Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2015
Na última
quarta-feira, dia 01 de fevereiro, comentava-se aqui que pesquisa como estas
duas: “Estudo de universidade dos EUA diz que o meio é um
importante indicador para a retenção de dados após a leitura” e “Grupo
leitor do 'NYT' no papel recordou mais notícias, tópicos e trechos dos textos
do que quem o leu no site”, parecem quase desnecessárias, pois o senso
comum faria prever os resultados. Mais detalhes foram trazidos então com texto
que Nelson de Sá publicou na Folha de S. Paulo, em 29JAN2012.
Comentários então aditados aquela postagem
destacavam as preferências pela leitura em suporte papel, mas que se devia
estar atento à convivência aos sois tipos de suportes. Dentre os leitores,
parece que ninguém desejaria abandonar radicalmente o suporte papel tanto para
livros como para jornais. Nesta discussão quase esquecemos nos credos
ambientalistas e não poupamos árvores para fazer papel.
Paulo Marcelo Pontes, atento leitor desde
Olinda evocou uma metáfora para as duas modalidades de suporte. Ela me parece
muito bem posta: Suporte papel: atenção
(=retenção) centrípeta e suporte
eletrônico: centrífuga. A leitura
digital oferece o divagar, o fugir do assunto.
Pois hoje, expando o
assunto com matéria do mesmo articulista da Folha que relata pesquisas que
apontam que na publicidade efeito
semelhante.
Um segundo estudo dos
autores de "Medium Matters", intitulado "Advertising
Affinities" -"afinidades de publicidade"-, obteve resultados
semelhantes quanto à retenção. O leitor do impresso recorda, em média, 1,3
anúncio publicitário, enquanto a pessoa que lê a publicidade on-line recorda
0,7.
Segundo
Arthur Santana, um dos pesquisadores da Universidade de Oregon, um motivo é que
os anúncios impressos "são estáticos, não mudam, enquanto no on-line têm
natureza efêmera".
O
mesmo grupo de pesquisadores se prepara agora para estender o estudo a tablets
e smartphones, "especificamente iPad e iPhone, porque todo mundo parece
ter um".
Questionado,
Santana arrisca que, "em linha com a pesquisa, minha teoria seria que as
pessoas que leem suas notícias via iPad e iPhone têm a mesma taxa de retenção
dos que leem num laptop ou num desktop".
Em
outras palavras, "a imprensa deve continuar sendo um meio melhor de
receber e lembrar das notícias".
Eugênio
Bucci, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP e autor de "Sobre
Ética e Imprensa", diz que "internet e tablet são completamente
diferentes".
Para
ele, "o tablet substitui o caminhão de entrega", ou seja, muda só a
forma de distribuir. "É evidente que quem trabalha em jornal não trabalha
na indústria gráfica, mas na produção de conteúdo."
Por
sua própria experiência e também pela convivência com os alunos de jornalismo
na USP, avalia que o tablet "está cada vez mais perto da leitura em papel
e tem uma retenção e uma credibilidade equivalentes", no caso dos
aplicativos de jornal.
Lembra
que "o hardware ainda está na pré-história", devendo se aproximar
mais e mais do ritual do papel.
Um muito bom assunto para
pensarmos, pois já vemos discussões agora envolvendo diferenças de retenção em função
do tipo de suporte eletrônico. Nada melhor que desejar uma muito boa terça-feira
a cada uma e cada um e já pensar em assunto para a blogada nossa de cada dia.
Caro Attico,
ResponderExcluiré realmente uma boa discussão esta que levantas - já que refere-se à transmissão de informações pelos meios existentes e a sua perpetuação.
Creio que tem menos a ver com o aparelho eletrônico em si do que com a fluidez que as informações são obtidas na internet - uma informação leva a buscar outra, através de links e mais links. Por várias vezes me peguei aqui perguntando-me o que eu tinha pesquisado inicialmente. Já o papel é estático, não permite que fujamos do conteúdo ali exposto.
Creio que a questão da atenção vá por esse foco.
Abraços,
Paulo Marcelo
Caro Chassot,
ResponderExcluirVou me ater apenas ao suportes: papel e eletrônico. Em que pese o suporte papel sacrificar árvores para permitir nosso deleite ou aquisição de cultura, lembremos que GRANDE, na verdade a esmagadora maioria das árvores usadas para confecção de papel, são PLANTADAS para esse fim. Então, não há diminuição das reservas florestais por cauda de nossos livros, pelo contrário, o que existe é um AUMENTO das áreas florestadas para atender a indústria gráfica. Fico com os livros e não abro, ou melhor, abro tantos livros quanto meu vício de leitura me obrigar. Abraços, JAIR.
Prezado Chassot,
ResponderExcluirrealmente este é um debate muito pertinente. Entretanto, nada mais emocionante do que folhear um livro, sentir seu cheiro. Acredito que o estático é próprio do livro, pois esse nos prende a atenção e assim focamos na leitura.
Um abraço cordial!
Dirceu Aparecido Borges
Meu caro Dirceu,
ResponderExcluircujo nome sugiro Reaparecido.
Sempre é bom celebrar teu retorno.
Irmano-me a tua tese acerca do livro e revista em suporte papel, ainda mais confortado pelo Jair, que absolve culpas mostrando que os livros são feitos de árvores plantadas para produzir celulose para a produção de papel.
Uma vez mais festejo teu retorno com alegria
attico chassot
Amigo Chassot,
ResponderExcluircreio que o que nos faz mais dispersos no suporte digital é a interatividade sempre possível.
Um abraço.