Foi uma emocionante terça-feira
de estreias em duas turmas de Teorias do Desenvolvimento Humano no Centro
Universitário Metodista do IPA. À tarde 24 estudantes de licenciatura em Música
e a noite igual número da Licenciatura em Educação Física e da Pedagogia. Nos
dois grupos a maioria vivia, então, a aula inaugural na Universidade. Isto me
emocionou e me vez vibrar mais com o “arrumar a nossa caixa de ferramentas”.
Dois comentários preambulares acerca da publicação, ontem, do texto Deus hipotético de L.F. Veríssimo:
Dois comentários preambulares acerca da publicação, ontem, do texto Deus hipotético de L.F. Veríssimo:
1.-
Referi aqui a publicação da crônica em Zero
Hora de Porto Alegre; correto, mas simultaneamente o texto circulava em
vários outros grandes jornais brasileiros, como é usual com a produção do
cronista. Ainda algo sobre a circulação: depois de ver que havia optado pela
publicação neste blogue, observei que minha suposta ‘originalidade’ era vencida
por mais de uma dúzia de blogues — alguns de nomes famosos—, que já na tarde de
segunda-feira, publicavam o mesmo festejado (por alguns) texto.
2.- O final do texto acerca da parábola do Dostoievski sobre o encontro do
Grande Inquisidor com Jesus Cristo e que L.F. Veríssimo confessa não saber
como termina, provavelmente, fez curiosos a muitos. Um leitor, em comentário
ontem sugeriu a pauta de hoje.
Como encontrei um excelente artigo* sobre o
tema, a sugestão do Laurus não é apenas acolhida como expandida.
*GOLIN, Luana Martins. O Discurso
teológico no conto O Grande Inquisidor, de Dostoievski Revista Caminhando v. 14, n. 1, p. 65-75, jan. jun. 2009
Como
o texto é sumarento opto por na edição de hoje trazer algo do conto; amanhã falar de seu
autor e na sexta-feira, informações sobre o cenário: Sevilha, à época da Inquisição. Assim, agora, a sessão
um de nosso tríduo dostoievskiano
Contando O
Grande Inquisidor... No conto*, o personagem Ivan, ateu e liberal,
narra a história do Grande Inquisidor a seu irmão Aliocha, monge e muito
religioso. Além desses personagens, temos a figura de Cristo, que aparece como
símbolo da liberdade e o Inquisidor, cardeal do Santo Ofício que simboliza a
consciência dominadora e a autoridade.
A
história se passa na época da Inquisição, na cidade de Sevilha, Espanha, local
onde Jesus retorna e opera curas e milagres. Ao perceber o tumulto causado por
Cristo, um velho cardeal de noventa anos, o Grande Inquisidor, manda prendê-lo
nas casas do Santo Ofício, por heresia. Na prisão, Jesus é acusado e ameaçado
pelo Inquisidor: Amanhã mesmo Te hei de
julgar e condenar a morrer na fogueira, como o pior dos hereges. E esse mesmo
povo que hoje ainda Te beijava os pés, amanhã, a um sinal meu, há de se
precipitar para trazer lenha à Tua fogueira.
Segundo
o Grande Inquisidor, Jesus é acusado por ter proporcionado liberdade aos seres
humanos que são vistos como miseráveis e incapazes de lidar com esta
responsabilidade: Tinha sede [Jesus] de
um amor livre, querias que o homem te seguisse livremente, seduzido por Ti. Em
vez de se apoiar na antiga lei rigorosa, o homem deveria, doravante, com o
coração livre, escolher o que era o bem e o mal, tendo apenas a Tua imagem para
se guiar. Mas não pensaste que ele acabaria repelindo a Tua imagem e a Tua
verdade, esmagado por esse fardo terrível que é a liberdade de escolher?
*DOSTOIÉVSKI, Fiódor Mikhailovich. “O grande
inquisidor”. In: Os Irmãos Karamazovi. (Trad. Rachel de Queiroz e introdução de
Otto M. Carpeaux). Rio de Janeiro: José Olympio, 1953, p. 485.
Limerique
ResponderExcluirO irônico desse mundo cristão
É constatar sua dupla atuação
Criou seita de Cristo
E seu próprio quisto
Trouxe ao planeta a inquisição.
A luta entre o bem e o mal sempre foi alimentadora das mais belas obras. O questionamento do certo e o errado depende da ótica e da realidade do indivíduo, é portanto uma escolha subjetiva. E nessas escolhas temos inúmeros exemplos de como a turba é manipulável, um dos exemplos que mais impressiona certamente é Hitler. Ou para os céticos Jesus. Mas temos aqui em nossa era Fidel Castro, Lula etc.. E porque não citar tambem os fanáticos pelo futebol?
ResponderExcluirPensar não doi, mas para muitos é um ato vencido pela preguiça.
abraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirEncontraram-se Cristo e Inquisidor
Um a redenção outro dissemina a dor
Ideológico embate
Que não deu empate
Venceu aquele que prega o amor.
Limerique
ResponderExcluirNa Espanha dominava o Terror
Torquemada o grande inquisidor
Encontrou-se ele com Cristo
O qual jamais tinha visto
Condenou-o então como perversor.
Limerique
ResponderExcluirCristo na Espanha dando bobeira
Pregando a palavra a sua maneira
Então o Torquemada
Não gostou da parada
Imolou o Messias na fogueira.
Perfeito o texto de LFV. Obrigado, professor, por me fazer ler esse texto, que desconhecia até a referência em seu blogue!
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