados públicos onde se vendiam muitos produtos, alguns conhecidos pelos europeus e outros totalmente desconhecidos, como é o caso do próprio milho, do cacau, e, consequentemente, do chocolate, do tomate e de várias espécies de pimentas. Incas, Maias e Astecas ficaram historicamente conhecidos como “civilizações do milho” por sua relação tão intensa e mística com esse cereal. Conta-se que, a despeito da luxuosidade das refeições dos líderes desses povos, o dia a dia era pautado em refeições simples, onde o milho era presença obrigatória. Se não existissem outros motivos como os calendários precisos e a arquitetura para reverenciar os povos pré-colombianos, o milho já seria o bastante. Esse cereal é, juntamente com a batata que também originou-se e foi domesticada no Novo Mundo, o maior e mais importante legado que os tripudiados aborígines americanos deixaram para o resto do planeta. JAIR, Floripa, 19/03/09.
ResponderExcluirPoeta Jair, vejo que pelo menos no título, desenterrastes o Geraldo Vandré. E como a obra do músico, seu texto é meritório dos mais altos elogios. Afinal quando vi que não haveria o limerique diário, confesso que minha primeira impressão foi a de decepção, afinal fomos mal acostumados. Após o texto, senti-me intelectualmente recompensado.
Excluirabraços
Ao Mestre Chassot: Uma vergonha a falta de comprometimento do poder público com as nossas universidades,até quando seremos tratados assim. Acorda Brasil!!! Um forte abraço Ley
ResponderExcluirMeu caro Jair,
ResponderExcluircomo o Antonio Furtado, curto os limeriques e mesmos os sonetos.
Todavia o tratado acerca do milho, e também do chocolate, compensou o cansaço do Poeta.
Com admiração
Attico chassot