ANO.pro.br***Edição
2378
Parece que o carnaval terminou.”
Agora é cinzas. Tudo acabado e nada mais!” chora o sambista.
Dentro da mesma linha de ter
sido ontem o não-feriado
mais feriado do Brasil, hoje é o único dia do ano,
que em muitos locais é um dia hemiferiado, pois há uma tradição — não muito
explicável — de o expediente começar apenas ao meio dia. A manhã de hoje — quarta-feira de cinza — sabe a feriado.
Por outro lado não adiro ao
senso comum que diz que no Brasil, o ano começa de verdade hoje, ou na primeira
segunda-feira depois do carnaval. Isso me parece algo tão preconceituoso na
tentativa de nos identificar como ‘um país de malandros’. Ainda no ano passado ou
retrasado declinei convite de participação de um programa radiofônico de
debates acerca desta tese, por me parecer bizantino.
A quarta-feira de cinza é o primeiro dia da
Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas que os cristãos católicos —
não sei de outras denominações cristãs que cultuam esse ato — recebem neste dia
são um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida,
recordando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana,
sujeita à morte. A imposição das cinzas ocorre com a assertiva, que evoca a narrativa
criacionista do gêneses: “Lembra-te,
homem, que és pó e a pó retornarás!”
A quarta-feira de cinza ocorre quarenta dias
antes da Páscoa sem contar os domingos ou quarenta e seis dias contando os
domingos. Acerca da determinação da data da Páscoa (primeiro plenilúnio do solstício
de outono, no Hemisfério Sul), alvo de polêmica entre diferentes ritos
católicos, mais de uma vez o assunto foi trazido aqui.
Agora algo conectado com a bombástica
notícia que foi o assunto central da edição de ontem, aqui. Fosse eu da assessoria
de Bento 16 — pretensão de alguém que nem pertence à grei da qual ele é pastor —
teria definido a data do anúncio da renúncia para esta quarta-feira de cinzas.
Teria outro simbolismo se comparada com insonsa segunda-feira de carnaval.
Também não sugeriria o undécima hora do último dia do mês para término da
ingente tarefa, pois parece querer receber o salário mensal de fevereiro sem
desconto. Mas não fui consultado, não me cabe opinar.
Ao fim e ao cabo um bom término
do recesso carnavalesco a cada uma e cada um. Amanhã, nos lemos uma vez mais.
Creio que agora as coisas começam a se encaminhar nesse Brasil... pois sempre dizem que somente depois do carnaval!!
ResponderExcluirÉ esperar para ver!!
Folclore ou não, o fato é que nada se resolve antes do "bentido" carnaval. Os processos estão parados na justiça antes do Natal, e só começarão a evoluir segunda 18 de fevereiro. Na quinta próxima passada fui a primeira aula de determinada matéria, e como dizem os mais jovens, "paguei o mico" de estarmos só eu e o professor. Muito sem graça expliquei que tinha vindo com medo de que fosse dada matéria nova. Ao se despedir o professor me alertou: "Olha, quinta depois do carnaval, não se preocupe pois não vou dar matéria."
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Professor, professor...
ResponderExcluirNada como este texto para a nossa quarta de cinzas... Claro que a leitura faço deitado na cama. Não estou pó ainda, mas quase lá...
Com uma fala preconceituosa, digo, que venha o ano...
Limerique
ResponderExcluirEra uma vez um país ocidental
O qual curtia feriado virtual
Após dias de folia
O carnaval morria
Na quarta feira descanso afinal
Sempre atencioso Mestre Chassot,
ResponderExcluirexterno e adiro a sua interrogação: por que Bento 16 não anunciou sua decisão de renunciar na litúrgica quarta-feira de cinza ao invés da ressacosa segunda-feira de carnaval.
Com admiração
L L L
Laurus, Edmar, Antônio Jorge, Jair, João,
Excluirque aditaram comentários a esta edição,
concordo que data do anúncio da resignação seria mais litúrgica se fosse hoje na abertura da quaresma. O dia 11 não era nem tão vazio: ~~ é dia de Nossa Senhora de Lourdes, talvez o principal santuário mariano da Europa ~~ e parece que a coincidência não foi sequer mencionada.
Há muita nebulosidade nesta renúncia. Aliás, ¿a morte de João Paulo I, em 1978, depois de 33 dias de pontificado, já foi explicada?
Obrigado por tê-los como leitores
attico chassot