Uma
segunda-feira que abre uma semana, como já referi, aqui ontem, vaticina um
espetáculo circense para a próxima quinta-feira: a midiática resignação de
Bento 16. Claro que isso não será assunto exclusivo aqui, mas sendo um daqueles
que daria um dedo para nós próximos dias viver em Roma, tenho buscado na
imprensa nacional e estrangeira matérias para suprir minha ausência física do polo
noticioso,
Tem
sido publicado muita ‘tonteria’. Por exemplo, a Folha de S. Paulo, em sua privilegiada edição dominical, publicou
ontem uma página inteira, com coloridos infográficos, sobre ‘ser católico’ que
talvez servisse para uma criança se preparar para a primeira comunhão à época
do Concílio de Trento. Também não vale
perder-se em análises de pseudo-vaticanólogos sobre as possibilidades do
Cardeal A ou Cardeal B ser eleito.
Não
quero parecer ranzinza. Há muita coisa boa. Na última terça-feira, Hélio
Schwartsman, bacharel em filosofia, autor, entre outros de ‘O Segredo de Avicena’ publicou, na p.A2,
na última terça-feira, Missa em latim, que vale
compartir com meus leitores. Acrescentei a ilustração que evoca meus tempos de coroinha, quando ajudava missa em latim, com o padre de costas para os fiéis. Vale fruí-lo:
Ao
contrário da esmagadora maioria dos comentários que li na imprensa, torço para
que o conclave eleja um papa tão ou mais conservador do que Bento 16. Até
entendo que as pessoas defendam o que imaginam ser o melhor para a Igreja
Católica, mas creio que estejam deixando passar o essencial.
E
o essencial é que hoje, ao contrário do que ocorria alguns séculos atrás, a
religião já não precisa atravancar a vida de ninguém. Se, no passado, um herege
podia ser assado em praça pública e a excomunhão significava uma sentença de
morte em vida, agora, pelo menos nos países democráticos, os ensinamentos
morais da Santa Sé não impedem uma pessoa de viver como preferir, inclusive no
campo da sexualidade.
Quem
não concorda com os catecismos do Vaticano, é livre para ignorá-los ou
contestá-los. Religiosos que consideram equivocadas as interpretações que o
sumo pontífice faz das Escrituras podem buscar outros cultos ou fundar sua
própria igreja. As vantagens fiscais são consideráveis.
No
mais, é complicado sugerir que nós, progressistas, podemos dizer o que pensamos
acerca de tudo e os papistas, por serem reacionários, não gozem da mesma
prerrogativa. Teríamos um problema de saúde pública se as autoridades dessem
ouvidos ao que o Vaticano prega em relação à camisinha, mas, felizmente, isso
já não ocorre há décadas no Brasil.
O
bônus do laicismo é que a palavra do papa, que antes tinha poder de vida e
morte sobre católicos e não católicos, hoje concorre com centenas de outras
visões de mundo, religiosas e seculares, e cada qual é livre para abraçar a que
mais lhe aprouver.
E
por que quero um papa conservador? Para mim, que não estou preocupado com a
disputa por fiéis nem com a vitalidade da religião, só o que torna a Igreja
Católica interessante é seu aspecto museológico, isto é, a janela que ela abre
para o passado. Por razões opostas, eu e Marcel Lefebvre preferimos a missa em
latim.
Ola Chassot
ResponderExcluirInteressante o artigo de Helio Schwartsman, e a justificativa de porque prefere um papa conservador. Também sou adepto da sua preferencia. Aproveito para indicar tambem a leitura da manifestação de Leonardo Boff sobre o tema http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2013/02/13/que-tipo-de-papa/
Abraço e boa semana. JB
eu caro Jairo,
Excluirobrigado por tua sugestão. Lera o texto que Boff publicou queixando-se inclusive do quanto a imprensa subaproveitou sua entrevista.
Com amizade e admiração
attico chassot
Limerique
ResponderExcluirEra uma igreja rabugenta
Porque seu séquito não aumenta
Até o Papa deu no pé
Então, sabe como é
Voltar aos velhos tempos ela tenta.
Cada vez mais o gigantismo da igreja católica nos mostra que a figura do papa é tal qual a da rainha da Inglaterra. Devemos nos preocupar sim quais "Golberys" estarão por detras das fileiras papais.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirIgreja afundada em pedofilia
Aferrada apenas à homilia
Tem os pés de barro
Põe bois atrás do carro
Pois boa reforma falta não faria.
Aprendi com meu inesquecível professor de grego na Faculdade de Teologia da IECLB, Bertholdo Weber que nós chamávamos de Webão. Ele ensinava que a igreja é como pão, só cresce quando apanha. E nos pedia que ajudássemos o crescimento da igreja.
ResponderExcluirAs instituições eclesiásticas são antigas e sólidas por isso. O conservadorismo eclesial justifica sua posição. Nesse aspecto, os conservadores nas igrejas são mais progressistas que os das academias e do mundo político, nos quais os conservadores não são constrangidos a se justificarem.
Caríssimo Evaldo,
ResponderExcluir~~ já quase meu chefe, a quem farei voto de obediência ~~
obrigado pela estreia aqui.
Os cardeais pedófilos seguem o Webão, que conheci.
Com orgulho em tê-lo como leitor aqui.
A edição de amanhã trará excerto de minhas aulas de hoje (Religião e ciência0;
Com amizade
attico chassot