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sábado, 2 de fevereiro de 2013

02.- CARTA A D. - HISTÓRIA DE UM AMOR


Ano 7***             C A N E L A                 ***Edição 2376
Hoje este blogue, como o Brasil inteiro, cumpre o sétimo dia de enlutamento. Aqui, a marca foi logo — ao lado —recordando a cada dia a dolorosa tragédia. Choramos centenas de jovens mortos e feridos. ¡Que isto reverta não em punição aos culpados (eles já estão moralmente castigados), mas em brados de segurança para todos! E boates e danceterias não são as únicas arapucas. Veja-se a insegurança das casas de festas infantis. Esta será a maneira de valorizarmos vidas prematuramente ceifadas.
Na blogada do dia 20 de janeiro, ao comentar o filme dolorosamente lindo “Amor” dizia que era difícil não fazer conexão André e Dorine Gorz. A dica de leitura sabática, aqui de Canela, vem neste esteirar.
Meus leitores dos primórdios deste blogue e aqueles que assistiram a minhas palestras em outubro de 2007 hão de recordar uma notícia, detalhada aqui em 30 de setembro de 2007: as mortes do filósofo André Gorz – um dos mais respeitados ícone da esquerda francesa e um dos fundadores da publicação "Le Nouvel Observateur" – e de sua mulher Dorine.
Em minhas falas, então, apresentava, como um ofertório ao casal, um trecho da dedicatória do último livro de Gorz, publicado em 2006: "Lettre à D. Histoire d'un amour, une ode à Dorine" escreveu para sua mulher, que vale trazer uma vez mais aqui: “Tu acabas de fazer 82 anos. Encolheste seis centímetros e não pesas mais que 45 quilos. Tu continuas sempre bela, graciosa e desejável. Faz 58 anos que vivemos juntos e eu te amo mais do que nunca. Recentemente me apaixonei de novo e de novo carrego em mim um vazio avassalador que só é preenchido por teu corpo apertado contra o meu. Nós nos amaremos, sendo que na morte, um não há que sobreviver ao outro. Se houver uma segunda vida, nós desejamos passá-la juntos.”
O casal se suicidou depois de viver juntos cerca de 60 anos. Quem desejar detalhes de noticiário da época:www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/um-duplo-suicidio-de-amor
Dorine sofria uma grave e rara doença degenerativa, a aracnoidite, causada pelo acúmulo de uma substância que lhe fora injetada para fazer contraste numa radiografia da coluna. "Você vai eliminar esse produto em dez dias", disse o radiologista. Não foi assim: o líquido, chamado lipiodol, subiu até o crânio, e também formou um cisto na região cervical. A compressão nas terminações nervosas causava dores insuportáveis.
Em fevereiro de 2008, editora Cosac Naify lançou uma edição de luxo de CARTA A D. - HISTÓRIA DE UM AMOR de André Gorz numa tradução de Celso Azzan Jr. O livro com 80 páginas tinha preço anunciado de 29 reais. No momento esta edição está esgotada. Em outubro de 2012 a mesma editora lançou uma edição dita ‘portátil’ disponível www.cosacnaify.com.br em por R$ 15,90.
Prelibando a dica sabática de leitura: CARTA A D. - HISTÓRIA DE UM AMOR, desejo desde Canela o melhor sábado a cada uma e cada um de meus leitores.

4 comentários:

  1. Como já disse Freud, "Fica-se muito louco quando apaixonado.", e o nosso amigo "Montecchio" do século XXI é exemplo disso.
    Por mais romântica que pareça esta atitude insana, a vida é o bem maior.

    abraços

    Antonio Jorge

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Limerique

    Era uma vez amantes consortes
    Unidos por um sentimento forte
    Sob égide da vida eterna
    Que aqui a nós governa
    Marcaram encontro após a morte.

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  4. Prezado Professor,

    instigado pela sua sugestão assisti ao filme Amor, produção germânica-francesa,confesso que senti em sua narrativa no primeiro momento ternura e no segundo estranheza e indignação, mesmo sendo ficção,ele ajuda a pensar sobre a "melhor idade", aliás concordo contigo sobre este enunciado entre aspas.

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