Hoje este
blogue, como o Brasil inteiro, cumpre o sétimo dia de enlutamento. Aqui, a
marca foi logo — ao lado
—recordando a cada dia a dolorosa tragédia. Choramos centenas de jovens mortos
e feridos. ¡Que isto reverta não em punição aos culpados (eles já estão moralmente
castigados), mas em brados de segurança para todos! E boates e danceterias não
são as únicas arapucas. Veja-se a insegurança das casas de festas infantis. Esta
será a maneira de valorizarmos vidas prematuramente ceifadas.
Na blogada do
dia 20 de janeiro, ao comentar o filme dolorosamente lindo “Amor” dizia que era
difícil não fazer conexão André e Dorine Gorz. A dica de leitura sabática, aqui
de Canela, vem neste esteirar.
Meus leitores dos
primórdios deste blogue e aqueles que assistiram a minhas palestras em outubro de
2007 hão de recordar uma notícia, detalhada aqui em 30 de setembro de 2007: as
mortes do filósofo André Gorz – um dos mais respeitados ícone da esquerda
francesa e um dos fundadores da publicação "Le Nouvel Observateur" –
e de sua mulher Dorine.
Em minhas
falas, então, apresentava, como um ofertório ao casal, um trecho da dedicatória do último livro de Gorz,
publicado em 2006: "Lettre à D.
Histoire d'un amour, une ode à Dorine" escreveu para sua mulher, que
vale trazer uma vez mais aqui: “Tu acabas de fazer 82 anos. Encolheste seis
centímetros e não pesas mais que 45 quilos. Tu continuas sempre bela, graciosa
e desejável. Faz 58 anos que vivemos juntos e eu te amo mais do que nunca.
Recentemente me apaixonei de novo e de novo carrego em mim um vazio avassalador
que só é preenchido por teu corpo apertado contra o meu. Nós nos amaremos,
sendo que na morte, um não há que sobreviver ao outro. Se houver uma segunda
vida, nós desejamos passá-la juntos.”
O casal se
suicidou depois de viver juntos cerca de 60 anos. Quem desejar detalhes de
noticiário da época:www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/um-duplo-suicidio-de-amor
Dorine sofria
uma grave e rara doença degenerativa, a aracnoidite, causada pelo acúmulo de
uma substância que lhe fora injetada para fazer contraste numa radiografia da
coluna. "Você vai eliminar esse produto em dez dias", disse o
radiologista. Não foi assim: o líquido, chamado lipiodol, subiu até o crânio, e
também formou um cisto na região cervical. A compressão nas terminações nervosas
causava dores insuportáveis.
Em fevereiro
de 2008, editora Cosac Naify lançou uma edição de luxo de CARTA A D. - HISTÓRIA DE UM AMOR
de André Gorz numa tradução de Celso Azzan Jr. O livro com 80 páginas tinha
preço anunciado de 29 reais. No momento esta edição está esgotada. Em outubro
de 2012 a mesma editora lançou uma edição dita ‘portátil’ disponível www.cosacnaify.com.br
em por R$ 15,90.
Prelibando a dica
sabática de leitura: CARTA A D. - HISTÓRIA DE UM AMOR, desejo desde
Canela o melhor sábado a cada uma e cada um de meus leitores.
Como já disse Freud, "Fica-se muito louco quando apaixonado.", e o nosso amigo "Montecchio" do século XXI é exemplo disso.
ResponderExcluirPor mais romântica que pareça esta atitude insana, a vida é o bem maior.
abraços
Antonio Jorge
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirEra uma vez amantes consortes
Unidos por um sentimento forte
Sob égide da vida eterna
Que aqui a nós governa
Marcaram encontro após a morte.
Prezado Professor,
ResponderExcluirinstigado pela sua sugestão assisti ao filme Amor, produção germânica-francesa,confesso que senti em sua narrativa no primeiro momento ternura e no segundo estranheza e indignação, mesmo sendo ficção,ele ajuda a pensar sobre a "melhor idade", aliás concordo contigo sobre este enunciado entre aspas.