Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br
*** Edição 2037
Quando esta edição circular, não fará muito que voltei de uma tríplice jornada.
Primeiro a palestra: “Que é Ciência,
afinal?” para calouros da UFCSPA. Muito bom receber uma acolhida muito
emocionante de meus colegas professoras e professores que prestigiaram minha
fala e também foi muito significativo entusiasmar estudantes que estão começando
a carreira acadêmica. Sai com um tema de casa: O que determina ser curioso?
Depois fui ao Centro Universitário Metodista do IPA, onde houve
surpresas em dois tempos: primeiro um maduro grupo de alunas de Educação Física
e depois um grupo de biólogos que foram meus alunos de Conhecimento, Linguagem
e Ação Comunicativa no semestre passado e agora fazem Historia e Filosofia da
Ciência. Estou me sentido desafiado com estas turmas e com aquela que tenho nas
manhãs de segundas-feiras.Este blogue, que em julho completará seis anos, já tem a sua segunda edição em 29 de fevereiro. Em 2008, apenas mencionei a situação. Nesta edição, ‘celebro’ com meus leitores este evento, até porque no preparo desta edição amealhei informações que parecem merecer partilhas.
Pois, este nosso 2012, que já tem um sexto vencido é ano bissexto. Em
nosso calendário solar, chamado gregoriano, os anos comuns têm 365 dias e este
tem 366.
Dois outros calendários que nos
são mais próximos (o judaico e o islâmico) usam o calendário lunar. Vale dizer
que são mais exóticos que nosso ano gregoriano.
Assim no calendário judaico
hoje é 06 de Adar de 5772. No ano lunar de
12 meses
(alguns têm 13 meses) este têm alternadamente 29 ou 30 dias. A duração média de um mês hebreu
é de 29.530594 dias, muito próximo ao mês
sinódico (entre duas luas novas). Os anos são classificados
como comuns (normais, de 353,
354 ou 355 dias) ou embolísticos (longos, de 383, 384, 385).
Pelo
calendário islâmico ou calendário hegírico estamos no ano 1433. O calendário
islâmico é um calendário lunar composto por doze meses de 29 ou 30 dias com um
total de cerca de 354 dias. A contagem do tempo deste calendário começa com a
Hégira — a fuga de Maomé de Meca para Medina, em 16 de julho de 622. O mês
começa quando o crescente lunar aparece pela primeira vez após o pôr-do-sol. O
ano tem cerca de 11 dias a menos que o calendário solar.
Este
calendário não corrige o detalhe de o ano lunar não corresponder ao ano solar.
Deste modo, os meses islâmicos retrocedem a cada ano que passa; eles mudam em
relação ao calendário gregoriano. Uma vez que o calendário islâmico é cerca de
11 dias mais curto que o calendário solar, os feriados muçulmanos acabam por
circular por todas as estações.
Mas
voltemos ao ‘nosso’: o gregoriano. Temos 12 meses com dias variáveis (28, 30,
31 e, de 4 em 4 anos: 29) totalizando 365 ou 366. Mas a Terra demora aproximadamente
365,2422 dias solares (1 ano trópico) para dar uma volta completa ao redor do
Sol, enquanto o ano-calendário comum (por convenção) tem 365 dias solares.
Sobram, portanto, aproximadamente 5h48m46 (0,2422 dia) a cada ano trópico. As
horas excedentes são somadas e adicionadas ao calendário na forma inteira de um
dia (4 x 6h = 1 dia). Por isso, a cada quatro anos, temos os anos bissextos são
anos com um dia a mais, tendo, portanto 366 dias. O dia extra é introduzido
como o dia 29 de fevereiro, mas rigorosamente o dia aditado (que faz a
correção) e o dia 24. O assunto pode ser, frutuosamente, aproveitado em uma
aula de matemática,
Como a sobra de cada ano não é exatamente 6 horas há regras introduzidas
para reduzir ainda mais o erro no calendário:
1- Todo ano divisível por 4 é bissexto. 2- Todo ano divisível por 100
não é ano bissexto. 3- Se o ano for também divisível por 400 é ano bissexto; o ano
2000 foi o primeiro a usar esta terceira regra.
Alguém poderia
perguntar-se porque exercer este complicado ajuste:
Como um calendário fixo de 365 dias apresenta um erro de aproximadamente
6 horas por ano, equivalente a 1 dia a cada quatro anos ou 1 mês a cada 120
anos. Um erro como esse tem sérias implicações nas sociedades, principalmente
nas atividades que dependem de um conhecimento preciso das estações do ano,
como a agricultura.
Para encerrar: etimologia de o
nome bissexto corresponder ao ano com 366 dias por terminar com um bis sextus
(bis seis) parece discutível. Mas vale lembrar o sentido figurado de bissexto
por derivação (recente, pois datado de 1946) para o adjetivo ou substantivo: 1) que ou aquele que exerce ou
pratica certa atividade com pouca frequência, eventualmente; 2) que ou aquele que escreve ou publica
seus escritos literários apenas escassa e ocasionalmente. Por exemplo: poeta bissexto.
Vale
curtir este dia ‘extra’, que amanhã será março, dedicado a Marte, o deus da
Guerra.
Caro Chassot,
ResponderExcluirmais uma vez enriqueces nossos conhecimentos acerca dos calendários. Obrigado por mais este esclarecimento.
Abraços,
PAULO MARCELO
THAIZA MONTINE de Goiânia escreveu:
ResponderExcluirBom dia, Professor.
Estava me atualizando acerca das leituras do blog do senhor e, ao comentar, ou tentar faze-lo,nao consegui encontrar o espaço para isso.
Estranho, pois nunca tive dificuldades em relaçao a isso...O senhor alterou o layout?!
Bom, de qualquer forma, digo que as citaçoes sobre Feyerabend e Sagan, me deram saudades das aulas de Epistemologia! hehehe!
Engraçado, pois tenho este livro do Sagan que o senhor cita, e essa semana mesmo o estava relendo!Rsss!
Ja quanto ao ano bissexto, mitologias e crendices a parte...e um ano que me incomoda um bocado. Vai entender!
Um mol de abraços, Mestre!
Saudades...
p.s.: nos reencontraremos no ENEQ deste ano?!
=]
Thaiza Montine
Muita querida Thaiza,
ResponderExcluirvez ou outra a web nos que passar atestado de incapacidade. Aditei teu comentário como ‘anônimo assinado’ para ter registradas tuas oportunas considerações.
Sim, em julho já esta na minha agenda comermos juntos acarajé em Salvador
UM bom 29FEV que o próximo só depois da badalada Copa.
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirMais uma aula magna sobre calendários e suas particularidades. Grande postagem! Abraços, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluiruma bela aula sobre calendários. Novas especulações a respeito da superação dessa diferença de mais ou menos seis horas/ano está em discussão. De repente vamos te um novo calendário.
Um abraço,
Garin