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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

01.- Leitor 'se engaja' mais na notícia impressa



Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2009
Blogada que inaugura este bissexto fevereiro, o segundo mês do ano, pelo calendário gregoriano. O nome fevereiro vem do latim februarius, inspirado em Februus, deus da morte e da purificação na mitologia etrusca.
Oportuno lembrar que já existiram três dias 30 de fevereiro na história, em decorrência de ajuste de calendários, mais de uma vez, objeto de comentários aqui. Originariamente, fevereiro possuía 29 dias e 30 como ano bissexto, mas por exigência do Imperador César Augusto, de Roma, um de seus dias passou para o mês de agosto, para que o mesmo ficasse com 31 dias, semelhante a julho, mês batizado assim em homenagem ao Imperador Júlio César.

Mas eis o assunto que faz a manchete desta quarta-feira. Pesquisas, como estas duas: “Estudo de universidade dos EUA diz que o meio é um importante indicador para a retenção de dados após a leitura” e “Grupo leitor do 'NYT' no papel recordou mais notícias, tópicos e trechos dos textos do que quem o leu no site”, parecem quase desnecessárias, pois o senso comum faria prever os resultados. Afinal, há pesquisas que já trabalhamos com uma hipótese mais provável. Mas vale ver mais detalhes, em texto que Nelson de Sá, publicou na parecem a Folha de S. Paulo, no último domingo (29JAN2012)
Um estudo da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, levantou que um leitor de jornal em papel retém mais que um leitor on-line. Intitulado "Medium Matters" -"questões de meio" em uma tradução mais literal ou, em trocadilho, "o meio importa"-, é uma análise sobre o "engajamento com jornais" nos dias de hoje.
Em suma, diz o estudo, "os leitores on-line tendem a escanear os textos, enquanto os leitores de impresso tendem a ser mais metódicos". Mais especificamente, o leitor do "New York Times" impresso recorda em média "significativamente mais notícias" (9,6) que o leitor do site do jornal (7,3). Ele também relembra "significativamente mais tópicos" (4,2) que o leitor on-line (2,8). Por tópico, o levantamento entende a essência de cada texto.
Também quanto aos pontos principais -ou seja, os trechos importantes distribuídos ao longo do texto- o leitor do jornal impresso recorda mais (4) que a pessoa que lê na mídia on-line (2,8). O único empate na comparação entre papel e site acontece na lembrança de títulos, mais superficial.
A pesquisa registrou o comportamento de 45 estudantes da própria universidade, na grande maioria (77%) habituados a obter suas notícias via internet. Eles foram divididos em dois grupos, para a leitura monitorada das versões em papel e on-line do "New York Times".
Arthur Santana, um dos três autores da pesquisa e que foi repórter e editor do "Washington Post", avisa que os resultados em nada alteram "o que está ocorrendo com os jornais, ao menos neste país [EUA], onde prosseguem em declínio gradual". O pesquisador não acredita que esses resultados sejam indicação de que "os jornais ainda têm uma função útil e necessária". Santana afirma, entretanto, que "é importante", inclusive para os próprios jornalistas, "saber e compreender".
Consumidora de San Francisco compra exemplares do "New York Times"; leitor do impresso recorda mais que o da web
CONCENTRAÇÃO A principal explicação para a diferença na retenção seria que um site não apresenta as notícias com a gradação de importância que o papel apresenta. Não dá tantas "indicações de ênfase" ao leitor e, assim, acaba por não cumprir a "função de estabelecer agenda", característica histórica dos jornais impressos.
O levantamento da Universidade de Oregon também "demonstra que o desenvolvimento de formas dinâmicas [de edição nos sites] teve pouco efeito" no sentido de melhorar a retenção. Arthur Santana lembra Nicholas Carr, autor de "The Shallows" -"os rasos", obra traduzida no Brasil como "A Geração Artificial" (editora Agir). O livro questiona os efeitos da internet sobre a capacidade de "concentração e contemplação". Para o pesquisador, as próprias pessoas hoje se condicionam a ler "apressadamente, dispersamente, desengajadamente", seja como for.
COEXISTÊNCIA Para Jack Shafer, crítico de mídia da agência de notícias Reuters, "embora o número de leitores testado seja pequeno, o estudo confirma meu viés de que o impresso é superior". Shafer passou um ano sem ler a versão impressa do "New York Times", acreditando que não era mais necessário, pois o site já se mostrava superior. Voltou a assinar quando começou a sentir "falta das notícias". Ele diz que gastava horas no site, mas "não lembrava", pois a leitura on-line "havia afetado minha capacidade de retenção".
Apesar de ter recuado ao experimentar ficar sem ler no papel, Shafer diz não ser "nenhum ludita", referência ao movimento que reagiu às máquinas nas fábricas têxteis inglesas, no século 19, durante a Revolução Industrial. "Você não pode pesquisar em papel e você só tem acesso a um punhado de edições de fora da cidade, no dia em que são publicadas; portanto, fico contente que os dois meios coexistam."

5 comentários:

  1. Meu amigo Chassot,

    parece que o velho McLuhan tinha razão "The Medium is the Message". De certa forma, a gente percebe isso no cotidiano. Tenho colegas que, quando recebem um texto virtual para ler, correm antes à impressora. Não tenho dúvidas de que haverá a coexistência dos dois meios por muito tempo.

    Um abraço, Garin

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  2. Caro Attico,

    desconhecia a perda de um dia de fevereiro por capricho de um imperador romano.

    Como amante de livros, é fácil notar como a leitura em papel se faz mais consistente que a leitura virtual. Já ouvi um comentário que uma delas é centrípeta, enquanto a outra centrífuga; recordas?

    Abraços,

    PAULO MARCELO

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  3. Caro Chassot,
    Como sou leitor "papelista" já que tudo que supostamente sei e que estrutura o arcabouço de meus conhecimentos vem dos livros, estou inclinado a concordar que a mídia eletrônica é uma espécie de sinopse a qual recorremos para ter acesso instantâneo a informações superficiais. Também concordo com Shafer, os dois meios devem coexistir e são complementares. Abraços, JAIR.

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  4. Muito estimado Paulo Marcelo,
    nunca havia visto esta divisão. Parece-me bem posta a metáfora: Suporte papel: centrípeta e suporte eletrônico: centrífuga.
    Obrigado por adensares esta blogada
    attico chassot

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  5. Caro Chassot,
    Aprecio uma boa leitura e sou uma defensora dos livros tradicionais. Para mim, nada supera o prazer de deitar-me no sofá e ler um bom livro. Porém, os livros virtuais também podem ser interessantes, desde que sejam usados apenas como suporte e não como único meio de leitura!
    Abraços, Lílian.

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