Usualmente, não somos guardadores de memória. Como
contraexemplo, amealho algo do 32º EDEQ, assuntado aqui ontem. Este registro se
faz um pouco — sei ser pretensioso — num sentimento de pertença.
O evento, com o mote Saberes docentes, memórias, narrativas e práticas foi
instalado na manhã de ontem de maneira solene, com a presença de autoridades
acadêmicas. A professora Rochele Loguercio, coordenadora do Encontro, fez,
então, uma acolhida que vale degustar:
. Uma das formas mais implacáveis da construção escolar/acadêmica
é uma certa solidão docente. Quando ela se instala, quais os discursos, saberes
e poderes a constituem de forma sub-reptícia e constante, invisível? Quais as
forças que nos afastam e quais as resistências que nos unem? Nossa dia a dia é
feito de pequenos grupos e de parcerias imprescindíveis.
E existe o Encontro, os Encontros, ágoras de lutas por
valorização de saberes. Ágoras onde o que se disseminam são conhecimentos e
sabores produzidos diariamente naas escolas, nas salas de aula da academia, nas
gavetas dos governos.
Saberes que nos interpelam e nos constituem como professores,
como intelectuais das salas de aula, como atores incontestes da historia da
educação. Por mais esquecidos, secundarizados e coadjuvantes que nos tratem,
somos protagonistas das histórias educacionais, somos, nós professores, um dos
polos nas diferenças de potenciais que constituem a educação nesse país. Temos
que assumir nossos poderes e saberes, temos que ser hipercríticos com nossas
práticas, temos que narrar nossas histórias.
O 32º EDEQ quer fazer parte de vocês, quer fazer
diferença para fazer diferente, quer que novas parcerias se firmem, quer novos
conhecimentos se reconheçam, se confrontem e se transformem.
Quer, como diz nosso motivo de saudades, Roque Moraes, “que adotemos uma concepção de realidade em
construção e nos consideremos sempre permanentemente incompletos, inacabados e
permanentemente incompletos, inacabados e em constante construção”.
Seremos 676 participantes, sendo 447 falantes, 23 vozes
em práticas docentes, 15 painelistas, 174 apresentadores orais, 189 expositores
de pôsteres, 21 ministrantes de minicursos, 22 pesquisadores em mesas redondas,
3 conferencistas, 229 ouvintes com direito a microfone e espaço de fala.
Penso que estes números deixariam Roque Moraes feliz,
pois são inúmeras vozes, todas respeitando sua máxima: “aprende quem fala, ensina quem ouve”.
Sejam muitos bem vindos, e como nos diz Foucault: “O que é preciso é não permanecer na
eternidade preguiçosa dos ídolos, mas mudar, desaparecer para cooperar para a
transformação, agir sem nome e não ser puro nome ocioso”.
Outro momento destacado da manhã foi a conferência: Saber e Conhecimento na Sociedade da
Informação na qual o Prof. Dr. Alfredo Veiga-Neto fez um alerta metodológico
a ‘Informação’ / ‘conhecimento’ / ’sabedoria’
criticando ‘uma certa permissividade linguística’ que demonstrou em quatro
dimensões: 1) etimologia; 2) arqueologia; 3) experimento; 4) história da
pedagogia.
À tarde se realizaram grande parte das atividades que a
Rochele trouxe, quando com número permitiu inferir a densidade da programação.
Na noite de ontem houve uma gostosa confraternização. Meu
momento maior no EDEQ será na manhã de hoje quando tenho um minicurso onde
tentarei mostrar como a História e a Filosofia podem catalisar ações indisciplinares.
Minha sexta-feira se encerra à noite, depois das atividades no EDEQ, com a participação
em seminário no Mestrado Profissional de Reabilitação e
Lembro-me de uma época em que determinada personalidade da "telinha mágica" elaborava um caderno infantil, parte de um conceituado jornal. E neste caderno usava uma linguagem onde propositalmente a letra "x" era inserida em lugar de outras criando uma fala similar ao seu nome artístico. Aquilo me incomodava de tal maneira, pois era evidente o mal incutido no aprendizado da petisada. Graças ao bom senso algum tempo depois essa prática foi minorada e acredito que hoje até abolida.
ResponderExcluirQuando vejo estes conclaves com o intuito de aprimorar nosso ensino, fico feliz e aliviado, afinal ainda temos bastante gente preocupada com a questão.
"saudaxões"
Antonio Jorge