Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2019
Hoje, como no sábado passado, a blogada sabática vem do Chile. Mas a
situação é antípoda de então. Dia 4 trouxe um assunto asqueroso: ASCENSÃO /
GLÓRIA / DERROCADA DE KARADIMA — O SENHOR DOS INFERNOS se apresentou um pouco
acerca da hipocrisia de um sacerdote chilenos que por mais de 20 anos abusou
sexualmente das mesmas pessoas das quais se intitulava ‘diretor espiritual’ a
partir de uma análise do livro Los secretos del imperio Karadima: la
investigatión definitiva sobre el escándalo que remecio a la iglesia chilena. Permito-me recomendar àqueles que não conheceram
aquela edição que a visitem, pois temos o temos o dever moral
de disseminar escândalos como esses, para alertar aos pais que acautelem seus
filhos de falsos pastores, que na verdade são lobos travestidos com peles de
ovelha.
Mas anunciei que o assunto de hoje é antípoda. Vamos falar de um dos
ícones da literatura latino-americana. Hoje é um sábado de poetar, pois o livro
que se faz dica sabática é
NERUDA, Pablo. Discursos y recuerdos del Premio Nobel de
Literatura de 1971. Santiago do Chile: Fundación Pablo Neruda, 54p. 215 x 145
mm. 2011, ISBN 978-956-7822-04-1
Pablo Neruda (Parral, 12 de julho de
1904 — Santiago, 23 de setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos
mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na
Espanha (1934 — 1938) e no México. Morreu 12 dias depois do Golpe.
Foi o segundo chileno a receber o Nobel de Literatura. Em 1945 foi
agraciada Gabriela Mistral, pseudónimo escolhido de Lucila de María del
Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (Vicuña, 7 de abril de 1889 — Nova Iorque, 10
de janeiro de 1957), foi uma poetisa, educadora, diplomata que serviu,
inclusive no Brasil, e feminista chilena. Oportunamente devo fazer uma edição acerca
da mesma.
Neste ultimo dezembro foi
celebrado o quadragésimo aniversário da outorga a Pablo Neruda do Prêmio de
Literatura. A esta efeméride se publicou este livro que reúne três discursos e
mais um excerto de seu livro de
memórias ‘Confieso que he vivido’.
O primeiro dos discursos ‘La presencia invisible’ é aquele que Neruda
pronuncia em Estocolmo, em nome dos seis laureados de 1971. O segundo ‘La poesia no habrá cantado en vano’ pronunciado quando
o poeta recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. O terceiro ‘El resplendor de
Chile me ha seguido, me ha envuelto, me ha rodeado...’ pronunciado em dezembro
de 1972, quando ano depois de laureado retorna pela primeira vez ao Chile e é
homenageado em uma grande manifestação no Estádio Nacional. Cada uma destas
peças sumarentas mereceria uma resenha.
Na primeira, pronunciada em 10 de dezembro de 1971, o poeta fala em nome
de Denis Gabor, de Física; Gerhard
Hezberg, de Química; Earl Wilbur Sutherland, de Medicina; Simon Kusnetz de
Economia e Willy Brand, da Paz. “Venimos de
muy lechos, de fuera o de adentro de nosotros mismos, de idiomas contrapuestos,
de países que se aman. Aquí nos encontramos, en este punto, en esta noche
central del mundo, y llegamos de la química, de los microscopios, de la
cibernética, del algebra, de los barómetros, de la poesía, para reunirnos.
Venimos de la obscuridad de nuestros laboratorios a enfrentarnos con una luz
que nos honra y que, por un momento, nos enceguece. Para nosotros, laureado, se
trata de una alegría y de una agonía.”
Por este parágrafo inicial, é possível prever o texto de apenas uma página,
no qual o Poeta volta às ruas de sua infância. É lindo.
A segunda fala na Suécia abre assim: “Mi discurso será uma larga travessia,
un viaje mío por regiones lejanas y antípodas, no por eso menos semejantes al
paisaje y a las soledades del norte. Hablo
de el extremo sur de mi país. Tanto y tanto nos alejamos los chilenos hasta
tocar nuestros límites del Polo Sur, que nos parecemos a la geografía de
Suecia, que roza con su cabeza al norte nevado del planeta.”
Então, por dez páginas Neruda narra uma dramática travessia dos Andes
que teve que fazer a cavalo, com um grupo de fugitivos. Esta epopeia se
encontra em alguns textos na Web. http://www.abacq.net/imagineria/discur1.htm e http://www.poeticas.com.ar/Directorio/Poetas_miembros/Pablo_Neruda.html
O terceiro discurso também de 10 páginas, feito um ano depois, em 5 de
dezembro de 1972, é fala de um militante do Partido Comunista — cujos bens
foram legados em testamento ao PC, que com veemência brada contra os sintomas
de golpe — que se concretizará nove meses depois, que termina com a morte de Alliende e assunção do ditador Pinochet.
Há um quarto texto, de quase 12 páginas, que foram aditadas aos três discursos e extraído de seu livro de memórias, onde o Poeta conta os mais de dez anos de esperas (e falsos anúncios) do Nobel. É outra preciosidade do livro.
Há um quarto texto, de quase 12 páginas, que foram aditadas aos três discursos e extraído de seu livro de memórias, onde o Poeta conta os mais de dez anos de esperas (e falsos anúncios) do Nobel. É outra preciosidade do livro.
Recebi este
livro com muito carinho da Gelsa, no último dia 18 de janeiro, na memorável
visita a la Chascona (a Descabelada) em Santiago. Esta é uma das três
casas-museu que ajudam a perpetuar a memória do poeta muito querido dos
chilenos. As outras duas são em Valparaiso (La Sebastiana) e em Isla Negra.
Em la Chascona Pablo Neruda viveu uma linda história
com Matilde, a descabelada. Primeiro ela
foi sua grande paixão escondida para quem constrói a casa e depois a esposa
muito querida, que se tornou a viúva do Poeta, que cuidou de mostrar ao mundo o
quanto o golpe destruiu de livros em La Chascona, convidando embaixadores para
o velório na casa em que os vândalos fizeram destruições.
Trago para encerrar esta dica sabática um poema do
poeta a sua amada. É minha homenagem a um intelectual que o livro aqui
comentado me fez admirar. O poema também é uma maneira lírica de desejar a cada
uma e cada um o melhor fim de semana.
Caro Chassot,
ResponderExcluirEstou em falta com Neruda, dele só li "Confesso que vivi" e nada mais. De modo que tua dica de leituta veio a calhar. Abraços, JAIR.
Amigo Chassot,
ResponderExcluirfui um dos fiz coro por essa postagem de hoje: valeu a pena esperar porque escolheste um texto (ou textos) que sintetizam bastante do que foi esse autor que encantou e encanta nossa alma com sua obra. Muito obrigado!
Um abraço,
Garin
Caro Attico,
ResponderExcluirassim como o Norberto, fiz coro para a escrita dessa blogada. Neruda foi (e é) um dos poetas mais contemporâneos de seu e de nosso tempo.
Não ficou imune ao mundo e seus dilemas, mas esteve com ele e o revelou em seus poemas. "Espanha no coração" nos leva ao cenário da guerra civil espanhola, escrito nos fronts de combate e carregado em sacos pelos soldados. O poeta não se negou a denunciar os problemas inseridos em seu e nosso mundo.
Neruda ainda nos traz o lirismo do amor simples, intimista.
Obrigado por essa postagem.
Abraços,
PAULO MARCELO
Meus caros Paulo Marcelo e Norberto,
ResponderExcluirquando preparei esta blogada realmente estava atendo à proposta de vocês dois.
Valeu a sugestão e eu gostei da produção,
Com agradecimentos pelos comentários de vocês e pela parceria na produção deste blogue
attico chassot