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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

27.-VALE BEM ASSESTAR ÓCULOS


Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2401
Aqueles de nós que nos envolvemos em alfabetização científica temos de maneira continuada mostrar como assestar óculos para ler o mundo, e mais, temos que alertar nossos alunos para ter presente que, de vez em vez, usamos óculos diferentes para o mesmo objeto. Isso parece mais fulcral quando nos envolvemos na formação de professores de Ciências.
Vale destacar duas situações: a) mesmo que reconheçamos a Ciência como um dos óculos mais privilegiados e usualmente falemos em seus templos (Universidades) não há como assegurar que ela é o melhor óculo; b) vez ou outra, usamos mais de óculo simultaneamente.
Quando no início de um curso tenho a “sessão de arrumar ‘nossa’ caixa de ferramenta” discuto seis óculos: Ciência, Religião, Mitos, Senso Comum, Pensamento Mágico e Saberes Primevos.
Há surpresas, por exemplo, quando mostro que quase todos usamos, mais frequentemente que imaginamos, o Pensamento Mágico. Este não é usado apenas pelos que regem suas vidas por horóscopos, tiram a sorte, usam amuletos, acreditam ganhos de dinheiro como falei ontem aqui, mas, pensamento mágico os que sem ir ao estádio torcem por seu time ou secam o rival. E não reconhecem que isso não adianta.
“Adianta, sim Professor!” contra-argumentou um licenciando, no semestre passado: “quando o Grêmio joga, pego uma camiseta dele, dou vários nós, coloco em cima do televisor e o Grêmio se enrola todo!” Dias depois, tendo o Grêmio vencido um grenal, disse-lhe que eu tinha evidências que sua tese se esboroara. “Ao contrário, Professor, o Grêmio só ganhou por que me esqueci de colocar a camiseta!”
Nessas discussões apresento três argumentos para, mais privilegiadamente, comparar dois destes mentefatos:  Religião e Ciência: vivermos num mundo religioso (basta ver a importância do dia de amanhã para não católicos), o recrudescimento do fundamentalismo (há exemplos a mancheias) e a ateologia (parece que neste século 21 os ateus estão podendo sair do armário).
Estes dois óculos para explicar o mundo — Religião e Ciência —, mesmo que, tenham uma ambição comum: oferecer uma leitura coerente do mundo sensível — Religião e Ciência ocupam um mesmo espaço: o espaço do pensamento humano. E parece que termina aí a isonomia de ações, há campos dicotômicos; estes podem ser assim limitados:
As Religiões afirmam a existência de uma verdade global, imanente, eterna, completa, que trata tanto da natureza como do homem. Esta verdade tem uma exigência fulcral para crê-la: a .
A Ciência não tem a verdade, mas aceita algumas verdades transitórias, provisórias em um cenário parcial onde os humanos não são o centro da natureza, mas elementos da mesma. O entendimento destas verdades — e, portanto, a não crença nas mesmas —, tem uma exigência: a RAZÃO.
O assunto poderia estender-se. Volto, ainda repetidamente aqui. Na expectativa de um apoteótico ocaso de fevereiro lemo-nos amanhã.

3 comentários:

  1. Limerique

    Sobre mundo homem coloca visão
    Mas ciência vê coisas com a razão
    Para ela não há fatuidade
    Mas busca pela verdade
    E religião é apenas superstição.

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  2. Nos dias de hoje resta apenas uma verdade, a do capital. Um sistema falido, arcaico, saturado, mas que insiste em permanecer como única verdade. Assistimos a Europa ruir diante diante de um Euro "salvador" que nunca decolou. Sociedades milenares como a Grécia e a Itália pedem socorro a raça Ariana que sempre surpreende com a capacidade de recuperação.O Vaticano varre o lixo para debaixo do tapete.A maquininha da "Cielo" invade os cultos evangélicos. Deus agora aceita até cheque pré-datado...
    E no apelo midiático fazem de uma blogueira celebridade com direito a tour pelo mundo em palestras, afinal precisamos ainda acreditar no capital. Afinal já foi dito: "O homem é o lobo do homem."

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