Só neste ano de 2012 — por estarmos no Ano Alan Turing —
eu já abri mais de 20 palestras, seminários ou minicursos fazendo homenagem a
um dos mais importantes (e mais desconhecidos) cientistas do Século 20.
Já em 17 de setembro de 2009, escrevia neste blogue: Venho ao Oeste Catarinense a convite do Curso de
Matemática da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), para
participar da JOCETEC (Jornada de Ciência e Tecnologia dos cursos do CETEC) o
qual contempla a semana acadêmica do curso de Matemática. Minha fala tem como
tema “A
História da Ciência catalisando propostas transdisciplinares”.
Nesta inserção na palestra vou homenagear o
matemático britânico Alan
Mathison Turing (Londres, 23 de junho de 1912 - 7 de junho de 1954) foi um matemático
britânico. Filho de um oficial, logo cedo se interessou pela ciência. A maior
parte de seu trabalho foi desenvolvida na área de espionagem e, por isso,
somente em 1975 veio a ser considerado o pai da informática.
Como homossexual declarado, no início dos anos 50 foi
humilhado em público, impedido de acompanhar estudos sobre computadores,
julgado por "vícios impróprios" e condenado a terapias à base de
estrogênio, um hormônio feminino o que, de fato, equivalia a castração química
e que teve o humilhante efeito secundário de lhe fazer crescer seios.
Deprimido, em 7 de Junho de 1954, em sua residência em Wilmslow, Cheshire, com
apenas 41 anos, faleceu após ter comido uma maçã envenenada com cianeto. A sua
morte foi oficialmente considerada como suicídio.
Ele foi recentemente notícia. O governo britânico pediu, neste 11 de setembro de 2009, desculpas pelo
tratamento "chocante" ao qual o matemático Alan Turing, um dos
cientistas mais reverenciados do país, foi submetido para coibir sua
homossexualidade, e que o levou ao suicídio em 1954.
Surpreendente, o pedido resulta de uma petição on-line que, em pouco
mais de um mês, atraiu 31,3 mil assinaturas e desenterrou na mídia a história
do pai da inteligência artificial.
"Turing foi um matemático brilhante, famoso por decifrar os códigos
da [máquina de criptografia] alemã Enigma. Não é exagero dizer que, sem sua
notável contribuição, a história da Segunda Guerra poderia muito bem ter sido
outra", diz o premiê Gordon Brown em comunicado no site do governo.
"A dívida de gratidão que temos torna mais horrível ainda a forma
como ele foi tratado." Inédito para um governo britânico, Brown admite que
o tratamento com hormônios a que Turing foi submetido por dois anos motivou seu
suicídio.
Nestes três anos seguintes o assunto foi recorrente aqui
neste blogue. Assim, trago uma notícia mais ao alcance dos que vivem o transitarão
pela Grande Porto Alegre: uma exposição anunciada abaixo, se inaugura
hoje.
Ela pretende
mostrar que no começo, era uma teoria: uma máquina que só existia no papel.
Antes de ter sido criada qualquer tecnologia que tornasse viável o computador,
Alan Turing provou que seria possível. O inglês, considerado por muitos o pai
do computador, tem seu centenário comemorado este ano. Eventos ao redor do
mundo celebram a memória do matemático.
Há dias
passados, Marcelo Walter, doutor em Ciência da Computação e professor da UFRGS,
um dos organizadores das atividades comemorativas na universidade, afirmava na
Zero Hora:
– Acho que
Turing poderia ser considerado o Newton da nossa época. É comparável a Einstein
e Freud.
– Sem
exagerar, a gente pode dizer que deve o computador a ele. Talvez tivesse
produzido mais, se não tivesse vivido somente 41 anos – avalia Edward Hermann
Haeusle, professor de lógica e teoria da computação da PUC-Rio.
Exposição
Alan Turing: Legados para a Computação e para a
Humanidade
Quando: 10OUT12 a 22MAR13
Segundas a
sexta-feiras, das 9h às 18h
Local: Museu da UFRGS (Av. Osvaldo Aranha, 277,
Porto Alegre)
Entrada franca
Mestre Chassot, excelente matéria. Para contribuir:
ResponderExcluirAlan fascinado pelo modo como a matemática funciona na natureza, ele observou a ocorrência da sequência de Fibonacci nas sementes de girassol, no centro da flor, e imaginou que estudar a planta ajudaria e entender seu crescimento. Mas morreu sem completar o trabalho.
Numa homenagem a Turing, o Museu da Ciência e Indústria e o Festival de Ciência de Manchester, com apoio da universidade e prefeitura locais, promovem o Turing's Sunflowers. O objetivo é cultivar girassóis em numero suficiente para reunir os dados necessários e seguir com o estudo do britânico. Para participar, é preciso cultivar a flor, fazer a contagem das sementes, em setembro e outubro, e compartilhar os dados. Os resultados serão anunciados durante o Festival, que se realiza de 27 de outubro a 4 de novembro.
Desculpas não me identificar... Jaime Gross Garcia
ResponderExcluirSalve, muito estimado colega e amigo Jaime!
ExcluirPrimeiro muito obrigado por distinguires este blogue com comentários. Teu prestígio acadêmico qualifica meu trabalho.
Desconhecia a relação de Turing com os girassóis e por decorrência o Turing's Sunflowers.
Estima e admiração
attico chassot
Todo e qualquer preconceito é uma manifestação da parte mais horrenda da raça humana. Nem podemos comparar tais procedimentos como digno de animais irracionais, pois estaríamos sendo injustos com os animais. Ao longo de toda nossa história a bestialidade do preconceito tem ceifado vidas, algumas notórias, mais a maioria soçobra no anonimato sem qualquer registro ou menção. A sociedade egoísta incomoda-se com o proceder alheio negando-lhe o direito a vida sendo sua responsabilidade cada morte, cada suicídio. Deplorável e hipócrita atitude é um governo se desculpar com os mortos, enquanto muitos outros virão a morrer pela total falta de compreensão e aceitação.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Limerique
ResponderExcluirA velha Albion enfim reconheceu
Ter injustiçado dileto filho seu
Turing, agora reconhecido
Voltou a ser filho querido
Embora tardiamente como Galileu.