Aqueles
de nós que nos envolvemos em alfabetização científica temos de maneira continuada
mostrar como assestar óculos para ler o mundo, e mais, temos que alertar nossos
alunos para ter presente que, de vez em vez, usamos óculos diferentes para o
mesmo objeto. Isso parece mais fulcral quando nos envolvemos na formação de
professores de Ciências.
Vale
destacar duas situações: a) mesmo que reconheçamos a Ciência como um dos óculos
mais privilegiados e usualmente falemos em seus templos (Universidades) não há como
assegurar que ela é o melhor óculo; b) vez ou outra, usamos mais de óculo
simultaneamente.
Quando
no início de um curso tenho a “sessão de arrumar ‘nossa’ caixa de ferramenta”
discuto seis óculos: Ciência, Religião, Mitos, Senso Comum, Pensamento Mágico e
Saberes Primevos.
Há
surpresas, por exemplo, quando mostro que quase todos usamos, mais
frequentemente que imaginamos, o Pensamento Mágico. Este não é usado apenas
pelos que regem suas vidas por horóscopos, tiram a sorte, usam amuletos, acreditam
ganhos de dinheiro como falei ontem aqui, mas, pensamento mágico os que sem ir
ao estádio torcem por seu time ou secam o rival. E não reconhecem que isso não adianta.
“Adianta,
sim Professor!” contra-argumentou um licenciando, no semestre passado: “quando
o Grêmio joga, pego uma camiseta dele, dou vários nós, coloco em cima do televisor
e o Grêmio se enrola todo!” Dias depois, tendo o Grêmio vencido um grenal,
disse-lhe que eu tinha evidências que sua tese se esboroara. “Ao contrário,
Professor, o Grêmio só ganhou por que me esqueci de colocar a camiseta!”
Nessas
discussões apresento três argumentos para, mais privilegiadamente, comparar dois destes mentefatos: Religião e Ciência: vivermos num mundo
religioso (basta ver a importância do dia de amanhã para não católicos), o recrudescimento do fundamentalismo (há
exemplos a mancheias) e a ateologia
(parece que neste século 21 os ateus estão podendo sair do armário).
Estes
dois óculos para explicar o mundo — Religião e Ciência —, mesmo que, tenham uma
ambição comum: oferecer uma leitura coerente do mundo sensível — Religião e Ciência
ocupam um mesmo espaço: o espaço do pensamento humano. E parece que termina aí
a isonomia de ações, há campos dicotômicos; estes podem ser assim limitados:
As
Religiões afirmam a existência de uma
verdade global, imanente, eterna, completa, que trata tanto da natureza como do
homem. Esta verdade tem uma exigência fulcral para crê-la: a FÉ.
A
Ciência não tem a verdade, mas aceita
algumas verdades transitórias, provisórias em um cenário parcial onde os
humanos não são o centro da natureza, mas elementos da mesma. O entendimento
destas verdades — e, portanto, a não crença nas mesmas —, tem uma exigência: a RAZÃO.
O
assunto poderia estender-se. Volto, ainda repetidamente aqui. Na expectativa de
um apoteótico ocaso de fevereiro lemo-nos amanhã.
Limerique
ResponderExcluirSobre mundo homem coloca visão
Mas ciência vê coisas com a razão
Para ela não há fatuidade
Mas busca pela verdade
E religião é apenas superstição.
Nos dias de hoje resta apenas uma verdade, a do capital. Um sistema falido, arcaico, saturado, mas que insiste em permanecer como única verdade. Assistimos a Europa ruir diante diante de um Euro "salvador" que nunca decolou. Sociedades milenares como a Grécia e a Itália pedem socorro a raça Ariana que sempre surpreende com a capacidade de recuperação.O Vaticano varre o lixo para debaixo do tapete.A maquininha da "Cielo" invade os cultos evangélicos. Deus agora aceita até cheque pré-datado...
ResponderExcluirE no apelo midiático fazem de uma blogueira celebridade com direito a tour pelo mundo em palestras, afinal precisamos ainda acreditar no capital. Afinal já foi dito: "O homem é o lobo do homem."
Demais!
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