Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2031
Para alguns começa hoje —
dia que sucede à Quarta-feira de Cinzas — o mundo real. Já disse, mais de uma
vez, que não defendo esta tese. Mas agora, depois de muitos dias, não posso
mais esposar a tese: “Sou senhor de meu tempo!”. Agora tenho agenda para
cumprir — não que esse janeiro e fevereiro fossem apenas dias de dolentes
vagabundeares. Assim, hoje e a amanhã estou no Centro Universitário Metodista
do IPA, participando do Seminário Pedagógico preparatório ao semestre 2012/1,
quando inicio meu 52º ano letivo.
O ritual de transição
marcado pelo hemi-feriado de ontem, não foi trivial. Começou muito bem, pois
acordar na madrugada com chuva farta e saber que ela aguava o solo crestado em
todo o Rio Grande do Sul foi muito bom. Mas faltar energia elétrica por mais de
quatro horas, a partir das 6h foi complicado. Mas pior viria depois,
restabelecida a energia elétrica e com ela a internet, esta foi inicialmente
intermitente e, a partir das 11h, com milhares de consumidores fico sem
internet, telefone e televisão. Foi complicado. Mesmo que a promessa fosse para
as 18h, só tivemos o restabelecimento dos serviços um tempo depois.
Como dentre as 13 oficinas do Seminário Pedagógico escolhi: “Redes sociais plugadas na Educação" trago alguns comentários de um livro que ainda não li. Devo dizer que já está na minha lista de próximas, pois mesmo que possa parecer na direção oposta de algumas ideias que defendo, devo concordar.
Li matéria da jornalista Elisângela Roxo, na Folha de
S. Paulo de 17FEV2012 onde ela mostra que o jornalista estadunidense Nicholas Carr [FOTO] acredita que a
internet não estimula a inteligência de ninguém. Ele fez um apanhado teórico
sobre a superficialidade que a web provoca no livro "A Geração Superficial - o que a internet está fazendo com os nossos
cérebros", lançado agora no Brasil pela Agir.
Antecipo, mesmo trazendo
algumas teses catastrofistas e assumindo postura radicais, não considero Carr
um ludita. Luddismo foi o movimento centrado nas reclamações contras as
máquinas criadas após a Revolução Industrial para poupar a mão-de-obra. Mas foi
em 1811, na Inglaterra, que o estopim estourou e surgiu o movimento ludita,
também chamado de Ludismo, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de
Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos
seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas,
por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo,
contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os luditas ficaram lembrados como
"os quebradores de máquinas". O
escritor não se considera um "apocalíptico", como é descrito por
colegas.
Na obra, Carr explica
descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro humano e teoriza sobre
a influência da internet sobre nossa forma de pensar. Graças a este livro, o
autor se tornou referência quando o assunto é oposição aos avanços e às
possibilidades criadas pela internet.
Para ele, a rede torna o
raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus
usuários. Ainda mais: Carr afirma que há empresas obtendo lucro com a recente
fragilidade da nossa atenção.
"Quanto mais tempo
passamos on-line e quanto mais rápido passamos de uma informação para a outra,
mais dinheiro empresas de internet, como Google e Facebook, fazem",
avalia. "Essas empresas estão no comércio da distração e são experts em
nos manter cada vez mais famintos por informação fragmentada em partes
pequenas. É claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar vantagem da
nossa compulsão por tecnologia."
A crítica de Carr começou
com o artigo "O Google Está nos Deixando Mais Burros?", publicado em
2008 na revista "The Atlantic Review". A repercussão foi tamanha que
a história virou livro. No ano passado, a obra figurou entre as mais vendidas
nos EUA e foi finalista da categoria de não ficção do Prêmio Pulitzer, o
"Oscar literário". O livro foi traduzido para mais de 20 línguas.
Segundo Carr, a internet,
com seu alcance ilimitado, pode ser uma ameaça às fronteiras culturais. "Nosso
uso de tecnologia é influenciado por normas sociais e culturais. Mas, a longo
prazo, a tecnologia tende a homogeneizar tudo. Ela já começa a apagar as
diferenças culturais e estimula um uso padrão em todo o lugar", ressalta
Carr. "Acho que, ultimamente, a internet é usada de forma igual, com
efeitos semelhantes, independentemente do lugar e da cultura."
Para tentar recuperar o
raciocínio perdido, o próprio jornalista resolveu se desconectar um pouco. Fechou
suas contas no Facebook e no Twitter e mantém apenas a atualização de um blog
pessoal. Carr afirma não ter interesse em voltar para nenhuma das duas redes
sociais. Ele as considera fontes de "limitação do pensamento".
Apesar disso, o autor aderiu recentemente à nova rede social do Google,
o Google+, que diz ter achado "muita chata". "Entrei porque
escrevo sobre tecnologia e quero entender esse serviço. Apesar de não ser tão
banal quanto o Facebook, espero poder encerrar logo minha conta." Segundo
o autor, por causa deles, as pessoas se tornaram mais dependentes da internet. Eu
senti muito isto ontem "A proliferação de smartphones e iPads
intensificaram os efeitos social e cognitivo que eu descrevi no livro",
ele explica.
CARR, Nicholas. A Geração Superficial: O que a internet está fazendo
com o nosso cérebro.[The shallows- What the internet is doing to our brains] Tradução Mônica Gagliotti Fortunato
Friaça. Rio de Janeiro: Agir. 312 p. R$ 49,90 (há ofertas de menor preço) ISBN: 978-85-220-1005-6
Caro Chassot,
ResponderExcluirAssunto de grande interesse e que todos devemos prestar muita atenção. Há muito tempo escrevi: "A internet tem a largura do Universo e a profundidade de uma folha de papel" para resumir aquilo que chamei de "cultura instantânea", que é a procura rápida no Google e o esquecimento imediato do que se leu. Abraços e parabéns pela blogada, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluirBom dia! Um livro bastante interessante que já estava marcado como um dos a serem lidos um futuro próximo. Ressalto também uma outra obra, que li há algum tempo, a qual trata de aspectos ligados à internet também. Chama-se "O Culto do Amador", de Andrew Keen. No meu blog fiz uma descrição dos principais aspectos que julguei interessante na obra quando a li.
http://shleal.blogspot.com/2011/06/livro-23.html
Grande abraço!
Caro Chassot,
ResponderExcluirimagino que esse livro deve ajudar a todos nós sobre a reflexão que necessitamos fazer sobre o uso e o abuso da internet. Entretanto, sempre haverá formas de sermos 'sujeitos' e não apenas vítimas das novas TICs. O assunto é polêmico e merece aprofundamento.
Um abraço,
Garin
Meu caro Sérgio,
ResponderExcluirbem lembrado o livro do Keen. Ele é muito mais ludita que o Carr. Este, diferente daquele que é um ‘demolidor’, tem o propósito de tornar as pessoas mais conscientes sobre a influência da tecnologia, pois segundo Carr “a imersão na mídia digital nos tira a oportunidade de sermos contemplativos, reflexivos e introspectivos." Devo dizer que concordo com esta postura.
Obrigado por recordares aqui “O culto do amador’ que nos leva a refletir acerca destas novas realidades onde somos todos neófitos e despreparados.
Estudar é preciso
attico chassot
Olá Mestre!
ResponderExcluirInício de ano letivo e sou novamente cobrada a utilizar a internet como ferramenta de ensino com minhas crianças. Bom, percebo que nesta idade eles não estão amadurecidas para compreender o funcionamento desta rede. E é tudo tão auto-explicativo nela, que explorar nosso universo através dele mesmo me parece alternativa mais saudável.
abraços!