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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

08.- ASSIM NA TERRA COMO NA NUVEM



Ano 7*** WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR ***Edição 2259

Depois de dias de uma jornada manauara, uma vez mais, se começa semana em que já prelibamos o feriado da Padroeira. Meu retorno Manaus/Porto Alegre foi sem nenhum registro especial.
Cheguei a uma cidade que parecia esquecida. Para ela, em outros tempos, domingo de eleições era dia de festa. Ontem, já era 9h, havia sol e cidade substituíra a liturgia da festa para letargia.
Quando fui votar, passei duas vezes, na ‘minha’ esquina, onde outrora fazia bandeiraço e... não era só eu que faltara. Todos faltaram. Lembro-me do orgulho que eu tinha de estar na rua com a bandeira do PT. Ela, durante a semana, tremulava no ponto mais alto do prédio; nos fins de semana passeava garbosa. Agora, está enrolada rota não sei onde.
Já temos história para contar aos netos, de tempos que Porto Alegre era diferente; hoje, um magérrimo terceiro lugar para o candidato petista.
E as festas da vitória? E as administrações exemplares que o PT sabia fazer? Crianças! isso são histórias de tempos em que nesta terra não se sabia o que era mensalão. Era muito diferente.
Para esquecer o antanho que se faz tacanho, só indo às nuvens. Então um convite: acompanhemos Ruy Castro em sumarenta viajada.
Prazeres na "nuvem" CDs, DVDs, câmeras digitais, telefones fixos, controle remoto e até PCs de mesa com teclado, mouse e disco rígido — pelo que li há dias no "Globo", tudo isso tende a ser história nos próximos anos. Por história, entenda-se o grande lixão a que se destinam os cadáveres da eletrônica. Parece que, na próxima década, só os maiores de 30 anos ainda terão uma vaga lembrança de para que serviam esses equipamentos, aos quais ficamos hoje atracados o dia inteiro.
A ideia é a de que as mídias físicas, palpáveis, irão literalmente para o espaço. Tudo estará na chamada "nuvem" — que, até agora, ninguém conseguiu me explicar onde fica, como funciona e se fecha quando chove. O acesso aos conteúdos se dará por smartphones, downloads ou com o usuário plantando bananeira contra a parede e se concentrando.
A "nuvem" é infinita e conterá tudo que puder ser exibido, alugado, vendido, emprestado ou copiado, e isso dispensará as cidades de manter museus, galerias, cinemas, bibliotecas, livrarias, sebos, arquivos públicos etc. Quer dizer, os acervos destes continuarão existindo, mas "na nuvem", sem despesas com funcionários, material de limpeza ou energia elétrica.
Cá entre nós, não estou com a menor pressa de aderir à "nuvem". Ainda gosto de manusear, apalpar, acariciar. Hoje, por exemplo, minha coleção de LPs, em edições raras, originais, lindíssimas, é a melhor que já tive (vitrolas e agulhas não faltam -estou estocado). O mesmo quanto às coleções de CDs e DVDs que acumulei -só espero que não interrompam logo a fabricação dos aparelhos para tocá-los. E continuo a frequentar sebos, bibliotecas e arquivos — gosto até do cheiro de mofo.
Meu consolo é que, um dia, quando tudo isso tiver acabado e só estiver disponível na "nuvem", eu também estarei nas proximidades — em alguma nuvem.

8 comentários:

  1. Por aqui na nossa Niterói o pleito trouxe mensagens interessantes. Com 65989(17,27%) eleitores que nem compareceram para o exercício do voto. Somados a 23405(7,41%) de votos nulos e 17184(5,44%) de votos brancos teremos um total de quase trinta por cento da população que não quiz ou não teve em quem votar. O resultado é que com a diluição dos votos válidos entre os mais diversos partidos e candidatos sem expressão, aqueles políticos profissionais se mantiveram no poder com sua pequena porção de votos acabrestados. "Tudo como dantes no quartel de Abrantres"

    Abraços

    Antonio Jorge

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  2. PS: desculpem o erro crasso "quis" no lugar do errado quiz

    antonio jorge

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  3. Limerique

    Sim, fazer previsão me aventuro
    Prever para não ficar no escuro
    Aqueles que me ouvem
    Liguem-se na nuvem
    Pois na nuvem está nosso futuro.

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  4. Limerique

    Primeiro, nas urnas, a eleição
    Depois, nas mesas, apuração
    Candidatos eleitos
    Agora satisfeitos
    Tudo uma cambada de ladrão.

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  5. Caro e peregrino amigo prof. Chassot:
    Pertinente e percuciente a blogada desta segunda feira pós eleições. Parabéns pela lucidez, que visualiza os ventos (ou tempestades) que provocam ou acompanham as mudanças nas sociedades. Ai, como aqui, as coisas e os fatos se aparentam. A politica, não obstante os percalços, tem muito de ciência. Mas só falo de ciência, diante de um mestre, en passant. Receba o meu abraço,

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  6. Meu querido colega e amigo José,
    Bi-cumprimentos: o primeiro, pelo belenense que se irmana ao porto-alegrense nas (des)venturas eleitorais; o outro pelo sucesso na postagem de um comentário a tanto ensaio.
    Bravíssimo.

    attico chassot

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  7. Grande Mestre Chassot maravilha, como sempre, suas palavras. E mais ainda a: " Tudo estará na chamada "nuvem" — que, até
    agora, ninguém conseguiu me explicar onde fica, como funciona e se fecha quando
    chove." grande abraço. Jaime

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  8. HA!! Sobre as eleições e o nosso PT não me animo a comentar. Jaime Gross Garcia

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